Friday, January 28, 2022

A rua e os deficientes visuais

 

Para um cidadão portador de deficiência visual, o simples ato de sair á rua torna-se por vezes uma dura jornada.

 

São muitos os contratempos que se deparam na via pública para quem não vê ou tem baixa visão.

 

Comecemos pela falta de civismo das outras pessoas: muitas vezes os veículos encontram-se estacionados nos passeios. As pessoas só não entram com os seus automóveis pelos  edifícios dentro porque ainda não cabem no bolso. Muitas vezes os deficientes visuais são obrigados a se deslocarem em espaços muito reduzidos ou a seguirem mesmo pela estrada, o que é bastante arriscado.

 

Outra  situação que deriva da falta de civismo das pessoas é o simples ato de se porem a conversar paradas na via pública. É  frequente encontrarmos pessoas paradas nos passeios a conversar sem fazerem ideia do quão prejudicial é essa atitude para quem não vê. Os passeios já são estreitos e, estando todos ocupados, não  há por onde seguir.

 

Ultimamente tem-se vivido a febre das  trotinetes elétricas que são deixadas em qualquer lugar e têm levado a incidentes graves envolvendo deficientes visuais.

 

Por falar em veículos elétricos, estes por vezes são um grande obstáculo á autonomia de cidadãos com deficiência visual. São veículos silenciosos cujo som é por vezes abafado por outros veículos que fazem mais barulho. Pessoas com uma audição menos apurada podem ter sérios problemas com isso.

 

As obras nas cidades são sem sombra de dúvida um dos grandes desafios que os deficientes visuais enfrentam ao sair á rua. nem sempre essas obras estão devidamente sinalizadas e podem causar quedas e outros percalços. Dessas obras muitas vezes resulta a alteração de sítio de paragens de autocarro e outros pontos de referência para deficientes visuais. Sem aviso, ficam completamente perdidos. Ainda relacionado com obras, há sinais que estão traçados no passeio na diagonal. Isso pode originar quedas graves.

 

Esplanadas, ardosias com menus de restaurantes e outras placas informativas são também um problema para deficientes visuais na rua. também portas abertas para fora, embora sejam raros os casos, são igualmente fatores de perigo.

 

Desníveis em passeios e degraus em sítios mais desconhecidos também são um desafio à coragem dos deficientes visuais ao andar na rua.

 

As passadeiras são igualmente fatores de desafio para os deficientes visuais. Muitas estão mal sinalizadas e com piso tátil inadequado. Muitas não possuem semáforos sonoros ou os mesmos encontram-se em condições deficientes, como é o caso de uma passadeira que fica junto aos Correios na Avenida Fernão De Magalhães onde por vezes se está largo tempo á espera que o semáforo mude para verde.

 

As condições climatéricas também limitam a autonomia dos deficientes visuais na rua. o sol pode ferir os olhos e a chuva faz com que os guarda-chuvas sejam autênticas armadilhas, pois as varetas podem-se espetar nos olhos de quem não vê.

 

Nos autocarros a falta de informação sonora das paragens faz com que estejamos sempre a perguntar onde vamos. Este dispositivo não só nos era de extrema utilidade com o era também para turistas ou para pessoas que não conhecem bem a cidade.

 

São estes os obstáculos e contratempos que enfrentamos sempre que saímos à rua.

 

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