Monday, November 30, 2020

A hóspede

 

Poer vezes sonho com cada coisa…

 

Hoje o sonho tem a particularidade de a protagonista ser alguém que não existe na realidade e, ainda mais espantoso, eu procurava uma música que não ouvia há anos. Escusado dizer que a fui procurar no Youtube sem esperanças de ter sucesso. Mas tive.

 

Encontrava-me em viagem para algures. O grupo de pessoas era sempre o mesmo, mas havia uma mulher que não se dava com o restante grupo.

 

Logo no avião, era madrugada alta, enquanto eu procurava a música “Foi O Destino” de nelo Silva, ela dormia profundamente numa posição pouco normal pelo meio das malas todas empilhadas. Como foi possível ela trazer tanta bagagem para cima??

 

Ela tinha A PARTICULARIDADE DE ENVERGAR SEMPRE UM IMACULADO CASACO BRANCO. Era a sua imagem de marca.

 

Nós nem sequer sabíamos se a criatura era portuguesa ou estrangeira. Era uma criatura muito estranha. Nem as refeições fazia connosco.

 

Na última noite das nossas férias, porém, foi anunciado que a hóspede solitária vinha comer connosco. Logo nos entreolhámos. Tínhamos de ter maneiras à mesa e extremo cuidado com as conversas. A criatura podia ser muito chique e preocupar-se com a etiqueta e as formalidades.

 

Foi colocado para ela lugar á mesa. Ao lado estava uma garrafa de litro de uma água mineral. Nós estávamos todos ansiosos para ver como ela se comportava. Ela que sempre comia no quarto, não se misturando com a ralé.

 

Ela desceu envolta no seu confortável casaco branco e sentou-se no lugar que lhe foi destinado.  O silêncio reinava a uma mesa por norma composta de pessoas faladoras.

 

Ficámos abismados quando foi ela a quebrar o silêncio. Descobrimos desde logo que ela era portuguesa e era incrivelmente faladora. Só ela falou nos primeiros minutos da refeição.

 

Fez-nos algumas perguntas. A mais estranha foi se nós alguma vez já tínhamos estado na Lourinhã. Então devia ser dali que ela vinha.

 

Continuou a falar e nós a ouvir enquanto comíamos. Começou a contar a história da sua família que devia ter sangue azul. Nós simplesmente a estávamos a ouvir, apesar de ela, de vez em quando, perguntar se nós conhecíamos alguém de quem ela estava a falar, se sabíamos que aconteceu algum evento em algum lugar  ou o que era algum objeto. Não conhecíamos parte do que ela estava a dizer. Mesmo assim continuava.

 

Ocasionalmente, algum de nós perguntava alguma coisa. Ela respondia com simpatia.

 

É incrível o que o nosso subconsciente vai buscar por vezes para nos surpreender!

 

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