Wednesday, October 26, 2011

Que mau ambiente lá em casa!

Vem uma pessoa farta de trabalhar durante a semana, a pensar que vai descansar para casa e recarregar baterias para nova semana de trabalho e depara-se com o pandemónio que encontrei.

Ainda por cima vim a pé até uma senhora da minha terra me dar boleia até casa. Estava até uma noite agradável para se caminhar. De repente a noite esplêndida transformou-se em noite de pesadelo.

Mal cheguei a casa, verifiquei que o meu pai andava pela rua de um lado para o outro. De semblantes carregados a minha mãe e a minha vizinha estavam em silêncio à porta da sala. As coisas entre a minha mãe e o meu pai estavam péssimas.

O motivo destas discussões bem acesas prende-se com as cabras que o meu pai faz questão em manter mas pouco ou nada faz para cuidar delas, deixando essa tarefa para a minha mãe que trabalha quase de sol a sol sem necessidade nenhuma disso. Custa ouvir o meu pai a acusar a minha mãe de não fazer nada, quando ele, depois da hora do almoço, se estende no sofá da sala a ver todas as novelas que passem na televisão enquanto a minha mãe se arrisca pelas terras e pelos pinhais a apanhar comida para os animais.

Temo que um dia a minha mãe, com baixa visão e diabética, tenha um acidente numa terra ou num pinhal e ninguém saiba sequer onde ela está para a socorrer. O meu pai não compreende que a idade vai avançando e que a capacidade de trabalhar diminui. Cada um com a sua reforma, poderiam viver descansadamente sem sobressaltos. Apenas cultivariam uns produtos hortícolas nos quintais à volta de casa e gozariam a velhice descansados.

Não, o meu pai resolveu agora arranjar trabalho extraordinário à minha mãe e ainda a acusa, no meio de uma torrente de palavrões e insultos do pior que há, de não querer trabalhar.

Para agravar as coisas, dava-me a sensação de o meu pai já estar embriagado. Continuava a andar como louco às voltas pela rua a praguejar bem alto e, inclusive, a insultar quem já morreu. Mas para que é que eu vim para casa? Para me chatear? Para chorar amargamente e me preocupar com a iminência de uma tragédia? Malditas sejam as cabras!

Completamente fora de si, o meu pai ameaçou ir-se embora. A minha mãe fechou os portões todos de casa e tirou as chaves. Pediu à minha vizinha que as guardasse no bolso. Ele procurou-as como um louco. Já de há muito que eu, a minha irmã e até o meu vizinho achamos que o meu pai não anda lá muito bem em termos mentais. Não anda mesmo bom da cabeça. Quando o vi a correr pela casa a procurar as chaves, passou-me pela cabeça chamar os Bombeiros para o deterem e o mandarem directo para a Psiquiatria com um cocktail de calmantes. Às vezes não o podemos aturar. A minha irmã diria no dia seguinte que faria isso se acaso tivesse assistido à lamentável cena da véspera.

Fiquei completamente destroçada com tal recepção. Quando chego a casa, quero que tudo esteja em paz e sossego, não com aquele clima carregado. Mas o que é isto agora? Se as coisas continuarem assim, deixo simplesmente de ir a casa até que tudo acalme.

Não há palavras para descrever a tristeza que sinto com tudo isto. Não há mesmo necessidade nenhuma de isto estar a acontecer.

É muito triste mesmo!

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