Tuesday, February 22, 2011

Desempregada mas bonita

Um dos maiores desafios que me proponho a realizar, e um dos que mais me diverte, é ouvir uma notícia curiosa na rádio e tentar imaginar como seria cá pelo nosso burgo se acaso copiassem a ideia original.

Para hoje trago algo que acontece em França onde as mulheres desempregadas de longa duração têm direito a cuidar da beleza gratuitamente. A finalidade deve ser a boa apresentação das candidatas a um emprego quando são apresentadas a potenciais empregadores.

E se aqui em Portugal se copiasse esta ideia? Como seria? Para começar, nos dias conturbados em termos económicos que estamos a atravessar, tal ideia está completamente fora de hipótese. Segundo alguns rumores, tomara o Estado pagar os subsídios de desemprego a tempo e horas, quanto mais cabeleireiro e esteticista para as mulheres portuguesas.

Depois havia também um certo aproveitamento da situação, como sempre acontece por aqui. Para além de se acomodarem ao subsídio de desemprego e só procurarem trabalho quando o subsídio está prestes a expirar, não faltariam portuguesas a prolongar ainda mais a situação só para receberem benefícios nos cuidados de beleza. Não me admirava nada que isto acontecesse. Há gente por aí que quase anda a pedir mas para pinturas para o cabelo e produtos caros para a pele há dinheiro. Se fosse o Estado a pagar essas extravagâncias, seria ouro sobre azul. Era da maneira também que o parco subsídio de desemprego chegava para mais algum vício que esta beneficiária tivesse.

Quando finalmente a beneficiária do subsídio de desemprego se decidisse a comparecer numa entrevista de emprego, apareceria lá uma autêntica boneca de porcelana, com a cara exageradamente pintada, sem um sinal de rugas e com os cabelos incrivelmente cuidados. Como todas as candidatas apareceriam bem produzidas na entrevista, o responsável pelo recrutamento de novos funcionários teria uma enorme dificuldade em escolher. Quase parecia o concurso da Miss Portugal ou o casting de uma agência de modelos.

Ah, já sei onde gastariam as portuguesas o dinheiro que iriam ter a mais por já não gastarem na beleza. Comprariam roupas chiques e acessórios a condizer. Aí estariam perfeitas quando fossem chamadas a uma entrevista de emprego.

Para já não se pensa em importar a ideia do Instituto de Emprego e Formação Profissional de frança para Portugal. Seria um desastre se isso um dia acontecesse. Para além de arrombar de vez com o frágil orçamento do Estado, ainda causaria grandes transtornos. Um dos mais visíveis seria talvez o número de casos de assédio sexual nas empresas e a falência de muitas porque os patrões andariam a pensar noutras coisas que não os negócios.

Estamos em Portugal.

No comments: