Tuesday, February 01, 2011

Loucura de sonho

Esta e uma extensa aventura cheia de peripécias, situações cómicas, estranhas e românticas. Viajemos então ao submundo dos atalhos oníricos e vejamos o que encontramos desta vez.

Tudo começa num quarto que tanto pode ser de hospital como de hotel. Mais parecia um quarto de hotel, verdade seja dita. Estava ali com uma colega minha. Arrumava as coisas para ainda nesse dia viajar até minha casa.

A televisão desse quarto tinha uma má captação de som e imagem mas sempre deu para perceber que no final dessa tarde iria dar um jogo do campeonato…argentino. Seria uma boa oportunidade para ver em acção novos Maradonas. Parece que o original também ainda jogava. Só mesmo em sonhos. Admiro-me de Maradona ainda jogar nos meus sonhos? Pois bem, isto é só o primeiro disparate num sonho que é um chorrilho deles do início ao fim.

Desde quando é que eu também preciso de ir para a taberna de um estabelecimento comercial da minha terra para ver Futebol? Nunca fiz isso e já lá não passo há mais de um ano, desde o tempo em que fazia as longas caminhadas no Verão. De facto passava lá e via gente à porta.

Quando no meu sonho cheguei ao estabelecimento da minha terra, as portas castanhas de madeira estavam ambas fechadas. Estava um belo final de tarde com o Sol dourado a incidir sobre as ruas e os edifícios. Havia um velho sentado sozinho à porta. Eu sentei-me nos degraus de uma casa que fica na realidade do outro lado da estrada. A representação onírica daquela rua e dos edifícios era quase fiel à realidade.

Por incrível que pareça, quando as portas abriram foi quando eu me fui embora. Outro tremendo disparate só mesmo possível em sonhos. Esperar longamente pela abertura da loja e depois ela abrir e eu ir-me embora é assim um pouco…descabido.

Estava já a anoitecer e eu pus-me a andar pela ladeira abaixo. As luzes laranja já estavam acesas. A minha intenção era seguir o caminho normal mas o sonho transformou-se numa espécie de sonho lúcido. Pelo menos eu decidia o que fazer e controlava o seu desenvolvimento.

Resolvi então ir por atalhos para fazer um pouco mais de caminhada. Também ainda não estava completamente escuro mas para lá caminhava. A sensação causava-me arrepios por não haver luz mas, ao mesmo tempo, havia um certo prazer no medo que alegadamente sentia. Era estranho.

Pensando estar tudo controlado, aventurei-me a cortar no primeiro desvio que via. Tinha a sensação de já por ali ter andado. Em sonhos anteriores não duvido. Sempre sonho com estas loucas aventuras. Nessa altura já devia ter a companhia de um velhote da minha terra que é conhecido por abusar do vinho. Não sei se ele já me acompanhava quando percorria as cortadas ou se me acompanhou depois. Não sei ao certo em que altura do sonho não fiquei sozinha.

Tudo isto me fez ir dar a uma estrada onde a primeira coisa que vi foram três edifícios. Eram duas casas daquelas típicas dos países onde cai imensa neve, com o telhado triangular e no meio um enorme edifício cinzento com imensos andares. Destoava ali no meio das casinhas. Ainda não era totalmente escuro e também ali havia iluminação pública de cor laranja.

Do outro lado da rua não havia casas, apenas um campo onde nos sentámos. Eu não conhecia aquele local. Fiquei até admirada de termos vindo ali parar. De repente até parecia um outro país. Como estávamos sós e perdidos, eu beijava o homenzinho sentindo a sua barba arranhar o meu rosto. Essa foi boa!

Apesar de não fazer ideia de onde estava, sentia ali uma espécie de felicidade. Não sei explicar. O velho que eu na realidade conheço e que vive na minha terra foi inexplicavelmente substituído a meu lado por um belo jovem que na realidade eu nunca vi. Penso que se chamava Ricardo e eu perguntei-lhe se os outros tinham ido às provas. Pelo menos em sonhos eu conhecia-o.

Ele também não sabia onde estávamos. Eu olhava para aquelas três casas com um ar cada vez mais feliz apesar de agora ser noite cerrada e os candeeiros da iluminação pública nos iluminarem.

Ao contrário do que acontecia comigo, o meu acompanhante ficou aterrorizado por estar perdido e chegou mesmo a comunicar-me que não se estava a sentir bem.

O despertador tocou. Ao contrário de ontem em que interrompeu uma sensação desagradável, desta vez veio-me estragar a felicidade e bem-estar que estranhamente sentia ao estar ali naquele lugar desconhecido.

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