Tuesday, February 01, 2011

Uma tragédia nunca vem só

Tal como na véspera aconteceu, também acordei por volta das quatro da manhã. A diferença foi que nessa altura, ao contrário do dia anterior, já havia algo para registar no caderno onde aponto as incidências oníricas.

Tanto numa ocasião, como na outra os sonhos revestiram-se de algum dramatismo. Senão vejamos:

Na minha terra corria o boato de que eu estava muito mal no hospital. Na verdade tinha-me deslocado lá apenas e só devido a uma inofensiva indisposição.

Depois o disparate foi incrível. Acendia fogos no meu quarto e depois atirava-os pela janela muito depressa. Corria apressadamente os estores para não ver o clarão dos faróis dos carros mas incrivelmente continuava a vê-los. Mesmo com os estores corridos até cima.

Na realidade, de forma inconsciente, quando ouço um carro a passar na rua quando estou na minha terra, tapo os olhos ou fujo depressa para a divisão mais próxima. Desde pequena que assim procedo. Podem-me chamar louca, que eu não me importo. Vivo na cidade e não me importo se passarem por mim mil carros com faróis ligados. Na aldeia já me faz impressão.

Quando voltei a adormecer sonhei que folheava uma revista “Luís Braille” que tirei de um monte delas que se encontrava em cima do móvel onde está a televisão na ACAPO. Na capa dessa revista estava a Rosa- presidente da ACAPO- Centro- fardada a rigor.

Comecei a folhear a publicação e encontrei um artigo que realmente me interessou. O Beira-Mar tinha uma equipa de Goalball. Comecei a ler e a ver as fotos.

Alguns dias depois, durante um evento na ACAPO, ficou-se a saber com alguma consternação e grande tristeza que um dos mais promissores jogadores da equipa tinha morrido subitamente durante o aquecimento para um jogo.
Alguns elementos da ACAPO deslocaram-se de comboio até Aveiro para prestarem condolências aos seus companheiros neste momento de dor.

Parece que o comboio em que seguia a comitiva deficiente visual teve um grave acidente com muitas vítimas mortais. Quatro elementos de uma família de amigos nossos morreram no acidente. Foi um grande choque.

O ambiente tornou-se pesado e triste no bar da ACAPO (uma representação onírica e pouco fiel do mesmo). Debruçada sobre a mesa recordava momentos passados com eles que na realidade aconteceram. Já não é a primeira vez que se dá este fenómeno. Dentro de um sonho relembro acontecimentos que na realidade se passaram. Nesta ocasião relembrava-os em viagens que fizemos e na colónia de férias.

O dia estava mesmo triste em Coimbra. Eu e a minha irmã deslocávamo-nos para Aveiro e íamos apanhar o comboio. A tarde estava incrivelmente triste. Toda a cidade parecia cinzenta e com falta de luminosidade. Havia chuviscos- o que dava a entender que também a cidade se compadecia com a perda dos seus quatro habitantes. Era mesmo um ambiente pesado e sombrio. Um ambiente mortiço.

Para termos acesso à estação havia que saltar um buraco. Já há tempos sonhei com uma situação semelhante mas menos dramática. A minha irmã saltou o precipício facilmente mas eu tinha grande receio de saltar. Olhava aterrada lá para baixo e resmungava pelo facto de as coisas ainda não estarem em ordem. As obras, bem entendido.

Estava na dúvida se havia ou não de saltar quando o despertador acabou com aquele dilema. Dei-me por satisfeita em acordar.

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