Sunday, March 04, 2007

Porque é que estas coisas só me acontecem a mim?

A célebre pergunta foi retirada de uns quaisquer desenhos animados que eu via na infância mas, logo bem cedo, pensei nela naquele dia.

Ainda antes das oito da manhã já estava na paragem do autocarro. Tinha de ser. Na paragem onde se apanhava o autocarro para o percurso inverso, não paravam de passar desses veículos amarelos.Uns a seguir aos outros, os veículos amarelos de grande porte lá iam recolhendo as pessoas ali à espera. Quanto à paragem onde eu me encontrava, nem um autocarro por lá passava.

È sempre assim. Se eu estivesse do outro lado da estrada, na outra paragem, o corrupio de autocarros seria na paragem onde eu me encontro. Gostava imenso de saber porque é que essas coisas acontecem. Será apenas uma sensação psicológica?

Também acontece outro fenómeno proveniente das paragens dos autocarros. Prende-se com o facto de passarem todos os autocarros e mais alguns, menos aquele de que estamos à espera. Se estamos- por outra ocasião- na mesma paragem à espera de outro autocarro, já aparecem dois ou três autocarros que esperávamos no outro dia. É demais!

Quando fui alomoçar- e como são os primeiros dias na Piscina- uma senhora da Associação de Natação de Coimbra costuma-me acompanhar até à paragem. Foi por isso que optei por sair ao meio-dia. Ela não foi de autocarro naquele dia. Foi com outro senhor que nos deu boleia até à Solum. Já não sei a que propósito é que surgiu a conversa, mas a senhora levantou a mesma questão que eu havia levantado algumas horas antes, enquanto esperava desesperadamente que o autocarro chegasse. Porque é que estas coisas só me acontecem a mim?

No entanto ela deu mais exemplos. Ah! Se calhar foi por ter ido ao banco e a fila não andar nada. Foi isso! Ela vinha do banco e indignava-se pelo facto de as outras filas andarem mais depressa do que a onde ela se encontrava.

Depois falou noutro local onde também é frequente termos essa mesma sensação: quando vamos fazer compras a qualquer superfície comercial. Na hora de pagar as compras, escolhemos uma fila onde está menos gente, mas as pessoas que se encontravam na fila mais concorrida despacharam-se primeiro. Já me aconteceu vezes sem conta no Pingo Doce. Alguém com um carrinho enorme de compras para todo o mês coloca tudo em cima do balcão. Eu vou para outra fila onde estão duas ou três pessoas com duas ou três coisas para pagar. O que acontece incrivelmente é que tem sempre de ocorrer algo que atrasa. Ou a caixa avariou, ou a pessoa que estava à minha frente não tinha dinheiro trocado, ou queria algo que não encontrava, ou faltou mesmo o dinheiro na caixa…enfim! Quando olho, já a pessoa com o carrinho das compras desapareceu e está agora a encaixar todos os produtos na pouco espaçosa mala do seu carro. Eu continuo a esperar e a questionar: porque é que essas coisas me acontecem a mim? Para reflectir!

E lá tinha eu de madrugar. Tinha de ser! O frio é que já se faz sentir sem piedade de mim, de me ter de levantar agora mais cedo e estar ali a perder a paciência por causa de um autocarro.

Foi um pouco acidentada a viagem até Celas. O autocarro chegou tarde e ia completamente a abarrotar de gente que se foi acumulando nas paragens. Em dois locais diferentes por onde passámos, duas pessoas meteram-se à estrada de forma arrepiante. As pessoas apanharam dois valentes sustos. Estava dado o mote para toda a gente falar de doenças, acidentes e funerais.

Finalmente cheguei ao meu destino. Fazia-se notar a algazarra dos miúdos da escola. O barulho subiu de tom quando na rua foi avistado Luiz Felipe Scolari a passar com alguns elementos da equipa técnica da Selecção de Todos Nós. Os meninos correram que nem doidos pela rua só para verem o seleccionador nacional bem de perto.

No mesmo local, alguns minutos depois, também passou uma idosa que caminhava toda curvada. Era incrível a forma como ela caminhava por ali. Chegava a meter impressão.

Na escola reinava a animação entre alguns estudantes. A música que ouviam a isso obrigava. Um computador portátil reproduzia a canção do Noddy e de outro saíam os acordes de uma música que a Ágata canta juntamente com o José
Malhoa, cujo título se me varreu da memória.

Divertida fiquei eu depois de saber a ementa para o dia seguinte. Comecei a imaginar se, por acaso, os kazaques comessem na cantina como no Mundial. Era mais barato e acessível a eles. Um dos pratos é que devia ser óptimo para quem tem um jogo para efectuar na noite a seguir. Era rancho. Eles deviam adorar!

Foi ainda com as recordações de quem encontrei na cantina há uns meses atrás que fiz a viagem de regresso à Piscina. A viagem foi também feita de pequenas peripécias. Alguém terá caído lá atrás. Ouviu-se uma certa algazarra. Quando eu ia para sair dei um autêntico murro de forma involuntária a uma senhora.

A tarde foi dedicada a aprender algo mais sobre o funcionamento da Piscina. O preço das entradas e os respectivos códigos mereceram a minha atenção. Também aprendi a registar as escolas que frequentam as instalações.

As selecções nacionais de Portugal e do Kazaquistão tinham de treinar no palco do jogo, por esse motivo não houve treino. Fui até à ACAPO ver a correspondência. Depois fui para casa.

Enquanto esperava pelo início do jogo particular entre Portugal e a Sérvia, ia ouvindo música. A minha mente voava. A vinda dos kazaques a Coimbra avivou as minhas recordações e fez-me percorrer o mundo da fantasia. Enquanto o CD tocava, pensava naquele rapaz que passou por aqui sem que eu fizesse algo para me comunicar com ele. Imaginava tudo aquilo que não fiz e mais ainda. A imagem da tarde de ontem em que eu percorri aquela rua juntou-se com a imagem dele. A minha mente fabricou uma cena imaginária em que eu o guiava por aquelas ruas. Aquelas imagens davam-me uma enorme felicidade.

Por lapso, ou porque talvez a minha mente estivesse noutro lugar, não apontei nada acerca do jogo da Figueira da Foz. Recordo apenas que Portugal venceu a Sérvia e Hugo Almeida fez uma excelente exibição na sua terra natal.

Situação do dia:
O frio apertava no final de tarde. Na Piscina o meu colega ligou um termoventilador. Logo um cheiro a esturro invadiu a recepção. Umas meninas que esperavam pelas suas aulas de Natação reclamaram de uma forma algo cómica.

Bacorada do dia:
“É como a tensão arterial que pode aumentar ou subir.” (Quando a tensão arterial aumenta os maus alimentos são os principais responsáveis, quando a tensão sobe os motivos já são outros.)

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