Sunday, March 04, 2007

Complexidade humana

Como é complexo o Ser Humano! A sua mente é o mistério mais bem guardado que poderá existir em tudo o que faz parte da Natureza. As suas reacções, sentimentos, emoções e comportamentos são estranhos até para ele próprio.

Eu própria desconheço o meu interior e questiono a proveniência dos meus sentimentos mais íntimos. Há dois rapazes à face da Terra (se calhar até há um terceiro, mas apenas me vou concentrar nestes dois) por quem nutro um sentimento muito especial. Perdi ambos, engolidos pela distância que nos separa. Dificilmente irei voltar a ver qualquer um deles. A não ser que aconteça algo de que não estarei à espera. O que me causa estranheza e uma certa admiração é a minha reacção às lembranças que tenho de cada um deles.

Ainda a viver a influência dos dias anteriores, eis-me só no meu quarto. A luz está apagada, a música vai marcando o rumo dos meus pensamentos e recordações, viajo sem destino pelo interior de mim própria. A viagem é ao desconhecido e cada pormenor capta a minha atenção.

Recordo duas noites- uma em Agosto de 2001 e outra em Junho de 2006. Duas noites que jamais esquecerei porque foram marcantes e isso está-se a sentir nesta noite em que eu as recordo. Em comum existe o facto de haver uma festa com música, dança e animação. Ambas marcam o términos de um evento desportivo e em ambas vivo emoções fortes.

Chamar a isso amor, paixão…não sei! O interessante é que as recordo de uma forma completamente oposta. Talvez tenha mesmo a ver com o que eu sinto pelos dois protagonistas destes momentos inesquecíveis.

A primeira festa, recordo-a com saudade. Gostaria que tudo voltasse atrás e que voltasse a estar naquele local e com o rapaz que jamais esquecerei. Tudo o que eu mais queria era voltar a vê-lo. Não é muito difícil. Só não aconteceu esse reencontro porque o Destino separa-nos de uma certa forma, apesar de eu tentar não perder o contacto virtual com ele. Posso apenas dar-lhe a minha amizade, apesar de ser- sem dúvida- mais profundo o que sinto por ele.

O simples facto de estar a escrever este texto e de o recordar, já me humedece os olhos. Não penso nele em mais nenhum lugar ou momento. A imagem que eu tenho é a daquela noite a dançar comigo, como se o tempo não tivesse avançado desde essa data. Nada de imaginar um reencontro no futuro- que é uma das coisas que eu mais desejo. Não sei qual seria a minha reacção se o voltasse a ver. Seguramente iria sentir uma enorme emoção. Nem quero pensar! Arrepia-me.

É mais recente o episódio passado também numa noite em que se dançava. Não tive qualquer tipo de contacto com aquele rapaz que me enfeitiçava de uma certa forma. A dançar era irresistível. Ainda tentei puxá-lo para a dança mas, por estranho que pareça, fiquei-me apenas pelas intenções. Contemplava-o a ele e aos colegas e tirava algumas fotos que agora guardo religiosamente. São apenas registos físicos daqueles momentos. As imagens que ficaram na minha mente, recordo-as hoje com sorrisos.

Não existe a nostalgia que sinto quando recordo a outra pessoa. Foi apenas alguém que me atraiu de uma forma diferente. Mais superficial, digo eu. O engraçado e, ao mesmo tempo estranho, é que não recordo apenas os momentos em que o avistei. A minha imaginação funciona a mil à hora quando o menciono. Já aqui referi num texto anterior que me imaginei a percorrer com ele aquela rua onde sempre vou parar quando me engano no caminho. Ao som de qualquer música que se ouve na penumbra, muitas mais situações povoam as minhas fantasias, o meu mundo misterioso.

E assim correu o tempo naquela noite de mistério e fantasia. Por incrível que pareça, uma noite normal das minhas.

Como tinha chegado do Estádio e apanhei chuva e frio, demorei a adormecer. Começa a estar mais frio e eu sem aquecimento. Aliás, toda aquela noite choveu.

Cheguei bastante cedo à Piscina, apesar do ar ensonado. Alguém cantava a “Oliveira Da Serra” para animar um pouco um dia marcado pela chuva forte que, a espaços, fazia a sua aparição.

Assim se passou a manhã até que chegou a hora de ir almoçar. O autocarro que me leva até à cantina tem o péssimo hábito de parar em Tovim para fazer horário- o que provoca a indignação das pessoas que se querem despachar como eu. O ritmo do autocarro não é, seguramente, o das pessoas que trabalham ou que têm de passar pelo hospital e passam ali uns bons dez minutos a secar.

Um senhor esfregava os pés no chão do autocarro quando entrou e eu ia a sair. Provavelmente também pisou acidentalmente um presentinho como eu ontem. Agora irá também preencher um Euromilhões? E eu que queria a sorte só para mim!

O sempre concorrido almoço na cantina, entre o habitual episódio que adiante contarei, teve outro episódio insólito:uma rapariga veio contra mim quando me preparava para tirar a garrafa da água de dentro da mochila.

Na televisão anunciam um forte temporal para as próximas horas que se irá também abater na Região Centro com grande intensidade. Mais um. Este ano são só temporais, inundações, ventos que arrastam telhados... Antigamente não havia destas coisas. Penso eu.

A tarde passou sem sobressaltos. Nada de relevante que eu pudesse registar ocorreu. A chuva regressou quando eu ia a entrar para a Piscina e não mais voltou a cair.

E o autocarro voltou a parar. Não sou só eu que acho aquelas longas paragens uma seca. Com o tempo assim, lembrava-me que aqueles dez minutos faziam falta para o treino com condições climatéricas adequadas.

Tive sorte. A chuva apenas apareceu no final do treino que foi dedicado à resistência com quarenta minutos de corrida, com três acelerações de cinco minutos. Isto para alem dos alongamentos que perfizeram uma hora certa de treino. Foi nessa altura que a chuva regressou.

Estava terminado aquele dia. Na tranquilidade do meu quarto deixei os meus pensamentos voar.

Situação do dia:
Um copo partiu na cantina. Mais um! As empregadas também devem ter pensado o mesmo porque comentaram que, a continuar assim, qualquer dia não haveria copos que chegassem. A solução passará por copos de plástico, ou descartáveis. Assim já não se registam “baixas”.

Bacorada do dia:
“Temos aqui setubalenses, portanto vivem na cidade de Setúbal.” (Deviam ser de onde? Do Porto?)

No comments: