Sunday, March 04, 2007

Diário de um autocarro amarelo


Existe uma música pimba que diz “se o meu carro falasse, tinha muito que contar…”.
Acredito, mas vou mais longe e imagino como seria se os autocarros que percorrem a cidade de Coimbra escrevessem um diário ou um blog como este. Aqui fica a semana de um autocarro resumida na primeira pessoa, no seu diário.

Segunda-feira, 6 de Novembro de 2006
Inicia-se mais uma maldita semana. Os estudantes regressam de fim-de-semana e o trânsito na rua está um caos. Parar e arrancar não me faz nada bem à saúde.

Terça-feira, 7 de Novembro de 2006
As pessoas metem-se à estrada com uma falta de cuidado impressionante. Foram duas as criaturas que se atravessaram no meu caminho e me obrigaram a um esforço suplementar de travões.

Quarta-feira, 8 de Novembro de 2006
Duas mulheres passaram toda a viagem a falar em doenças. Noutra paragem entrou uma terceira mulher que falou num funeral. Será possível que as pessoas guardem esse tipo de conversas quando estão no meu interior? Começo a ficar farto!

Quinta-feira, 9 de Novembro de 2006
Observo a cara de indignação das pessoas sempre que paro em Tovim.
São expressões de desalento que os rostos exibem sem disfarçar. Que posso então fazer?

Sexta-feira, 10 de Novembro de 2006
Os estudantes estão de regresso a casa para mais um fim-de-semana. O movimento foi caótico e eu vinha carregado de sacos e malas até mqis não poder.

Sábado, 11 de Novembro de 2006
O cheiro a castanhas assadas faz-se sentir um pouco por todo o lado. As pessoas andam mais descontraídas e não há tanta confusão. Toda a gente se prepara para um magusto passado no conforto do lar.

Domingo, 12 de Novembro de 2006
Estou no meu merecido descanso. Amanhã começa mais uma semana caótica. Que irá acontecer nos próximos dias?

Isto e muito mais poderia escrever um autocarro no seu diário. Agora eu vou relatar o que se passou neste dia em que os episódios passados dentro, precisamente, dos autocarros dominaram.

Sexta-feira, 17 de Novembro de 2006
A noite foi dominada por aqueles sonhos típicos de quando o fim-de-semana está próximo. O primeiro sonho tem como palco a ACAPO. O pessoal ameaça ir-se embora como forma de protesto por não se terem realizado algumas actividades.

Para não variar num dia como este, sonhei com um gato que tinha sido atropelado. Foi parar ao quarto dos meus pais como o Ju quando sofreu semelhante acidente.

O terceiro sonho passava-se numa praia. Voava sobre ela. Por fim aterrei no mar que estava calmo e a sua água tinha uma temperatura bem agradável.

A manhã estava mais fria que o habitual. A partir de agora a temperatura descerá a pique a caminho do Inverno. Agasalhei-me bem e parti rumo a mais um dia de trabalho antes de um merecido fim-de-semana.

A recepção da Piscina tem uma coisa boa. Tem vista para a rua através do revestimento em vidro. Parece que aquele vidro nos permite ver tudo quanto se passa na rua, mas da rua não se vê o que se passa lá dentro. Assim sabemos em primeira-mão como está o tempo. Naquele dia as imagens que surgiam eram quase apocalípticas com chuva e vento que prometiam arrasar a cidade.

A chuva abrandou e fui almoçar. O autocarro teve de travar porque alguém se meteu à estrada de repente. Três raparigas que iam lá atrás caíram com a travagem e começaram-se a rir. Eu dei com o joelho no banco. Até vi estrelas. Era já a segunda vez naquele dia que era vítima de cacetadas no autocarro. Prometia.

O mau tempo regressou em força. Agora a trovoada completava o cenário. Não podia ir treinar naquelas condições. O presidente ligou para a ACAPO preocupado com uma hipotética inundação. E no dia seguinte havia assembleia.

Muita gente ficou retida nas instalações à espera que o temporal passava. Apesar de viver perto, não me atrevia a ir para casa naquelas condições. A tempestade era digna de um pesadelo medonho.

E assim chegou ao fim a minha primeira semana de experimentação na Piscina. Uma semana em que fiz várias descobertas e vivi emoções fortes.

Situação do dia:
O autocarro começou por se atrasar. O meu guarda-chuva caiu para o pé da porta. Quando o fui para apanhar dei com a cabeça no vidro. Também precisava de acordar.

Bacorada do dia:
“ «Os Meus Documentos» é o Bilhete de Identidade, o Cartão de Contribuinte...” (O Certificado de Piadas Secas...)



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