Sunday, January 28, 2007

Quando a chuva foi demais


A chuva caía com tal intensidade que me acordava em sobressalto. Aqui e ali o vento uivava de forma medonha. Estava assim instalado o caos em forma de temporal que se abateu sobre Coimbra e sobre muitas regiões do País. Os prejuízos iriam ser incalculáveis.

A manhã trouxe um cenário quase apocalíptico. A chuva persistia e as ruas eram um emaranhado de pedras, terra com poças de água enormes e profundas. O simples facto de se ter de sair de casa poder-se –ia transformar numa tormentosa aventura.

Era hora de partir para um dia normal de trabalho. No entanto, o temporal da noite anterior iria fazer com que aquele não fosse um dia como os outros. Bastou para isso o facto de a ACAPO ter metido água novamente.

Desta vez a inundação tinha outras proporções e o nível da água chegava quase ao meio da perna em alguns compartimentos. A água era muita para ser escoada com recurso a baldes, mas era insuficiente para ser retirada com recurso a mangueiras dos bombeiros.

Toda a gente arregaçou as mangas e pegou em baldes, esfregonas e serapilheiras na tentativa de retirar o que era susceptível de se deteriorar com a acção directa da água que teimava em voltar para trás quando era varrida para a rua.

Esta situação causou-me grandes transtornos. Não se podiam ligar computadores e fiquei sem fazer o trabalho de Holandês. A consulta com o psicólogo também teve de ser cancelada pelos mesmos motivos.

Visivelmente chateada saí dali e fui até à Académica. Pelo menos lá a água não teria entrado, com toda a certeza. A chuva ainda caía fortemente. Nem sabia já onde era a passadeira. Um manto castanho envolvia a estrada e algumas pedras soltas no passeio faziam-me redobrar as precauções para não cair.

Na sede da Académica também chovia ao cimo das escadas. Nada que se comparasse ao lagoeiro que existia na ACAPO. Era melhor ir trabalhar e esquecer os estragos que a chuva já tinha provocado na planificação das minhas coisas. A vida tinha de continuar.

Assim estive a fazer o que tinha de fazer até à hora de ir almoçar. Como habitualmente me resta algum tempo, costumo ir para a esplanada do café ao lado da sede da Briosa. Foi aí que constatei que o temporal havia feito estragos por todo o lado. Muita gente ficou desalojada e as ruas de algumas localidades tornaram-se intransitáveis. Todos os canais de televisão distribuíram equipas de reportagem por inúmeras localidades para dar conta dos estragos que a chuva em demasia estava a provocar. Não se falava mesmo de outra coisa! Incontornavelmente, todas as conversas que se iam ouvindo por todo o lado giravam à volta do estado do tempo.

A certa altura do dia, a chuva decidiu dar tréguas e o Sol voltou a brilhar, acompanhado de um vento forte. Já chegava de chuva!

Fora a chuva, pouca coisa marcou este dia tão atormentado pelos estragos do mau tempo. Sonhei com várias coisas das quais não me lembro enquanto a chuva caía lá fora.

Um automóvel encarnado e bem vistoso ultrapassou os outros na rua e quase nem parou na passadeira. É assim que algumas pessoas resolvem andar na estrada, que é que se há-de fazer!

Era dia de aula de Holandês. Também tive de ir até à Faculdade com muito cuidado, não fosse esbarrar com algum obstáculo. À saída o vento soprava forte. Um grupo de estudantes cantava pela rua. Não eram caloiros porque estavam quase todos trajados. Iriam para algum rasganço?

E finalmente estava em casa a ver o “Um Contra Todos”. Que tristeza! Três pessoas não sabem as cores da bandeira holandesa. Pior foi um concorrente que errou uma pergunta facílima e obvia sobre Segurança no Trabalho. A resposta correcta a essa pergunta era “saber onde estavam os extintores”. Malato fez o concorrente que errou descer e levar um extintor para cima. Toda a gente se riu.

Antes disso desequilibrei-me e derrubei algumas coisas que estavam em cima de uma mesa que tenho no quarto. O resultado foi o que se pode observar na foto e uma barrigada de riso.

Situação do dia:
Não é todos os dias que se tem a pontaria que tive. Cometi a proeza de gastar mesmo até ao último cêntimo todo o dinheiro que trazia no almoço e no café.

Bacorada do dia:
“O computador está morrido!” (Quando muito bloqueou.)



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