Sunday, January 21, 2007

Cartões que valem milhões

Que aborrecido! Não estava a encontrar nada que servisse de tema para este texto. Estava condenado a ser um mero relato de mais um dia daqueles em que nada de extraordinário se passa. Em que nada de insólito acontece.

Eis que surge uma notícia sobre a qual me poderia debruçar e fazer algo engraçado: os árbitros vão passar a participar em campanhas de solidariedade. Não me façam rir!

Imediatamente me lembrei da excelente prestação de Carlos Xistra no passado domingo. Quem sabe se esse homem do apito já não estará a participar numa campanha de solidariedade cujo objectivo é angariar dinheiro por cada cartão mostrado. Se é por uma boa causa, senhor Carlos Xistra, faça favor. Até pode mostrar mil e um cartões por jogo.

Outra campanha de solidariedade que envolvesse os juízes consistiria em eles oferecerem presentes consoante as pessoas das instituições que visitassem pelo Natal os recebessem. Quanto mais hostil fosse a ameaça, mais o árbitro oferecia. Se houvesse ameaças com armas o prémio seria chorudo.

Já estava também aver um árbitro a visitar um doente que os médicos já perderam a esperança de recuperar. Godofredo- um benfiquista ferrenho- encontrava-se a vegetar depois de ter apanhado um AVC durante um jogo do Benfica em que o árbitro anulou três golos ao Glorioso, fez vista grossa a dois pénaltis, expulsou o Luisão sem motivo aparente e correu o banco encarnado do jogo. Estava a ser demais para este fervoroso benfiquista!

Desconhecendo a razão pela qual Godofredo Meireles teve o AVC, o médico que era director do hospital resolveu convidar o árbitro que prejudicou o Benfica a visitar a enfermaria. E lá ia dizendo:
- "Este é o senhor Godofredo. Teve um AVC e só um milagre o trará novamente à vida."

Apesar do seu estado de saúde, Godofredo reconheceu o árbitro, não se sabe como. Num impulso, levantou-se da cama, retirou todos os aparelhómetros e espetou dois estalos valentes na cara do árbitro enquanto proferia as palavras da ordem "gatuno", "ladrão", "palhaço"...e por aí fora.

Os mesmos termos utilizariam as crianças que, sabendo que o senhor árbitro as vinha visitar, construíram um monumental apito forrado com papel dourado e lá dentro havia um concentrado feito com toda a espécie de ingredientes que se estragaram na despensa da cozinha. Consta que o árbitro ofereceu para a instituição uma carrinha de 32 lugares. Aquela recepção foi o máximo!

Escusado será dizer que a manhã estava chuvosa. Agora todos os dias têm o mesmo registo. Mas há-de ser pior. Deixem estar que isto ainda não é nada.

O trabalho prosseguiu com toda a normalidade e todo o afinco que eu coloco nisto que ainda hoje me custa a acreditar que estou a fazer.

A chuva parou. Fui almoçar com Sol, mas o tempo iria mudar ferozmente e transformaria tudo num caos inesquecível que servirá de tema ao próximo texto.

Havia uma entrevista para fazer. Foi das mais rápidas e ficaria pronta ainda nessa mesma tarde.

Uma estudante de Comunicação Social da Maia passou pelas instalações da Académica para fazer um trabalho para as suas aulas. Por essa altura já o tempo estava medonho.

Uma chuvada de proporções bíblicas e de intensidade anormalmente forte, acompanhada de um vento quase ciclónico fazia-se sentir quando estava quase na hora de sair. Logicamente que não ia treinar assim para a rua. Havia que treinar ao coberto no salão da ACAPO. Se bem que a água lá chegue também, deixem estar.

Afinal optei por ir mesmo para a rua. Só que treinei sem relógios nem cronómetros. A chuva não estava para brincadeiras. Apenas andei a rolar e a fazer exercícios de alongamentos.

Já recolhida em casa, vi um pouco de televisão e ouvi as notícias do Desporto. A notícia do dia era o regresso de Jaime Pacheco ao Boavista.

Adormeci embalada pela chuva que caía sem piedade lá fora. Nem sequer imaginava como iria encontrar as coisas no dia seguinte de manhã.

Situação do dia:
Não sei a que propósito comecei a cantar a música “Esquinas” do Djavan na casa de banho enquanto passava pomada na perna.

Bacorada do dia:
“Só assim seramos capazes...” (Futuro impossível do verbo “ser”.)

1 comment:

Anonymous said...

LOL
Amei esta dissertação sobre os árbitros e as campanhas de solidariedade. Grande texto! LOL