Nos sonhos, tudo serve para me mostrar que sou um zero á esquerda em termos de competir com os outros que em sonhos são sempre mais rápidos, mais ágeis, mais inteligentes, mais ajustados, mais fofinhos, mais simpáticos, mais amorosos…mais tudo.
Desta vez regresso ao meu local onírico favorito que é uma sala de aula que pode ser de qualquer estabelecimento de ensino que frequentei. A sala de aulas do meu sonho é sempre a mesma, anónima, sem algo que a distinga ou localize neste ou noutro lugar onde estudei.
Foi entregue uma folha aos alunos com várias perguntas e várias linhas. Um rádio gravador já se encontrava em cima de uma mesa. Uma professora ainda mais anónima do que a sala de aula (podia ser qualquer uma ou a mistura de todas que já me deram aulas) explicava o exercício. Eu continuava sem perceber.
Iam ser postas a tocar músicas colombianas, imagine-se. Ora aí está uma matéria original e da qual pouco percebo. O resultado prometia ser desastroso, tal como foi.
Só tínhamos de ouvir com atenção a letra das músicas. Era ali que estavam as respostas ás perguntas. Algumas eram mesmo para preencher os espaços vazios, tal como fiz tantas vezes em aulas de línguas e com letras de canções.
Foram colocadas a tocar as belas das músicas colombianas cheias de ritmo. Eu olhava para o papel. Nem um único traço azul de caneta era visível na minha folha. Estava completamente bloqueada. Completamente perdida.
A professora anunciou que o tempo tinha acabado e ia recolher as folhas de exercício. Exasperada, lá entreguei a minha.
A professora olhou logo para mim, vendo a minha folha em branco. Eu limitei-me a encolher os ombros de vergonha.
Acordei ainda a pensar como é que o meu subconsciente arranjou mais um ardil inusitado para me aborrecer.
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