Thursday, December 08, 2011

Nem parecia um corpo humano

Retirei o título para dar a esta descrição de mais um pesadelo a uma das falas de um personagem de um livro que li e aplica-se lindamente. Trata-se de um daqueles sonhos que começa do nada e avança para o mais terrível dos pesadelos.

Faltavam apenas vinte e três minutos para as seis e meia da manhã (que é a hora de acordar) quando acordei sobressaltada. Inicialmente não identifiquei logo o que me fez acordar assim. Havia dormido ininterruptamente, o que é raro.

Bastaram breves segundos para me vir à memória a imagem forte deste pesadelo: um corpo esquartejado em cima da mesa da sala e a minha mão a tocar inadvertidamente em carne que se encontrava por cima de um plástico que, por sua vez, estava em cima do sofá.

Antes deste pesadelo sonhei que tinha uma aula de Educação Física no Pavilhão do liceu de Anadia. Dava uns toques numa bola amarela. Alguém queria a toda a força que eu fosse jogar Goalball. Por mais que eu quisesse, não poderia por causa do risco de pancadas na cabeça.

Agora vem o que realmente interessa mas que era desnecessário para aqui- o pesadelo. O protagonista desta história é um homem chamado Fernando que até tinha morrido de morte natural.

O corpo dele encontrava-se na sala de minha casa e eu recusava-me a colocar lá os pés enquanto lá estivesse. O clima lá em casa era digno de um filme de terror. Um misto de medo e melancolia invadia o meu espírito.

Procuravam roupas lá por casa para vestir o defunto. A certa altura, a minha mãe veio-me chamar. Eu estava no quarto da minha irmã e todas as luzes de casa estavam acesas.

A minha mãe queria que eu assistisse à dissecação do cadáver que iria ser feita por ela própria. A mesa da sala havia sido arrastava mais para o lado do fogão, mesmo para debaixo do candeeiro para se conseguir ver melhor.

Com um ar divertido e indiferente, a minha mãe queria imenso que eu assistisse à sua autopsia daquele corpo desconhecido. Eu não queria ir mas ela insistia.

Ao fim de tanta insistência, enchi-me de coragem e fui até à sala onde o cadáver jazia em cima da messa. Apresentava uma tonalidade estranha. Dava a sensação de já ter sido tostado no forno. Umas opulentas coxas sobressaíam. Pareciam gigantescas coxas de frango sem a parte de baixo das pernas.

O sofá da sala estava coberto com plásticos. Em cima deles estava um enorme monte de carne gorda e fria que já havia sido extraída do cadáver semi-humano. Inadvertidamente coloquei-lhe a mão em cima mas logo a afastei com extremo pavor e repulsa. Espantava-me o facto de a minha mãe estar a dissecar aquele corpo com a mesma naturalidade com que disseca um frango ou carne de porco.

Corria o boato de que tinha morrido mais alguém da minha terra mas devia ser mentira. A fonte de onde provinha a notícia não era lá muito credível.

Que noite de pesadelo! Dado o adiantado da hora, não havia a oportunidade de voltar a adormecer. Lá tinha eu de ir trabalhar já nervosa.

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