Monday, February 25, 2008

Teatro para cegos



Vi no noticiário da SIC que um grupo de invisuais de Braga, salvo erro, criaram um grupo de teatro e vão encenando algumas peças.

Parte das peças que representam são da autoria dos vários elementos do grupo ou adaptações por eles feitas de obras literárias ou outro tipo de textos. Isto levou-me a pensar que a via artística, especialmente o teatro, é uma boa saída profissional para uma população nem sempre compreendida pela sociedade.

O teatro é um veículo privilegiado para os cidadãos portadores de deficiência visual se exprimirem e mostrarem à sociedade em geral que são pessoas criativas e dinâmicas, capazes de desempenhar as suas tarefas e vencer todas as barreiras que surgem no caminho.

Portugal ainda é um país com muitos preconceitos em relação a quem é diferente. Muitas vezes temos de provar às pessoas que somos seres capazes como os outros e, quando conseguimos alguma coisa, olham-nos como se fôssemos extraterrestres ou algo que eles nunca viram.

No mercado de trabalho, perante a possibilidade de empregarem alguém diferente, as empresas tendem a fazer um bicho-de-sete-cabeças quando surge a oportunidade de nos dar um emprego. Resta, portanto, através de alguns exemplos como este que surge de Braga, dar uma lição de competência, confiança e capacidade à sociedade.

Ao verem o trabalho desenvolvido pelos nossos companheiros de Braga, as pessoas irão ver em nós seres humanos motivados, criativos, capazes de agarrar qualquer oportunidade. Basta confiarem em nós e darem-nos a oportunidade de mostrar aquilo que sabemos e podemos fazer. Somos seres humanos que temos tudo o que os outros podem ter, apenas nos falta a visão. Complicado executar qualquer actividade sem visão ou com visão reduzida? Há sempre uma forma de se adaptar as coisas às necessidades. O Ser Humano consegue adaptar-se a qualquer adversidade. A falta de visão é colmatada com a adaptação dos outros sentidos, de modo a conseguirmos fazer qualquer coisa da mesma maneira que as pessoas ditas normais.

Por vezes são os próprios cegos ou amblíopes que se fecham um pouco na concha da sua fatalidade e se tornam seres incapazes, carregados de vícios maus e que se acomodam em casa. Realmente há dessas pessoas que não querem saber de dinamizar uma associação como a ACAPO.

São essas pessoas e os escassos meios económicos que fazem com que, por exemplo, aqui em Coimbra não se crie um grupo de teatro, de música ou de dança. Eu já disse que gostava de participar em tudo o que fossem projectos que contribuíssem para dinamizar a nossa associação. Só que as pessoas preferem comer e beber, estar refasteladas em casa em vez de saírem à rua e mostrarem ao Mundo aquilo que sabem fazer.

Eu fico triste com a atitude de algumas pessoas aqui dentro. Já disse o que gostaria que aqui se fizesse, mas a maioria não está para aí virada. Dizem que não há dinheiro. Antes de não haver dinheiro, há a falta de vontade, o sedentarismo, o corpo roliço que já pesa a alguns.

Claro que gostaria de participar num grupo de teatro. Adoro escrever e talvez veja na escrita criativa o meu futuro. Gostava de um dia viver disto que estou a fazer agora. Já não tenho a culpa que as coisas aqui não vão para a frente. Se um dia a criação de um grupo de teatro fosse uma realidade, iria participar. Não tenho grande jeito para representar, mas para escrever contem comigo.

Quem me dera que as pessoas aqui fossem tão dinâmicas como são em Braga!

O dia acordou com bastante nevoeiro e algum frio. E ontem que esteve um dia tão bonito! Aos poucos o Sol apareceu, mas o Céu continuava de um cinzento carregado.

Como sabem, eu sou muito distraída. Ia a olhar para uma colega e ia caindo nos degraus que dão acesso ao gabinete do Náutico. Logo me lembrei de uma cena que se passou no Campeonato do Mudo de Ginástica Acrobática em que, por exemplo, toda a delegação da Polónia tropeçou num mesmo degrau.

E já me estou a admirar de nos autocarros não se passar nada. Eles que costumam ser palco de muitos episódios engraçados que aqui costumo contar. Isto não é normal!

Concluí a leitura do livro “A Regra De Quatro” de Ian Caldwell e Dustin Thompson. Este livro, apesar de interessante, termina com várias indefinições. Por exemplo, não se chegou a encontrar o estudante que fazia a tese sobre aquele livro problemático e bastante complicado depois do incêndio no clube. Também o livro foi acabar de forma descabida, digo eu.

Mais interessante vai ser o livro que eu vou passar a ler agora. Como já sei o que se vai passar, estou em condições de dizer que este livro é interessantíssimo: mais um sobre Templários.

Não sei porque carga de água inventei o Dia de Todos os Demónios. Já que há o Dia de Todos os Santos...Um óptimo tema para aprofundar num dia em que não se passe mesmo nada.

Quanto ao que se passou nesta tarde de trabalho, há a realçar o aparecimento da chave 31 que agora está a ser reparada. Houve pouco movimento. Também à terça-feira é normal isso acontecer.

Ainda bem que ontem deixei ficar o guarda-chuva. È que a ameaça de chuva é para ter em conta. E eu que tenho de ir treinar também!

Antes de treinar, ainda tive de carregar o passe e proceder à entrega dos documentos que fui buscar o outro dia (ver texto “Toupeira na Loja do Cidadão”). Com tudo isto, acabei por me atrasar e o treino já teve de ser feito de outra maneira.

O treino consistiu em apenas cinco voltas na pista 6 em 14.07.59 minutos. Depois ainda fiz alguma ginástica. Às vezes também são precisos estes treinos mais curtos. Este teve apenas 40 minutos de duração. Já se fazia tarde, as aves de rapina andavam pelo Estádio.

Estava uma noite sem frio. Antes de me deitar, reparei que havia uma folha de papel já muito envelhecida pelo tempo na parede do meu quarto. (ver foto) Como foi possível só agora ter reparado na sua existência? Fui ver o que dizia. Era, nada mais, nada menos que a letra do Hino Nacional. Agora antes de me deitar (será melhor fazer isso, talvez, ao acordar) irei trautear o Hino Nacional.

Situação do dia:
À saída da escola, tive de passar pelo corredor mesmo quando se procedia à reposição de produtos nas máquinas automáticas. A Toupeira Dum Raio teve de fazer das suas e espetar com uma peça da máquina que estava encostada ao aquário no chão.

Bacorada do dia:
“Se não conhecemos os desconhecidos, quanto mais os conhecidos.” (Acho que era ao contrário.)



3 comments:

Nazareth Malaphaia said...

OLÁ,COMO VAI? MEU NOME É NAZARETH MALAPHAIA, SOU JORNALISTA.
HOJE EU TENHO UMA ÓTIMA NOTÍCIA. APÓS LER TUDO QUE VOCÊ ESCREVEU, EU ME SENTI NA RESPONSABILIDADE DE DIZER QUE FELIZMENTE BRAGA, NÃO É O ÚNICO LUGAR NO MUNDO QUE TEM UM TEATRO COM CEGOS.
HOJE, NO RIO DE JANEIRO, UM ENGENHEIRO DA PETROBRÁS E SUA AMIGA PROFESSORA DE YOGA, EM PARCERIA COM O INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, ESTÃO FAZENDO UM LINDO TRABALHO LEVANDO ARTE E REABILITAÇÃO PARA AS PESSOAS. O GRUPO DE TEATRO GENTE É FORMADO POR 18 CEGOS QUE TRASFORMAM ARTE EM SUPERAÇÃO.
NO ÚLTIMO DOMINGO, ELES SE APRESENTARAM NO CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL E ARRANCARAM GRITOS, APLAUSOS E MUITA EMOÇÃO DE TODOS.
O BRASIL TAMBÉM TEM GENTE BOA FAZENDO ARTE E AJUDANDO AS PESSOAS. QUE BOM, NÃO É?
UM GRANDE ABRAÇO

Grupo de Teatro GENTE said...

Meu nome é Fernando Gutman e sou o diretor do grupo de teatro com cegos mencionado no comentário anterior da Nazareth Malaphaia. Se quiserem saber da história do grupo mandem e-mail para grupodeteatrogente@hotmail.com. já são 4 anos de apresentações no Brasil. Agradeço a Nazareth pelos comentários.

Unknown said...

Ola
Eu sou diretor de teatro e estou preparando uma oficina de teatro para cegos e estou pesquisando material, peças de teatro... se voce ou alguem tiver alguma coisa e puder compartilhar, eu agradeço. Humberto Mello melloh@BOL.COM.BR