Tuesday, February 05, 2008

Preocupação

Como habitualmente acontece todas as segundas-feiras, levantei-me às seis da manhã para me preparar para ir para Coimbra. Ainda por cima era véspera de Carnaval. Se tivesse aulas na ACAPO não ia. Ali, como eu adoro o que faço, não é sacrifício nenhum ir trabalhar.

No entanto, aquela manhã começaria agitada. Preparava-me para tomar banho. Do quarto dos meus pais ouvi a minha mãe suspirar com ar de quem não se sente bem. Ela veio para fora pouco depois dizendo que se sentia mal disposta.

Fui tomar banho. Quando regressei ao meu quarto a minha mãe vomitava na casa de banho e dizia que sentia tonturas também. Logo fiquei preocupada. Como ela é diabética e tem a tensão arterial elevada espera-se o pior.

Teimosa, a minha mãe começou com a ladainha do costume. Dizia que não queria ir para o hospital, a menos que estivesse para morrer. Já não é a primeira vez que isto acontece. O ano passado eu e o meu pai vivemos uma noite de pesadelo precisamente por ela estar assim com esses sintomas e se recusar a ir ao médico. Depois ainda teima em ir para as terras e para os pinhais com tonturas. Por sorte que andava lá um senhor a fazer umas obras e ela não foi para muito longe.

Só sei que passei a noite acordada. De vez em quando espreitava para o quarto dos meus pais a ver se tudo estava tranquilo. Só me fui deitar quase quando eles se levantaram. Com aquela ansiedade não conseguia parar.

Agora era diferente. Tinha de ir para Coimbra. Tinha de ir trabalhar. O meu pai tinha de me ir levar à paragem e ela tinha de ficar sozinha assim. O meu pai sempre foi dizendo que aquilo era “figadeira”. Eu só me lembrava de no passado sábado ela ter dito que a vida estava no fim a propósito de o meu pai lhe ter comprado uma prenda do Dia dos Namorados pela primeira vez.

Ainda em casa implorei ao meu pai que não deixasse ir a minha mãe para as terras ou para os pinhais. Podia acontecer alguma coisa. Ordenei-lhe ainda para a levar ao médico nem que fosse à força. Antes de ele seguir novamente para casa, voltei-lhe a repetir as mesmas coisas.

Tinha voltado a chover no preciso momento em que eu me preparava para ir embora. Desta vez não liguei. Estava preocupada demais. Antes de sair ainda fiquei presa no portão da eira pela alça da mochila. Preocupações maiores dominavam o meu espírito: a saúde da minha mãe.

Nem sentia o frio da manhã que havia entretanto regressado. Não sentia nada. Nem adormeci na camioneta, como habitualmente acontece.

O movimento na Piscina foi pouco. Isso ainda me fazia pensar cada vez mais no que se estaria a passar lá por casa. Se eu me distraísse a atender as pessoas, pensaria menos e não me incomodaria tanto.

Nem almocei como devia. Estava morta por chegar junto da paragem para ligar para casa. Até contei os passos um a um e andei o mais depressa que pude. Por um lado estava morta por ligar para casa, por outro tinha medo que algo tivesse acontecido.

Para meu descanso, quem me atendeu foi mesmo a minha mãe. Foi um peso que me tiraram das costas. Disse sentir-se melhor e tudo não passava de uma crise de vesícula. Ontem havia atacado no bacalhau, na cebola e nos ovos.

Foi com outra cara que entrei no autocarro e enfrentei uma tarde de trabalho onde tive de tirar muitas senhas. O movimento estava quase normal, apesar de ser véspera de Carnaval.

Quando saí do trabalho já sabia onde tinha de ir: buscar o meu computador. Estava a chover bastante. E eu que não o queria molhar!

Enquanto ouvia o relato do jogo entre o Belenenses e a Académica, ia afinando a máquina. Foi uma tourada para lhe instalar o Bluetooth! Quase desisti. Só ao fim de muita insistência é que consegui finalmente colocar tudo em ordem e passar todas as fotos para o computador.

A Académica foi ao Restelo arrecadar três pontos preciosos na luta pela permanência. Consta que Costinha colaborou ao dar um frango valente. O resultado do jogo foi Belenenses 1- Académica 2.

O dia acabou de forma completamente oposta à forma como começou. Até adormecer estive a ouvir um CD de música calma. Merecia depois daquilo que passei. Iria ter tempo suficiente para descansar de todas estas emoções fortes.

Situação do dia:
No bar da ESEC serviram-me o café com duas colheres.

Bacorada do dia:
“Vocês tiraram-me a ponta da língua.” (Que pena não lhe termos tirado a língua toda!)

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