Monday, June 18, 2007

Vou reclamar


Com a “Revolução dos Cravos” que devolveu a liberdade aos Portugueses, parece que se abriu uma tampa de um recipiente quase a rebentar. Tudo saiu cá para fora. Mesmo aquilo que não devia.

Hoje o Povo Português usa e abusa da liberdade que lhe foi dada e comete alguns (para não dizer muitos) excessos. Protesta por tudo e por nada, com ou sem razão, por coisas sérias ou por coisas mesquinhas.

Ontem e hoje assisti a comportamentos excessivos (na minha opinião) de pessoas que viveram durante a época salazarista e que pensam que agora fazem tudo e dizem o que lhes apetece.

Começamos com uma avozinha que levantou a sua voz na Piscina contra o facto de a terem mandado trocar de calçado no corredor para entrar na sala onde as crianças trocam de roupa. São regras e são para toda a gente cumprir, para que todas as condições de higiene estejam reunidas.

Pela forma como a senhora reagiu a essa imposição, até parece que a minha colega lhe teceu um insulto gravíssimo. Nem imaginam a discussão que foi. Eu pergunto: essa senhora nos anos sessenta teria aí uns vinte ou trinta anos. Como é que ela conseguia abafar o seu ímpeto reaccionário?

Pior mesmo foi o deplorável comportamento de uma senhora da mesma faixa etária numa das caixas do Pingo Doce, já perto da hora do fecho do hipermercado. Não sei qual foi o motivo da discórdia porque apanhei o confronto a meio. Só sei que a mulher estava a pedir o nome à funcionária e a ameaçar. A funcionária sempre foi dizendo que “a partir do dia 1 de Fevereiro ela não poderia protestar muito porque os sacos das compras iriam passar a ser pagos”. Depreendi que o motivo da acesa discussão fosse algo relacionado com os sacos.

Calhei a sair do Pingo Doce ao mesmo tempo que ela. Ouvi-a ainda a “rezar” e fui subindo as escadas colada a ela para tentar ouvir o que ela dizia entre dentes. A criatura tecia ameaças e rogava pragas à jovem que a atendeu no Pingo Doce. Entre outras coisas ela ia dizendo que lhe iria fazer a vida negra. Ia a bufar mesmo. Era da maneira que aquecia uma noite que se colocou bem fria.

Hoje cheguei a casa e a lâmpada do meu quarto fundiu-se. Antes de ir treinar, fui ao agente Philips que fica na minha rua comprar duas lâmpadas para colocar quando regressasse.

Não esperava demorar-me tanto como me demorei. A culpa foi de outra (eu até acho que era a mesma do Pingo Doce, mas sou toupeira) criatura que veio para lá com uma retórica por causa de um electrodoméstico que eu estou na dúvida se era um frigorífico ou se era um microondas. Tenho uma ténue ideia de que era um microondas.

Parece que a criatura tinha mandado o aparelho para reparar mas não havia peças para ele naquela altura. O conserto demorou mais. Acho que foi isso. A criatura deixou o senhor da loja passado e ameaçou fazer um protesto junto de entidades superiores. Disse que o comportamento da loja era inadmissível e por aí fora. Até a mim já doía a cabeça só de a ouvir. Tão chata! Se fosse ao senhor colocava-a na rua com um potente pontapé no traseiro. E eu ali à espera que ela acabasse o rosário que parecia equivalente a mil e um terços.

Se eu fosse à mulherzinha fazia uma carta mesmo para Eindhoven (sede-mãe da Philips) a protestar contra o comportamento de uma sua filial em Coimbra. Em Holandês Vernáculo e cheio de ameaças. Ia ser bom, ia.

A minha vontade era também a de lavrar um protesto contra os funcionário da loja pelo simples facto de estarem a aturar a criatura e não atenderem as pessoas. A demora já era considerável. Quem ia escrever para Eindhoven agora era eu a protestar contra os protestos que certa criatura teima em fazer. Tive tanta pontaria que tive a pouca sorte de a encontrar por duas vezes à minha frente em estabelecimentos comerciais. Sempre a protestar e a ameaçar os funcionários.

Mais uma manhã em que o frio e as nuvens marcaram presença. Uma manhã cujo único incidente digno de registo foi a fuga de uma criança muito pequenina que já se ia a meter à estrada, aproveitando a porta aberta. Eu corri para a ir buscar, mas já ia uma funcionária do infantário ao qual ela pertence no seu encalço.

Incidentes na cantina são o prato do dia. O prato, o copo...até tachos e panelas como hoje sucedeu. O barulho de louça a cair foi estridente. As coisas de alumínio fizeram imenso barulho e as coisas de vidro ou de barro partiram simplesmente.

Cheguei à Piscina e ouvi as notícias. No mercado de transferências Ricardo Rocha já partiu para Inglaterra rumo ao Tottenham. Fala-se de um jogador bem conhecido de Fernando Santos para o substituir: o italiano Bruno Cirilo que joga no AEK de Atenas.

Algures no Norte, o proprietário de uma loja fez um apelo curioso aos larápios que lhe assaltaram o estabelecimento: ou devolvem o material roubado, ou vão lá buscar o resto. Não entendi o que ele quer com isto.

A tarde foi calma demais. Quando saí, deparei-me com um belo pôr-do-sol que vou partilhar com todos através da foto que acompanha este texto.

Apesar da demora provocada pelo incidente que serve de mote para este texto, ainda deu para treinar. O treino já tinha de ser obrigatoriamente mais curto, logo deveria também ser mais duro. Assim aconteceu.

Afinal enganei-me! Até teve mais um quarto de hora que, por exemplo, o treino de ontem. Comecei por dar cinco voltas à pista para aquecer. Depois seguiram-se alongamentos e dez séries de sessenta metros. Os tempos registados foram os seguintes:

12.43
11.97
11.81
11.75
11.81
12.00
11-91
12.03
12.25
11.93

Depois de alguns alongamentos e de uma volta para descomprimir, acabei um dos treinos mais produtivos desta época desportiva. Estava bastante satisfeita com o meu desempenho neste treino, com a agravante de ele poder ser prejudicado pelas baixas temperaturas que se faziam sentir. Não foi.

Em casa esperava-me um servicinho daqueles que eu detesto fazer: mudar lâmpadas. Tinha de o fazer apenas com o ecrã da televisão a iluminar. Tirei tudo de cima da mesa e coloquei-me descalça lá em cima para chegar ao casquilho. Tirei também as meias para não escorregar.

A lâmpada escorregou-me das mãos e eu ia caindo. Também saltava para cima da cama repleta de todo o tipo de coisas. Por sorte a lâmpada não partiu. Nessa altura bati o meu recorde de palavrões. De certeza.

Depois de muito esforço, já tinha luz no meu quarto. Podia ir descansar, que bem merecia.

Situação do dia:
De regresso à Piscina o autocarro saltava muito. Parecia um todo-o-terreno que participava no Lisboa-Dakar. Para o ano será este um dos veículos candidatos a participar. De certeza! Estilo não lhe falta. Eu já estava a ver a hora em que o autocarro dava um salto de tal maneira que dava também duas piruetas no ar e caía direito na estrada. Já não achava tanta piada se ele caísse ao contrário. Estava a ver a cara de pânico do pessoal, especialmente dos mais velhos. Estava também a ver que o autocarro não chegaria direito ao seu destino.

Bacorada do dia:
“Os icibergues...” (Os quê??!!!!!!)



No comments: