Monday, June 04, 2007

Que ganhe o melhor




Normalmente esta frase costuma ser usada por gente que não liga a Futebol ou que não torce por nenhum dos clubes em confronto no desafio. Neste caso, eu que torço pelas duas equipas também uso e abuso dela.

Se o meu coração bate pelo Benfica, também morro de amores pela Académica e um jogo entre as duas equipas torna-se especial por isso mesmo. Esperar que ganhe o melhor é a resposta mais coerente e mais lógica que darei a quem me pergunta de que lado vou estar.

A noite nem estava muito fria. Rumei ao Estádio à procura da porta por onde deveria entrar para ter acesso a um dos lugares numa bancada por detrás de uma das balizas. Não trazia qualquer tipo de adereço que me identificasse como adepta de qualquer um dos emblemas em confronto. Vestia um casaco preto, uma camisola laranja e umas calças pretas.

Andava por ali a dar uma volta antes de entrar. O autocarro do Benfica era massacrado com fotos e mais fotos. Todos os adeptos sonhavam ter uma foto daquele autocarro encarnado. E eu que não trouxe o telemóvel! Vendo tirar da bagageira do veículo paletes de garrafas de água, um adepto gritou:
- “Então a pinga do Luisão?! Esqueceram-se?!! Coitado! É sempre descriminado.”

Continuo a vaguear em volta do Estádio. Cada vez mais pessoas circulam por aí. Acabei por comprar um cachecol do Benfica (ver foto). Não tinha nenhum. Da outra vez para o Estádio da Luz- aquando daquele Benfica-Sporting que acabaria por ser decisivo na resolução do Campeonato 2004/2005- levei um cachecol do meu pai. Ele tinha dois e emprestou-me um.

Havia um cada vez maior aglomerado de pessoas. Ainda faltava muito para o início do jogo. Vários grupos de pessoas distribuíam folhetos sobre o referendo do aborto. Se soubessem o quanto isso me irrita! Ainda mal começou e eu já ando passada com tamanha palhaçada que se faz em torno desse assunto. Eu lá quero saber disso para alguma coisa? A minha opinião sobre isso é uma só: ISTO É UMA PALHAÇADA!

O que me interessava era dar com a porta de entrada para ir cedo para as bancadas. Perguntei a um segurança e ele lá me indicou a porta que tanto procurava para aceder ao meu lugar.

Finalmente já estou no interior do Estádio. Naquele corredor que acede a diferentes zonas do Estádio. Há que procurar agora o meu lugar enquanto o Estádio ainda está vazio.

Que sorte! O meu lugar é na mesma zona onde eu estive a fazer o voluntariado aquando do jogo entre Portugal e o Kazaquistão. De modos que eu sei perfeitamente onde é. Saiu-me a sorte grande.

Depressa o Estádio ia adquirindo uma interessante moldura humana com o encarnado a sobressair do azul das cadeiras que iam sendo ocupadas.

Ivete Sangalo e outros cantores com as suas canções alegres iam fazendo a banda sonora da noite futebolística em Coimbra. Entretanto mais gente ocupava o seu lugar nas cadeiras azuis.

Cartazes a pedir camisolas a jogadores do Benfica eram mais que muitos. Bandeiras, cachecóis e cânticos davam cor e animação a um espectáculo prestes a iniciar. Estava um ambiente espectacular no Estádio Cidade de Coimbra.

Antes de se iniciar o jogo propriamente dito, havia umas atracções que consistiam em pequenas actuações de grupos musicais da cidade de Coimbra. Uma dessas atracções foi a sempre divertida e excêntrica Orxestra Pitagórica. Apesar da noite invernia de 15 de Janeiro, alguns elementos desse divertido grupo de estudantes vinham apenas vestidos com uma fralda.

Entraram as equipas em campo. A salva de palmas e os gritos de incentivo eram ensurdecedores. Daí a pouco o jogo teria início.

O árbitro soprou vigorosamente no apito e a bola começou a rolar. Os avançados falhavam golos de forma escandalosa de parte a parte. Que nervos!

E se os avançados falhavam, os defesas pareciam estar com a pontaria mais bem afinada. Ricardo Rocha e Léo acabaram por ser os autores dos golos que ditaram a derrota da Briosa em casa por 0-2. Gyano e Nuno Gomes pareciam empenhados numa competição muito particular: ver quem protagonizava o falhanço mais escandaloso. Não sei quem acabou por vencer este duelo, mas o “Rapaz da Camisola às Riscas” poderia ter marcado o tento de honra da Briosa se não enviasse a bola para as bancadas mesmo de frente para a baliza. Por pouco que essa bola não veio ter comigo.

O árbitro também foi insultado. Aliás, será que algum jogo se realize e chegue ao fim sem um insulto ao juiz da partida? Interessante esta questão. Se calhar só mesmo no Vaticano e mais não sei. O insulto que eu mais tecia ao árbitro era “portista”. Nada de nomes feios porque a mãezinha do árbitro não tem culpa dos seus erros e eu não sei se ela aceitou bem o facto de o filho ter abraçado a carreira da arbitragem.

Chegava ao fim o desafio. Os adeptos encarnados brindavam Miccoli com uma canção adaptada de uma do italiano Totó Cotugno bem conhecida. Os adeptos da Briosa também cantavam. Vencidos e vencedores estavam em perfeita harmonia

Soou o vigoroso apito final do árbitro e confirmou-se a vitória encarnada por 0-2. Tinha de sair com calma para não cair nas escadas. Era agora muita gente ali a passar. Começava a chover.

Com toda aquela confusão não vi onde tinha de atravessar e uma alma caridosa ajudou-me. E lá caminhei rumo a casa com os pés gelados. Iria ser complicado adormecer.

Coloquei o cachecol à cabeceira da minha cama e fiquei a contemplá-lo. Lá fora reinava a confusão rodoviária. Eu já estava em casa. Qualquer que fosse o desfecho daquela partida, ficaria satisfeita. Ganhou o Benfica, apesar de não ter sido a melhor equipa em campo. Afinal parece que não ganhou o melhor!

Não tinha dormido bem naquela noite devido a uma forte dor de dentes que me impediu de descansar convenientemente para carregar baterias para mais uma semana de trabalho e de emoções fortes. Nessa noite iria ao Futebol, coisa que já há muito não fazia. Há sensivelmente dois meses, para ser mais precisa.

Estava bastante frio e havia nuvens no Céu. Será que a tradição de chover quando eu me estou para ir embora se vai cumprir? Deus queira que não!

Estava a amanhecer em Vale de Avim. Esperava na rua pelo meu pai. Na ponte de Várzeas ouvi um comboio. Estava no meio da estrada e arredei-me pensando ser outro veículo. Aquele som engana muito.

Já em Coimbra...Escusado será dizer (ou escrever) que o autocarro vinha a abarrotar de gente. Parecia não aguentar nem mais um corpo humano, por mais pequeno e leve que fosse. Ameaçava rebentar a qualquer momento e a qualquer esforço suplementar que se visse obrigado a fazer. De maneira que ia pela rua a velocidade extremamente baixa. Acho que se fosse a pé chegava mais depressa.

Comecei a semana distraidamente. Desta vez esqueci-me de atravessar a rua onde devia. Coisas de uma segunda-feira de manhã!

Não tenho registos de algo que se tenha passado no trabalho. Presumo que tenha sido uma manhã tranquilíssima e rotineira.

Vou saltar aqui uma parte de propósito. Será a “Situação do dia”.

Pelos vistos a tarde também não trouxe grandes embaraços. Terá sido calma e nada fugiu à normalidade.

A confusão já se instalava no trânsito citadino em dia de visita do Glorioso ao Estádio Cidade de Coimbra. Também eu me iria preparar para assistir ao jogo.

Como acima referi, o Benfica venceu a Académica por 0-2. Os defesas Léo e Ricardo Rocha foram os autores dos golos. Já em casa depois do desafio, não conseguia dormir com os pés assim gelados. Para chamar o sono acabei a noite a ouvir música.

De referir que nada sabemos, de há dois dias a esta parte, dos nosso pilotos que participam no Lisboa-Dakar. Começa a ser preocupante.

Situação do dia:
O autocarro que me transportou para o almoço tinha um ambiente acolhedor. O veículo estava quente e apetecia não mais sair do seu interior. Um rádio tocava música calma da Grace Jones. Para quebrar toda essa harmonia, só mesmo os passageiros. Mesmo à minha frente, um idoso resmungava, praguejava, balbuciava...não entendia o que ele dizia. Se calhar nem falava com ninguém e fiquei a pensar que, provavelmente, ele não sabia onde deveria sair. Mais cómica foi a situação de um outro homem. Após várias tentativas para passar a senha na máquina e de esta tocar aquela musiqui8nha que se sabe, o homem constatou que tinha trocado as senhas. Guardou a senha velha e deitou a nova fora. Ele ainda queria ir ao local onde a deitou fora, mas dificilmente a acharia. Há sempre quem tenha lá passado antes, a tenha apanhado e tenha ficado montes de contente por ter poupado cinco euros e tal.

Bacorada do dia:
“Havia um homem...já morreu...Acabou!” (Acho bem que tenha acabado mesmo, é sinal que a alma dele descansa em paz.)

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