A Rapariga Das Calças Azuis resolveu meditar um pouco naquela noite. Sem querer acabou por passar pelas brasas, como se diz em bom português.
No seu curto devaneio, ela viu o Mehdi na outra extremidade caminhando. O cenário era agradável. Nem fazia frio, nem calor. Havia um doce trilho de terra batida com espaços de um verde bem vivo de ambos os lados. Seria uma caminhada aprazível. Pássaros impregnavam o ar de agradáveis melodias. Tudo era som, cor e felicidade.
Caminhando mais um pouco, horas ou minutos, a rapariga Das Calças Azuis foi dar a um pomar que proporcionava sombra e frondosas árvores de fruto.
Perfumes inebriantes impregnavam o ar. A fruta estava no ponto, convidando a ser devorada. Ao longe ouvia-se uma queda de água que prometia ser fresca.
Andando por um trilho secundário enquanto ia cantarolando, a Rapariga Das Calças Azuis avistou algo junto a uma árvore. Chegando mais perto, constatou com assombro que era o Mehdi. Sem dar pela sua presença, ele descansava junto à árvore mais frondosa, a mais carregada de maçãs. Curiosamente, de uma forma bem estranha, as maçãs daquela árvore eram de vários tons de vermelho, verdes e amarelas. Imanavam um odor forte e poderoso. Ela sentia-se como Eva no paraíso e foi disso que se lembrou.
Já não precisava de tentar Adão com a maçã. Ele, que se chamava Mehdi, já roía preguiçosamente uma enorme maçã verde. Um sorriso aberto lhe surgia no rosto. Dava para ver a felicidade estampada nos seus olhos.
Para não ser vista, a rapariga Das calças Azuis escondeu-se precisamente atrás dessa mesma árvore. Sendo enorme, conseguiria ocultar a sua presença.
A brisa que corria agradavelmente por entre as árvores de fruto, fazia com que o ambiente fosse digno de um cenário de um poema medieval.
Terá passado algum tempo. Horas? Minutos? Não se sabe. Uma sonolência agradável parecia invadir o lugar. Tudo era tranquilo. Ali havia segurança e conforto. Não dava vontade de estar em outro lugar.
Ali sentada á sombra da macieira mais frondosa do bosque, a rapariga Das Calças Azuis imaginava ficar ali para sempre. Não se preocupar com nada. Apenas escutar sons e sentir cheiros. Sabia também que do outro lado da mesma árvore estava o Mehdi em segurança. Parecia já adormecido. Embalado pela excelência daquele ambiente favorável à Paz e ` à tranquilidade de espírito. Ali ninguém se sentiria mal ou doente. Todos os problemas do Mundo seriam esquecidos.
A Rapariga Das calças Azuis terminou a sua meditação. Um largo sorriso se formou no seu rosto.
Longe dali, mehdi também despertava. Tinha adormecido enquanto apreciava um pouco de silencio depois de ter chegado a casa algo esgotado. Não sabe quanto tempo passou mas pareceu uma eternidade. A existir um lugar assim, certamente que o tinha de procurar. Ali existiam as maçãs mais saborosas e sumarentas que alguma vez provou. Ainda sentia o seu perfume nas suas narinas. Estava realmente em paz.
Sentia-se sem dúvida revigorado e cheio de energia. O que terá acontecido. Não se lembra de ter pegado no sono mas deve ter sido isso que aconteceu. O seu sonho foi um dos mais incríveis e vividos que teve.
Iria guardar aqueles instantes e aquelas agradáveis sensações só para si. Iria guardar aqueles momentos para sempre.
Gostaria de voltar a um lugar assim mas não sabe como fez. Algo muito estranho e maravilhoso ocorreu na sua mente. Foi como viajar para outra dimensão bem mais agradável do que o mundo real.
Desligando a música, a rapariga Das Calças Azuis constatou que apenas tinha passado meia hora desde que fechou os olhos encostada á cama. Foram trinta minutos de puro Êxtase. Teve a certeza que lá longe Mehdi também meditou com ela e, de uma forma incompreensível, também foi levado para aquele mesmo local. Isso deixou-a feliz por ter compartilhado um lugar tão inacreditável com ele e lhe ter proporcionado agradáveis sensações de calma, paz e conforto.
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