Wednesday, May 11, 2022

Mãos impossíveis

 

Mãos estranhas

Que tocam sem aviso

Que agarrram de improviso

Deixando acesas as nossas entranhas

 

Mãos sedentas

Na rua agarram e arrepanham

Umas vezes rápidas, outras vezes lentas

Nos nossos corpos o seu toque estranham.

 

Mãos aleatórias

Nas nossas costas e ombros pousam

Precisas ou exploratórias

Com decisão e engenho, no nosso ombro repousam

 

Mãos impossíveis

Que não foram desejadas

Arrojadas e incríveis

Impróprias e inoportunas são chamadas

 

Mãos presentes

Que tocam e acariciam

De boasd intenções ausentes

A descida ao nosso corpo iniciam

 

Mãos furiosas

Que para agarrar foram feitas

Rasteiras e ardilosas

Não são dos carinhos eleitas.

 

Mãos vorazes

Pelas ruas nos esperam

Sufocadas e audazes

Tocar foi o que sempre quiseram.

 

Mãos errantes

Milhares delas as ruas acolhem

Do pudor tão distantes

Corpos ao acaso excolhem.

 

Mãos indecentes

As mãos dos que passam

Dos toques são dependentes

Por mais carícias que façam.

 

Mãos decididas

Que o corpo alheio tocam

Despudoradas, atrevidas

Nebulosos e secretos pensamentos invocam

 

Mãos anónimas

Sem rosto mas com dedos

Tão distantes e tão próximas

Tão indiscretas mas cheias de segredos

 

Mãos incríveis

Da quietude tão distantes

Loucas e irascíveis

Deixando alerta os passeantes.

 

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