Friday, March 02, 2012

Olhando para o Céu e olhando para o chão

As tempestades sempre foram um tema muito abordado nos meus sonhos. Na maioria deles sinto fascínio por fortes trovoadas e chuva intensa, um pouco como acontece na vida real. Também já houve uma fase em que tinha medo dos temporais nos sonhos. Ultimamente, à semelhança do que acontece na vida real, os sonhos com tempestades têm sido escassos. Com o tão apregoado regresso da chuva, parecem também ter regressado os sonhos de temporais.

Estava na paragem do autocarro, onde esperávamos o transporte escolar. O Céu cobriu-se de nuvens tão espessas como eu nunca vi. Quase ficou de noite mas era de manhã. O temporal surgiu pujante e repentino. Não havia chuva, apenas uma forte e estranha trovoada.

Os relâmpagos irrompiam no Ceu de uma forma estranha. Não o atravessavam como sempre acontece. Pareciam fogo-de-artifício mas de uma cor só- o lilás. Em simultâneo tínhamos uma série de relâmpagos desses a iluminar o Céu. Eu olhava maravilhada para aquele inesperado espectáculo. Estava tão distraída que um rebentou mesmo em cima de mim. Alguém me gritou que fugisse mas eu estava maravilhada de mais com aquele inesperado espectáculo para fugir. Bolas de fogo esverdeadas começaram a cair no chão. Também pareciam aquelas bolas coloridas do fogo-de-artifício.

Agora o sonho passa-se num local exterior desconhecido. Não me lembro bem dos seus desenvolvimentos mas recordo-me que percorria uma estrada não alcatroada de uma rua onde se situavam diversos edifícios ainda por acabar. Um deles era o meu destino. Tinha algo para levantar ali. Até penso que era dinheiro.

Já se fazia tarde, ainda tinha um longo caminho a percorrer até apanhar a camioneta de volta a casa. O edifício onde tinha que ir era muito semelhante a todos os que existiam nessa rua. As paredes ainda apresentavam a cor do cimento e do tijolo nu. Ao lado de umas escadas, havia também uma rampa que descia. Pelo menos o edifício respeitava todas as leis de abolição das barreiras arquitectónicas.

Olhava para o chão que estava escorregadio devido a lama em certas zonas. Sentia-me bastante entorpecida e caminhava com dificuldade. Era como se alguém me empurrasse. Trazia vestida a mesma roupa que na realidade enverguei ontem.

Vencida por aquele estranho cansaço, caí sobre a terra batida, voltei-me a levantar, caminhei mais um pouco e fui a cambalear por ali fora, caindo e levantando-me por diversas vezes. Pessoas que por ali passavam tentavam-me levantar ou, simplesmente, olhavam-me com curiosidade. Fui-me sempre levantando e ignorei todas elas.

Era tarde. Entro ou não entro? Estará ali muita gente? Fazia estas perguntas parada a olhar para a longa carreira de edifícios, todos parecidos uns com os outros, que havia naquela longa rua que eu não conheço e que parece não existir na realidade. E mais não sei. Não digo nada. Muitas vezes sonho com estes locais e tenho de lá passar dali a dias ou semanas.

Passou por mim uma velha e suja camioneta da TTRANSDEV. Não seria aquela que iria apanhar. Ainda faltava algum tempo mas não sabia se iria ali estar durante muito tempo. A olhar para o chão, perdi um pouco as referências daquela rua que não eram muitas por as casas serem muito semelhantes. Era ali ou mais abaixo? Ou mais acima? Parecia-me ser aquele edifício mas não tinha a certeza.

Afinal não era aquele. Aquele tinha escadas para cima e não para baixo. Com tudo isto já era tarde e estava a anoitecer. Voltaria numa outra altura. O que tinha para ali fazer podia esperar.

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