Tuesday, November 30, 2010

Seres horríveis

Acordei eram ainda duas e meia da madrugada vergada a um confuso pesadelo. Na verdade nem sabia o que pensar de tudo isto. Tudo tão assustador, tudo tão intrigante, tudo tão estranho.

O cenário era o meu local de trabalho- a padaria. Todos os tabuleiros estavam preenchidos com algo semelhante a cabeças humanas arrancadas brutalmente aos seus corpos, ensanguentadas e desossadas. Da vasta cor encarnada que predominava nos seres monstruosos, sobressaía uma tonalidade branca que parecia ser constituída pelos dentes ou os olhos das criaturas. Eram de facto assustadores, estes monstros sem corpo.

O mais intrigante é que eles pareciam sofrer bastante e imploravam insistentemente que não podiam viver assim. Queriam que acabássemos com eles, que os exterminássemos.

Provavelmente acordei aos gritos e, tal como acontece neste tipo de pesadelos, tinha medo de voltar a adormecer e voltar a ter sequelas destes pesadelos. Tal não aconteceu.

Continuemos com as criaturas estranhas, com estranhos acontecimentos e com embaraços a rodos.

Adoro sonhar com viagens. Escusado é sonhar com estes embaraços todos, estas situações desagradáveis que tenho de passar. Para embaraços e chatices tenho a vida real que me dá bem que fazer. Gostaria que os sonhos fossem um escape. Tal não acontece. Se eu pudesse comandar o meu subconsciente, só aconteceriam situações grandiosas nos meus sonhos. Tudo o que não tenho na realidade. Como agora não descanso durante o dia porque estou a trabalhar, há muito que não tenho um daqueles sonhos a que os especialistas chamam sonhos lúcidos. Aqueles em que sentimos um formigueiro na cara e depois podemos fazer o que nos dá na gana. Normalmente aproveito estas ocasiões para conduzir e andar de bicicleta, voar, estar com pessoas que desejo e muito mais.

Ia eu a dizer que tinha feito uma viagem algures incluída num grupo onde ia muita gente. A certa altura o nosso grupo perdeu-se e teve de se desenrascar indo por atalhos de toda a espécie.

Passámos por terrenos cultivados com erva fofa e já amarelecida pelo Sol e até tivemos de nadar numa espécie de lago com água muito suja e povoada por uns estranhos seres negros e lustrosos, semelhantes a sanguessugas. Eles não nos fizeram mal.

De tanto andar, trazia as calças rotas na zona das virilhas que já iam em ferida. Queria parar para trocar de roupa mas ninguém queria esperar por mim. A situação era mesmo desagradável porque não podia simplesmente andar assim.

Atirei com os meus pertences por um precipício abaixo e depois deslizei eu também por ali fora. Sabia que não me iria magoar porque havia daquela relva fofa que há pouco descrevi.

Afinal tudo não passava de um sonho dentro de outro. Afinal estava em casa, deitada no sofá da minha sala. O genérico de um filme holandês fez-me acordar deste primeiro sonho. Fiquei alarmada. Já era tarde. Nem sei como foi possível dormir tantas horas.

Não sei que horas eram quando acordei na realidade mas não havia que lamentar as horas que se esteve a dormir. Contando que não fosse acometida de pesadelos…

P.S: Por incrível que pareça, a primeira parte deste sonho, a mais horrível, realizou-se. Vão rir a bandeiras despregadas tal como eu me ri ao ver o que jazia nos tabuleiros que vi no sonho. A mesma tonalidade encarnada, as mesmas pequenas partes brancas…mas não eram monstros…eram…eram…a resposta num dos próximos textos.

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