Thursday, November 25, 2010

“Os Quatro Grandes” (impressões pessoais)



Não. Não vou falar de Futebol. Este post tem por objectivo esmiuçar o último livro que li e que é da autoria de Agatha Crhristie e protagonizado pelo inconfundível Hercule Poirot. Ou melhor…até vou mesmo falar de Futebol. O que é que acham?

Pois bem, quase desde que nasci que ouço falar dos três grandes do Futebol Português (Benfica, Porto e Sporting) e sempre ficou no ar a questão de quem é o quarto grande. Isto está tão enraizado na cultura desportiva portuguesa que nunca me dei ao trabalho de questionar a origem disto. Provavelmente nenhum dos leitores desta mensagem o fez também. Ao ler este livro, incrivelmente, talvez perceba de onde isto terá surgido e tudo não passou de alguma analogia feita pela Comunicação Social há muitos anos. Foi algo que pegou e que se enraizou de tal forma que hoje ninguém se lembra de ir à génese da expressão “Quatro Grandes” aqui apropriada à hegemonia do nosso Futebol.

Para perceberem melhor isto que acabo de escrever, vou passar a fazer um resumo do que se passou neste empolgante romance policial. Os Quatro Grandes eram um pequeno grupo organizado de criminosos com a finalidade de controlar o Mundo e criar uma nova ordem à sua maneira. Claro está que a ordem que pretendiam estabelecer era a ordem do Mal.

Tal como no Futebol Português, três dos membros dos Quatro Grandes eram conhecidos mas, ao contrário dos clubes nacionais, estes elementos estavam hierarquizados. O primeiro elemento era um chinês com um cérebro perigosamente brilhante. Era ele que pensava todas as ideias terríveis que se punham em prática. Esta organização operava criminosamente em áreas tão diferenciadas que ninguém, mesmo o comum dos cidadãos que passava na rua, estava livre das suas garras.

Para solidificar as ideias deste chinês seria naturalmente preciso dinheiro. O segundo elemento desta seita era um milionário americano que era provavelmente o homem mais rico do Mundo e que estava acima de qualquer suspeita.

Havia as ideias, havia o capital e tinha de haver algo mais. A Ciência. Em terceiro lugar tínhamos uma cientista conceituada, alguém intocável em França, uma mulher que gozava de grande carisma e prestígio mundial. Era considerada uma das maiores cientistas do Mundo. Uma mente brilhante também que fazia experiências com resultados bem surpreendentes para a época.

Havia ainda um quarto elemento cuja identidade se desconhecia. Lá está, discute-se muito quem é o quarto grande do Futebol Português. Aqui quase todo o livro residiu na procura da identidade deste elemento que era um implacável criminoso. Era ele que punha em prática todas as ideias maléficas orquestradas pelo chinês, financiadas pelo americano e apoiadas pelas experiências científicas da francesa. Este indivíduo esteve em todos os crimes que ao longo da história foram acontecendo. Poirot descobria-o sempre, apesar de ele se saber disfarçar muito bem devido á sua experiência no teatro.

Graças à colaboração de uma antiga namorada deste indivíduo que entretanto foi eliminada pelo mesmo, Poirot veio a descobrir que este quarto elemento era inglês e foi em tempos um actor de teatro. A sua antiga companheira sem querer contou ao detective belga que o seu namorado tinha um tique do qual não se apercebia e que consistia em bater com o pão em cima de uma mesa e depois apanhar as migalhas. Por mais disfarçado que estivesse, o indivíduo não deixava de ter esse comportamento. Se num restaurante Poirot visse alguém a fazer isso, depreendia que estava na presença do seu mais temível opositor.

O desfecho da história dá-se num local algo escondido de uma estância turística dos Alpes onde a organização efectuou uma reunião secreta num esconderijo que era o seu quartel-general. Usando o seu irmão, Poirot deixou que o seu opositor o raptasse e subornou uma das pessoas que trabalhava para a organização, convencendo-a a os deixar sair e salvar-se a ela também. É que os criminosos tinham colocado a detonar uma bomba que explodiria em pouco tempo. Vera ajudou o detective a fugir e quem ficou lá dentro foram três dos quatro membros da organização e seus cúmplices. Assim morreram todos. Ali só faltava o chinês que se veio a suicidar depois que soube que tudo o que havia construído desapareceu de repente.

Foi um dos melhores livros de Agatha Christie que li. Teve uma diversidade enorme de personagens, uma grande variedade de crimes diferentes uns dos outros e muita acção. A incerteza quanto ao desfecho prendeu-me do início ao fim.

No comments: