Saturday, February 13, 2010

Alexandra Lencastre dando aulas



Este é mais um sonho bem disparatado que teve origem, como não podia deixar de ser, em alguns acontecimentos que povoaram o meu quotidiano nas horas que o antecederam.

No Telejornal tive conhecimento de que a chuva caía inoportunamente no Haiti e que a população estava preocupada por haver risco redobrado de epidemias. Os habitantes estavam bem agitados.

Na novela, à qual os meus pais assistem, e eu que tenho bons ouvidos vou apanhando enquanto me vou aquecendo à lareira nestes dias de bastante frio, Alexandra Lencastre faz mais uma vez o papel de antagonista da história.

Haitianos e Alexandra Lencastre- uma combinação algo…estranha mas em sonhos tudo é possível.

Depois de tanto sonhar com haitianos, eis que me encontro sentada onde tantas horas da minha vida estive- ao cimo das escadas, junto à sala de Informática da ESEC à espera que ela abrisse.

A minha turma era muito heterogenia em termos étnicos, com alunos de várias proveniências. A maioria era de nacionalidade portuguesa mas havia estrangeiros, de entre os quais se destacava uma aluna do Haiti. Era dela que falavam os colegas enquanto eu ia lendo sentada nos degraus e com pouca luminosidade.

Segundo os alunos da minha turma onírica, a colega haitiana era a primeira a chegar às aulas e até chegava primeiro do que os professores.

Eu não sei o que se passou. Nos sonhos tudo é possível. Terei ficado a ler, distraí-me e nem reparei que os meus colegas tinham desaparecido todos. Já ia chegar tardíssimo á aula. Como foi isso possível?

De referir que a sala de aulas onírica é quase sempre a mesma. Não sei porquê. Talvez os psicanalistas tenham explicação para isso.

E lá chego eu a meio da aula para desestabilizar o ambiente. Que bom! A professora era…Alexandra Lencastre que com o seu ar arrogante lá ia explanando a matéria.

Não ousou a interromper o que estava a fazer quando eu entrei e nem me disse nada. Continuou como se nada tivesse acontecido. Nem quando eu fiz alguns dos meus colegas mudar de lugar. Isso mesmo! Quando cheguei à aula, alguns colegas meus haviam-se sentado nos lugares da frente mesmo sabendo que eu, devido ao meu problema de visão, tinha de ali ficar. Provavelmente pensaram que eu já não viria.

Já não é a primeira vez que sonho que entro numa sala de aula e os lugares da frente estão todos ocupados. Outro caso para ser analisado pelos profissionais da interpretação onírica.

Então nós arrastámos mesas, trocámos cadeiras, houve quem passasse da frente, mesmo de ao pé da professora para o fundo da sala e a Lencastre continuava a ditar a matéria ou a escrever no quadro? Nem ao menos perguntava o que se estava a passar?

Não tive outro remédio senão tirar o meu caderno e uma caneta e tentar escrever de onde consegui apanhar. Também havia apontamentos no quadro, destinados aos estrangeiros mas ela logo os apagava sem dar tempo aos desgraçados de os passarem.

Havia uma grande animosidade naquela sala com tão ilustre professora. Eu tentava escrever depressa para acompanhar o que ela ditava falando depressa demais para aqueles alunos que já estavam a passar das medidas com a professora.

Eu desisti de passar os apontamentos. Estava frustrada por não saber como iria estudar assim e, a certa altura, enchi-me e comecei a discutir:
- “Ó professora, assim não dá! Com esta turma tem de ter mais cuidado com a forma como dá a matéria. Tem de ditar mais devagar e não apagar logo os apontamentos que estão no quadro. Olhe que eu vou fazer queixa às técnicas da ACAPO!”

Ela nem se deu ao trabalho de me ouvir. Continuou a ditar a matéria como se nada fosse. Curiosamente, a única pessoa daquela sala que conseguia apanhar tudo aquilo era incrivelmente a nossa colega do Haiti.

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