Friday, March 07, 2008

Tirem os cavalinhos da estrada

Com as regras que alguns municípios portugueses andam a propor aos cidadãos, uma situação tão inacreditável como esta iria para o anedotário da infracção às regras.

Zé Égua era um conhecido criador de cavalos com uma enorme quinta. Ali trabalhavam largas dezenas de trabalhadores e eram criados cavalos de raça para todo o tipo de tarefas.

A Quinta da Égua- como era conhecida de há muitos séculos a esta parte- não ficava lá muito bem situada. A herdade havia sido construída ainda em 1759. Nessa altura por ali não passava sequer um coche. Aqueles terrenos eram isolados e os animais viviam à solta para aproveitarem o que a Natureza lhes oferecia.

Os anos foram passando e a civilização fez com que a situação geográfica da quinta modificasse bastante. O que era um carreiro secular onde apenas passavam os carros dos bois e algumas charretes de cavalos, é agora um troço de uma auto-estrada com imenso tráfego.

Foi colocada uma cerca bem forte para circunscrever a quinta de modo a impedir que os animais fujam e se metam à estrada. Mesmo assim...

Ontem estava eu numa tasca a beber com uns amigos de uma aldeia próxima quando um dos trabalhadores da quinta que também lá se encontrava teve de sair a correr.

Tinha acabado de receber uma chamada e saía porta fora numa correria desenfreada. O copo de vinho jazia em cima da mesa com um gole ainda no fundo. O pão com presunto abocanhado num dos lados rebolou na madeira até chegar quase ao prato de caracóis do homem que merendava à sua frente.

Todos nós ficámos com um ar intrigado. O que teria acontecido para o homem correr assim? Houve quem não resistisse à tentação de o seguir no momento. Outros esperavam mais um pouco. Eu fui o último a sair. Peguei a minha velha bicicleta e tomei um atalho. Limitei-me a seguir o Chico Farelo que ia à minha frente também numa velha pasteleira.

Aquele caminho empoeirado à nossa passagem ia dar às traseiras da Quinta da Égua. A cerca de um quilómetro e meio da entrada principal da quinta, já se ouviam vozes dispersas. Algures passava-se qualquer coisa. A multidão discutia e falava. O alarido ouvia-se perfeitamente. O que se estaria a passar?

À medida que me aproximava da quinta, ia estranhando a falta de algo que não sabia o que era. O clima estava diferente. Mas porquê? Depois de muito pensar, notei que não ouvia o barulho dos carros a passar na estrada. Logo me ocorreu a ideia de ter havido um acidente.

Pareceu-me avistar ao longe uma luz azul brilhante. Uma ambulância? Um carro da Polícia? Era um acidente.

Quando finalmente cheguei ao local, vi dois carros da Polícia. Nada de sinistrados nem de viaturas amolgadas. Em vez disso vi que o gado havia quebrado parte da cerca e havia invadido a estrada.

Cavalos, vacas e porcos passeavam-se felizes da vida naquele estranho chão cinzento. Vendo os intrusos, os automobilistas imediatamente chamaram as autoridades. Formou-se uma enorme fila de carros que buzinavam.

A Polícia resolveu interromper a via até que os animais fossem retirados para as suas celas e currais. Estava também a anoitecer e era hora de recolher a bicharada.

Entre os automobilistas as reacções eram as mais diversas. Uns riam à gargalhada, outros sacavam dos telemóveis para fotografar ou filmar aquele momento hilariante, outro buzinavam em sinal de protesto pela demora...

Houve uma senhora que, vendo tanto animal junto no asfalto, saiu do seu carro e pôs-se a correr sem destino. Atrapalhou-se e acabou por ir parar ao lado de dentro da quinta. Sem saber onde se havia de esconder para escapar do exército bovino, suíno e cavalar acabou por ir parar a uma cocheira onde já dormia um burro. Quando a viu, o animal começou a zurrar e ela assustou-se de tal forma que desmaiou e caiu para dentro do local onde o animal comia. O burro começou a puxar-lhe o cabelo. Se não fosse um dos funcionários a mulher não saía de lá, paralisada como estava de medo.

Um homem todo chique de fato e gravata tentou também fugir dos animais a toda a velocidade. Os seus sapatos que brilhavam de impecavelmente envernizados que estavam acabaram por encontrar bosta de vaca. O homem escorregou e caiu junto a um dos polícias que tomava apontamentos da ocorrência.

Um outro polícia entrevistava Zé Égua- agora proprietário da herdade:
-“São doze cavalos, vinte e cinco vacas e sete porcos na via pública. Isso assim não pode ser”
- “Eu tinha saído para comprar vacinas para o gado.”- começou por se desculpar Zé Égua.
- “Mas os animais pertencem-lhe e o senhor é responsável por todo e qualquer dano que eles possam causar à ordem púbica”- continuou o agente da autoridade que estava encostado a uma das viaturas policiais.

Um homem que se fazia transportar num veículo já em fim de vida barafustou:
- “Estão para aí a falar?!!! E se tirassem os cavalinhos do meio da estrada? Olhe que e quero ir para casa! Estou farto de trabalhar hoje.“
O polícia respondeu:
- “Eu também. Já hoje mandei parar um automobilista que foi capaz de ainda desobedecer mais que estes animais que aqui se passeiam pela estada. Tive de o mandar pender por desrespeitar a autoridade e por andar a conduzir com uma taxa de alcoolemia muito elevada.”
O homem continuou irredutível:
- “E que tenho eu a ver com isso? Quero os cavalinhos fora da estrada e já!”
- “Acalme-se!”-disse o guarda enquanto tirava notas e fazia contas.

As vozes subiam de tom à medida que o tempo passava e a Lua ia tomando o lugar do Sol. Enquanto os funcionários da quinta tentavam recolher os animais, outras pessoas ajudavam-nos.

Faltava um cavalo. Ninguém sabia onde se tinha enfiado. Sem ele ter aparecido, a Polícia deu por retomado o tráfego. Mais adiante um condutor teve de se esforçar ao máximo para evitar um acidente. Em sentido contrário passeava-se tranquilamente o cavalo que não respondeu à chamada de recolhimento. Voltou a confusão.

O trânsito voltou a estar interrompido e foi o cabo dos trabalhos para apanhar o animal. Era meia-noite quando tudo se acalmou e nós seguimos cada um para seu lado. Enquanto seguia pelo atalho, ia sorrindo por ter assistido a uma situação tão inacreditável como esta. Para recordar e contar aos netos numa tarde de Inverno à lareira.

Eram cerca de duas da manhã quando eu desliguei a televisão. Adormeci a ver a novela ou o concurso.

A manhã estava fria e o Sol brilhava intensamente. À medida que as horas passavam, a temperatura ia também subindo.

Adormeci no autocarro. Quando acordei já pensava que tinha passado a paragem. Afinal ainda não. Já estava preocupada. Nesse autocarro a máquina de picar as senhas ia avariada.

A manhã de trabalho decorreu sem incidentes. Iria estar bom da parte da tarde porque começava a ficar calor.

Ia no autocarro a ouvir um pouco de música. Cheirava imenso à transpiração ali dentro. Pensei que era o velhote que ia à minha frente e que saiu...no hospital. Depois de ele ter saído houve uma senhora que se foi sentar no seu lugar. Ela tentou-me oferecer a comida. Eu vinha de almoçar.

Perto do Cacém uma escola convidou atletas com várias deficiências para fazerem uma demonstração de desportos adaptados. Muito bem! É de saudar esse interesse e essa vontade de saber um pouco mais sobre a nossa actividade desportiva que é bem nobre mas nem sempre é reconhecida e apoiada.

Nada a registar numa tarde normal de trabalho.

A temperatura estava amena e convidava a um treino mais duro. Tinha de ser. Havia que fazer um teste antes da prova. Comecei com quatro voltas de aquecimento na pista 6 em 12.23.22m. Isto era apenas aquecimento. Estou a atravessar o melhor momento de forma desde que regressei.

Para esta sessão estava agendado o treino das séries do risco verde. Os tempos foram os seguintes:

73.97s
75.22s
76.32s
75.38s

A julgar por este treino, tenho indicações muito positivas para as provas do próximo sábado. Vamos ver...

A noite foi passada a estudar até às tantas. Queria uma boa nota para o teste. Menos de 17 já será uma má nota para mim.

Situação do dia:
Recebi uma mensagem daquelas que são logo para apagar. São mensagens de serviços e coisas que não me interessam. Só que essa mensagem bloqueou-me o telemóvel. Fiquei passada com a situação. Queria estudar e não sabia o que fazer com o telemóvel. Tive sorte porque lhe acabou a bateria. Se assim não fosse eu queria ver.

Bacorada do dia:
“N’Gal e Karagounis discutem a posse de posse.” (Em suma, quem mandava no lance.)

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