Wednesday, March 12, 2008

Não posso fazer milagres mas...

Tal como seria de esperar, o texto de hoje não poderia ter outro tema que não fosse o Atletismo e a minha prova.

Estava um belo dia de Sol e a temperatura era bastante agradável para a prática do Atletismo, especialmente para provas de velocidade.

Eu adoro quando a temperatura está mais elevada. Com frio não gosto de correr. O ideal para mim é estar algum calor mas o tempo estar nublado. Tinha calor e Sol a brilhar. Era com essas condições climatéricas que tinha de correr.

Era mais uma jornada de provas organizadas pelo INATEL de Coimbra. Encontravam-se a competir os atletas habituais neste tipo de competição. Muitos atletas veteranos marcavam presença. Parece que vão haver provas internacionais brevemente e eles esforçam-se para conseguir mínimos.

Uma atleta veterana de Coimbra caiu durante uma prova de lançamento do dardo- salvo erro. Parece que fracturou um braço. Foi mesmo pouca sorte!

Mais sorte iria ter eu. Sentia-me realmente bem. Estava muito calor na pista quando eu estava a fazer o meu aquecimento. Isso era muito bom! Tinha todas as condições reunidas para fazer um bom resultado. Além disso, nos 100 metros o Sol não bate naquela zona da pista e não me prejudica.

E eis que a Atleta Número 809 se prepara para a sua memorável prestação nos 100 metros. A seu lado seguem alguns corajosos atletas veteranos que se vão esfolar para conseguirem mínimos para algo. Todos são atletas masculinos, uns mais velhos, outros mais novos.

Na pista ao lado segue o atleta com quem eu vou travar o duelo do dia. Um duelo com dois rounds. É dado o tiro de partida para os 100 metros. A Atleta que veste de negro e enverga o dorsal 809 bem se esforça por se aproximar do atleta que corre a seu lado. Bem lhe tenta chegar, empenha-se, mas falta força explosiva e velocidade. Não admira, por mais que eu treine, acaba sempre por faltar algum trabalho de ginásio que estou impedida de fazer por causa dos olhos. Mesmo assim tento dar o meu melhor. Se fosse antigamente, lutaria palmo a palmo por cada milímetro, por cada centésimo com aquele atleta. Se não lhe ganhasse, ficaria muito perto de o conseguir. Enfim, sei que não posso fazer muito mais que isso. Contento-me em ainda poder fazer alguma actividade desportiva.

O resultado ficou abaixo do esperado- 19.96. mesmo assim consegui melhor que no ano passado. Falta-me explosão. Em certos momentos ainda me falham as pernas. Falta-me trabalho de ginásio.

Nos 400 metros haveria de fazer melhor. Seguramente! Não se exige tanta força bruta nas pernas e as indicações que tenho, segundo o treino da passada terça-feira, não irei ter grande dificuldade em baixar de 1.40 minutos que fazia o ano passado.

Na pista ao lado da minha seguia novamente o atleta com quem travei um interessante duelo na prova anterior. Como iria ser desta vez?

Pedi a uma colega que fotografasse a minha prova. Ainda bem! Iria ser o momento do dia.

Ia na pista 1. Os outros partiriam mais à frente. Foi dado o tiro de partida. O facto de ir na primeira pista teve a vantagem de não me preocupar com o Sol e com os riscos na curva. Bastava seguir junto à relva.

Cheguei a correr durante alguns minutos com o outro atleta em vista, mas ele tinha mais resistência e acabou por fugir. Continuei a dar o meu melhor. O resultado foi como eu esperava: 1.37.59 minutos.

Estava contente! Não defraudei as minhas expectativas. Quando isso acontece fico nas nuvens. Foi nesse estado de espírito que fui tomar um merecido banho. Mal sabia eu a peripécia que iria viver no balneário. Já lá iremos...

Como me portei bem, acabei por ir à Worten comprar alguns CD’s. Andei por lá a ver se já tinha algum CD igual àqueles do Zezé Di Camargo & Luciano. Afinal não eram iguais. A história dos chinelos continuava a intrigar-me.

Cheguei a casa com a noção de dever cumprido. Estava feliz com a minha prestação. Fazer mais é impossível com o actual estado de coisas, mesmo assim faço de tudo por dar o meu melhor.

Parece que não me levantei cedo. Nem devia! Quando há provas tento descansar o mais possível para me apresentar na máxima força.

Este dia 17 de Março de 2007 ficaria ainda marcado por um escaldante Porto-Sporting. Até aí tive sorte. Apesar de quase parecer impossível, os leões acabaram mesmo por vencer. O golo foi apontado pelo chileno Rodrigo Tello na cobrança de um livre. Para o Benfica este resultado acabaria por ser também uma vitória.

E terminou assim mais um espectacular dia que me correu extremamente bem. Apenas uma pequena coisa me intrigava: o que aconteceu aos meus chinelos? Eu tinha uma ideia...

Situação do dia:
Ia bastante satisfeita para o balneário. A jornada havia corrido extremamente bem. No interior do balneário alguém tomava banho. Era...um homem que imediatamente se desculpou pelo facto de o balneário não ter indicado se é masculino ou feminino. Insensível a desculpas, imediatamente lhe ordenei para ir para o balneário ao lado. Esse sim é que era o dos homens. Ele acatou a ordem. Enrolado numa toalha em tons de encarnado, pegou apressadamente nas suas coisas e fez como eu lhe indiquei. Com toda essa situação embaraçosa, nem reparei se ele estava calçado ou descalço, muito menos na cor dos chinelos que trazia. Quando fui para tomar banho, constatei que os meus chinelos haviam desaparecido. Tinha quase a certeza que os tinha trazido e que os tinha colocado em cima do banco junto ao meu saco de equipamento. Mesmo assim, como tinha de ir levar o saco a casa, ainda fui ver se por acaso os lá tinha deixado. Não estavam em casa. Tinha a certeza a noventa por cento que os tirei e deixei em cima do banco. Imediatamente depreendi o que se tinha passado: o atleta que eu apanhei a tomar banho no balneário feminino calçou-os para desenrascar. Se eu não tivesse aparecido, provavelmente ele seguiria a sua vida e deixaria os chinelos no mesmo sítio. Como saiu apressado, levou os chinelos calçados. Sendo assim, eles apareceriam mais tarde. Ninguém quereria roubar uns chinelos tão velhos e tão sujos que chegam a estar nojentos. Fui ter com o segurança do Estádio que me conhece bem e alertei-o para que, se lhe viessem entregar uns chinelos azuis, eles eram meus e eu recuperá-los-ia na próxima terça-feira quando viesse treinar. Contei-lhe o sucedido no balneário e que, provavelmente aquele rapaz os tivesse levado calçados. Vão ver que eu estava coberta de razão. Tenho de montar um consultório. Posso dizer que os meus ranhosos chinelos vão aparecer.

Bacorada do dia:
“Estou a tirar o tempo do vento.” (A medir a intensidade do vento.)

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