Wednesday, April 11, 2007

Toupeiras à caça no Texas

Esta chega dos Estados Unidos e é incrível. Aliás, tudo o que chega desse país é incrível. Como esta notícia nos diz muito, toca a explaná-la até ao ridículo.

Parece que no Texas (em que outro estado poderia ser?) os cegos já podem ter licença de porte de armas e podem caçar. Essa é boa! Que belo texto vai sair daqui! Duas toupeiras à caça? Fujam que eles vão atirar em tudo o que mexe e no que eles julgam ter ouvido mexer.

Isto ainda vai ser pior que aquela cena da caçada do “Gato Fedorento” em que o protagonista confundia sempre as peças de caça com o seu primo Zé Carlos, a quem ele não deixava falar durante a entrevista. Cegos à caça? Só mesmo no Texas.

E cá vai disto: dois invisuais de uma associação do Texas marcaram para um sábado de manhã uma agradável caçada num terreno baldio que um deles tinha encontrado por lá ter ido cair por acidente.

Joe Mole e Dustin Hunter encontraram-se no local combinado com as suas armas de caça e as suas munições. Mole andou, dias antes, a tentar descobrir que tipo de caça existia naquele local. Queria caçar ali e pronto. Quando ele metia uma coisa naquela cabeça de americano teimoso, dificilmente alguém lha conseguia tirar.

A mulher bem o avisou de que era melhor ficar no conforto do lar com a família a fazer um churrasco. Mas para fazer o tal churrasco era necessário ir caçar qualquer coisa.

Assim convidou o amigo e foram para aquele local tentar a sua sorte. Não conversavam. Primeiro tinham de estar bem concentrados e em segundo não queriam espantar a caça.

Passaram cerca de três horas quando Joe Mole sentiu um certo movimento de qualquer animal. Concentrou-se para ver de que lado vinha o som e para onde se estava a deslocar. PUM! Sem avisar o amigo, a Toupeira dum Raio abriu as hostilidades.
_Queres-me matar de susto homem?!! Já estava a passar pelas brasas! Até estava a sonhar que tinha caçado uma raposa...- disse Hunter algo irritado.
- Estava ali alguma coisa a mexer e eu não sabia o que era. - desculpou-se Mole.

Passaram aí uns vinte minutos quando Mole voltou a ter sensações auditivas. PUM! PUM! Dois estrondosos disparos.
-Calma homem! O vento está-se a levantar. É natural que as coisas mexam.- disse Dustin Hunter ao impaciente amigo.

Um saco plástico voava com o vento na direcção dos caçadores cegos que dispararam as suas armas ao mesmo tempo.
-É meu! Fui eu que disparei primeiro.- disse Mole.
-Mas eu é que lhe acertei. - disse o outro.
Correram os dois em direcção à “presa”. A precipitação foi tanta que tropeçaram um no outro e caíram.
- Ai era isto?!!! Mal empregado chumbo! - lamentou-se Hunter.

Passaram mais alguns minutos. Sempre obcecado com tudo o que mexe e mais alguma coisa, Mole não hesita em atirar para o local onde julga ter sentido movimento. Após o tiro saído da sua espingarda, Mole ouve um berro indescritível e afirma:
- Agora não me enganei! Agora cacei alguma coisa e foi caça da grossa, a julgar pelo grito do animal.

Agarrado ao braço atingido pelo tiro do companheiro, Hunter contorcia-se com dores. O chumbo acerou-lhe de raspão. Era preciso ter cuidado. Mole era mesmo um tarado por armas e por caça.

Mole procurava o “animal” atingido pelo meio do terreno. A certa altura pôs-se a correr e foi parar a um pequeno buraco com água. Viu-se e desejou-se para sair lá de dentro. Novamente livre, Mole continuou a caminhar sem destino, tacteando com o cano da caçadeira no chão. Não sei que jeito dá ele à arma que esta dispara. Por incrível que pareça, o disparo atingiu certeiramente um javali que dormia. Escusado será dizer que Mole não cabia em si de contente.

Vendo que o companheiro não regressava e com o braço atingido por uma das balas que Mole disparou na ânsia cega de caçar, Hunter resolveu ligar para uma brigada de buscas. O problema era que ele não sabia precisar exactamente onde se encontrava. Disse que era perto de casa num terreno baldio.

A equipa de buscas, equipada com cães e homens extremamente competentes entrou em campo para procurar as toupeiras dum raio que se meteram assim a caçar. Não foi preciso andar muito para localizarem Hunter. O mesmo já não se podia dizer de Mole.

Estava já a escurecer. A equipa de buscas estava quase a desistir. Toda a gente estava já exausta de tanto procurar aquele caçador compulsivo. Também tinham medo de o encontrar e ele disparar contra eles. Presságio?!!

Já preparavam a retirada quando o localizaram. Mole ainda estava perto do javali que caçou sem querer. É que os disparos anteriores acertaram em tudo menos em peças de caça. Um tiro foi para lado nenhum, o segundo foi para um saco plástico, outro foi para Hunter que puxava de um lenço para se assoar...Não tinha ali a bengala, serviu-se da caçadeira para se guiar e foi nessas circunstâncias que caçou um enorme javali que até impressionou o primeiro guarda que o avistou ao longe.

Mole sentiu alguma coisa a mexer em seu redor. Com o seu instinto de caçador louco, disparou em todas as direcções. O resultado da “caçada” foi dois polícias mortos, três feridos e uma valente mordidela do cão-polícia nele.

O cego foi levado para a esquadra. Já não era a primeira vez que Mole tinha problemas com a justiça por causa da sua paixão pela caça. As autoridades constataram mais tarde que se tratava do mesmo homem que andava a caçar numa reserva natural com o seu cão-guia. Num dos seus disparos febris, o artista matou o cão e vangloriou-se de ter caçado uma óptima peça para um churrasco. O pior não foi isso. Mole matou meia dúzia de aves raras.

Num estado como o Texas em que ainda existe a pena de morte, o caçador pitosga apenas foi condenado a prisão perpétua. Valeu a atenuante de ser invisual.

Do texto criativo que eu inventei para sublinhar esta notícia completamente insólita, passo para a descrição de um sonho não menos absurdo. Passam mais de três meses sobre a data destes acontecimentos. Estou em condições de fazer aqui um comentário que irão ver também mais à frente aquando da descrição de um pesadelo terrível que também terá sido provocado pela mesma situação. Na altura em que descrevia esse pesadelo, nem sequer me lembrei deste sonho mas hoje, ao ler isto, tenho ainda mais razões para ser contra os alarmes ligados nas ambulâncias, carros da polícia e outras viaturas do género durante a noite. Nem sabem o quanto incomodam uma pessoa que está a dormir. E este sonho ainda não é nada, comparado com um outro que vai ser descrito. Esse sim arrepia. Ao contrário deste, eu tenho a certeza absoluta de que aquele terrível pesadelo só foi possível porque passou um veículo desses a horas impróprias para se fazer barulho.

Vamos então a este sonho da noite de 11 para 12 de Dezembro. Passou uma viatura dessas à porta de minha casa quando eu dormia. Acordei assustada e bastante incomodada. Era de noite e ali, ao contrário do que acontece em Coimbra, não é usual passar assim uma viatura. O que se terá passado? Constatei ao acordar que afinal estava em Coimbra e não em casa. Mesmo assim...

Voltei a adormecer e o sonho prosseguiu. Encontrava-me na sede da Académica. Tinha lá ido levar o meu currículo e a minha orientadora pediu para que eu ficasse porque tinha uma coisa para eu ver. Bem...era mais para eu ouvir.

Um rádio dos antigos emitia um estranho relato. Era a sensação que eu tinha. Tudo ali me despertava uma sensação estranha. Os nomes dos jogadores eram desconhecidos. Parecia um relato de um jogo entre equipas sul-americanas ou algo do género.

Deu-se então a ligação (estranha) entre o veículo que havia passado à minha porta e esta segunda parte (chamemos-lhe assim) do sonho. Era uma ambulância que transportava um jogador sul-americano que morreu em campo.

Mais à frente no mesmo sonho o jogador já era russo. Em que é que ficamos? Em coisa nenhuma.

Eu até sei de onde veio essa da morte de um jogador sul-americano. É que vi ou li algures que surgiram rumores de que o mexicano Blanco tinha morrido. Blanco é aquele jogador que faz malabarismos impressionantes com a bola. As suas fintas enganam muito bem os adversários.

Depois de quase três páginas dedicadas a tudo o que é irreal, vamos acordar e colocar os pés bem assentes na terra. Temos mais um dia frio e instável.

Finalmente fui comprar um telemóvel novo. Já andava mesmo a precisar. O meu já não dava mesmo para nada. Agora tenho um que é uma mais-valia para este blog, na medida em que tira fotos. Como os textos estão desactualizados, já houve oportunidade de mostrar aqui uma ou duas fotos conseguidas graças a ele. Estou-me a lembrar de uma de um autocarro que se encontra no texto “Diário de um autocarro amarelo” e a outra está num outro texto sobre um semáforo.

Não tenho aqui mais nada registado sobre os ensaios. Mas será que nada se passou? Provavelmente passou. Eu é que não apontei.

Como fui tratar do telemóvel, o treino ficou para outro dia. Fui para casa tratar de estender roupa e depois fui “brincar” um pouco com o telemóvel. Afinal de contas, era um brinquedo noivo.

Com o entusiasmo, nem dei pelos pés a arrefecerem. Adormecer assim gelada é que foi um problema.

Situação do dia:
Se soubessem o castigo que foi encontrar os apontamentos de ontem...Sabia que tinha tirado apontamentos, mas não sabia onde estavam no caderno. Comecei a pensar que havia bruxas e não sei que mais. Afinal tinha feito asneiras e tinha usado duas folhas diferentes. Só faço disparates!

Bacorada do dia:
“Experimentei na experimentação.” (Foi mesmo para isso que ela serviu.)

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