Wednesday, April 11, 2007

Sinterklaas






O dia 6 de Dezembro é muito importante na Holanda. É o dia de Sinterklaas. Na aula falámos um pouco dessa personagem que muitos confundem com o Pai Natal.

As crianças acreditam que Sinterklaas parte de Espanha num barco a vapor a caminho da Holanda. Na data esperada, o santo desembarca nas diversas cidades holandesas e premeia as crianças mediante o seu comportamento ao longo do ano.

Sinterklaas transporta um saco cheio de guloseimas para distribuir pelas inúmeras crianças que o esperam enquanto entoam canções a ele dedicadas. O momento da chegada de Sinterklaas tem honras de transmissão televisiva.

Sinterklaas não viaja sozinho. Conta com a ajuda de outros personagens que vestem uns fatos coloridos e se encarregam de dar as “recompensas” aos meninos. São os Zwarte Piets que distribuem prendas pelos meninos bons e vergastadas com uma espécie de vassoura para os meninos que se portam mal.

Dizem que Sinterklaas é o Pai do Pai natal que conhecemos. Foi um santo que viveu na Turquia e que operou alguns milagres. Num deles fez ressuscitar três homens que foram mortos e colocados em três panelas ao lume.

A diferença entre este Sinterklaas e o Pai Natal em termos de apresentação é que o Sinterklaas, apesar de vestir igualmente de vermelho e branco, usa uma espécie de mitra na cabeça em vez do gorro que nos é tão familiar.

Voltando ainda à tradição holandesa, na noite de 5 para 6 de Dezembro as pessoas colocam os sapatinhos junto à lareira, cantam e comem doces tradicionais da época... Pouco ou nada difere da nossa véspera de Natal.

Os adultos já não acreditam em Sinterklaas. Para eles há a noite das surpresas. Faz-se um sorteio entre todos os familiares ou amigos que irão passar a noite juntos. Cada pessoa tira um papel ou outro tipo de coisa que indique o nome da pessoa a quem irá fazer uma surpresa divertida. Se é que a pessoa irá achar mesmo graça. Normalmente os presentes têm a ver com algo relacionado com a pessoa a quem se vai fazer a dita surpresa.

Na aula dedicada a Sinterklaas, para além de abordarmos o tema, ainda tivemos oportunidade de provar alguns doces tradicionais que se comem habitualmente nessa quadra festiva. São apetitosos!

A semana nunca mais chega ao fim, apesar de ser mais curta. O tempo também não ajuda a que estejamos com outro estado de espírito. Isto está muito mal feito. Virmos para aqui três semanas sem fazer nada. Sempre nos dizem que é o primeiro ano que os cursos decorrem desta forma e que está em regime de experiência. Mas acham que temos cara de ratinhos ou de macacos de laboratório? Se fizessem experimentações de quatro semanas em vez de três, nada disto acontecia. Digo eu que sou apologista de um mês de experimentação. Realmente não estaríamos agora neste marasmo quotidiano em que nos sentimos abandonados e entregues à nossa sorte.

Ainda bem que tudo isto se passa na época do Natal em que há toda uma série de actividades para fazer. Para esse dia, por exemplo, estava marcado o sorteio do “Amigo Invisível”.

O “Amigo Invisível” consiste num sorteio entre os participantes. Cada pessoa tira um papelinho com o nome da pessoa a quem irá dar pequenas prendas que colocará na caixa com o seu nome, sem que ela venha a descobrir. No final cada pessoa entrega uma prenda mais valiosa ao seu amigo invisível e é aí que se descobre quem ofertava quem.

A mim calhou-me uma amiga invisível que ficará no segredo dos deuses até dia 20- data marcada para a entrega de prendas. Até lá, a diversão e a ansiedade ficarão ao rubro. As caixas irão ser visitadas inúmeras vezes ao dia em busca de uma mensagem, de um chocolate ou de uma pista que leve à pessoa que coloca as “prendas”.

Na cantina, não sei como, caiu-me tudo o que eu trazia na carteira. Andava desesperada à procura das coisas sem encontrar explicação para o seu desaparecimento. Um estudante achou a minha senha e o meu dinheiro que devem ter caído ao chão e entregou-me. Ainda há gente séria neste Mundo!

No caminho de regresso reparei que o Céu estava azul de um lado e negro do outro. O tempo não anda mesmo de confiar. Nem sabia se ia chover, se ia estar uma tarde espectacular.

Na sala de multimédia convertida agora numa “sala de aula” temos de nos governar com os parcos recursos materiais que existem. Os computadores têm umas particularidades insólitas. Um deles muda os contrastes quando lhe apetece e sem avisar. A criatura não obedece e não desliga quando o queremos desligar. É demais!

Havia que enfeitar as instalações da ACAPO. Com uma dor de cabeça tremenda de estar sem fazer nada, fui cortar papel para enfeirar uma árvore de Natal enquanto não começava o ensaio. E que ensaio!

Como uma funcionária da nossa delegação vai entrar na Zorba, passou a haver um homem a menos e duas mulheres a mais. Para as coisas ficarem equilibradas, ficou decidido que eu iria envergar o traje de homem. Agora tinha de procurar novamente material. Mas agora era mais fácil porque eu tenho parte das coisas que são precisas em casa. Há que as procurar.

Depois da aula de Holandês dedicada a Sinterklaas, cheguei a casa. Benfica e Porto jogavam com duas equipas inglesas. O Benfica defrontava o todo-poderosa Manchester United de Cristiano Ronaldo, enquanto que o Porto tinha o Arsenal de Londres como opositor. Jogava-se igualmente o futuro destas duas equipas nas competições europeias.

Quando eu cheguei a casa o Benfica surpreendia o Manchester United por 0-1. Nelson tinha sido o autor do golo. Era uma boa altura para ligar para casa para a minha mãe me procurar algum material necessário para a Zorba. Ninguém atendia, apesar das inúmeras tentativas. Como sempre, devem ter-se metido na cama por volta das cinco e meia. É incrível! Se um dia acontece alguma coisa não há meio de contactar, com o andar das coisas. Ninguém ouve o telefone. Ninguém atende...Por fim a minha mãe lá atendeu. Diz que estava a fritar peixe na cozinha do outro lado e não ouvia o telefone. A fazer-lhe companhia estava a gata Feijoa.

Voltando aos jogos, o resultado não foi famoso para o ranking. O Benfica acabou por perder com a turma de Cristiano Ronaldo por 3-1. Mesmo assim, o Glorioso pode continuar a jogar na Europa. Vai para a Taça UEFA.

Já o Porto empatou a zero com o Arsenal e continua na Liga dos Campeões.

As decisões da Europa do Futebol puseram fim a mais um dia que, apesar de tudo, acabou por ser divertido. Já vão ver.

Situação do dia:
O ensaio da nossa canção de Natal foi incrível. De tudo aconteceu para nos desconcentrar. Há uma colega nossa que dá uns espirros muito cómicos. Um dia estávamos numa aula normalmente a explanar matéria quando surgiu uma coisa dessas. Já me doíam os abdominais de tanto rir. Para ser sincera, acho que nunca me ri tanto na minha vida. Desta vez, estávamos a cantar tão bem- acho que finalmente estávamos a cantar afinadinhos- quando ela resolve sacar de mais um desses indescritíveis espirros. Ficou aí, desde logo, o ensaio comprometido. Eu já não sabia mais o que fazer para parar de me rir. Como se isso não bastasse, o psicólogo decidiu gravar o nosso desempenho na canção. E lá tive eu de fazer um esforço sobre-humano para não me rir mais. Só que...estávamos bem lançados a cantar...já parecíamos um coro profissional. Estávamos tão bem quando o telemóvel dele tocou. Mais outra barrigada de riso. Depois ele queria novamente colocar o computador de bolso a gravar. Ainda cantámos. Demos o melhor. Fomos para ver o resultado mas...o computador não tinha gravado nada. Tinha a memória cheia. Depois de apagadas algumas faixas, foi recomeçado o cântico. No final ouvimos. A gravação desta vez saiu bem mas...só se ouvia a minha voz. Parecia uma peixeira a apregoar no mercado de Espinho, uma gata miadeira...de fugir mesmo. Horrível! Para a próxima concorro ao “Ídolos”.

Bacorada do dia:
“O computador está com os contrastes ao contrário.” (Não percebo o que se tentou dizer, mas sei que esse computador é demais tal como este comentário.)

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