Saturday, April 14, 2007

O edifício colorido


Ver texto “Da casa de banho imunda ao edifício colorido”

Toda a gente deveria estar à espera que o tema principal deste texto fosse, naturalmente, a Festa de Natal que tanto assunto deu a este blog. No entanto, algo me impressionou mais do que a festa. Começo a pensar que há coisas difíceis de explicar. Não é a primeira vez que aqui narro neste meu espaço, onde explano todos os meus segredos e sensações, sonhos que se realizam.

Aconteceu isso um par de vezes. Até estremeci quando ia no táxi com o meu colega. Ia carregada com uns sacos de roupa que tinha trazido para os eventos da festa. Íamos apanhar o comboio e na zona da Portagem vi aquilo que havia visto num sonho cerca de três meses antes. O edifício cheio de luzes que ficava em Coimbra e eu não sabia onde era estava, afinal, ornamentado com luzes de Natal. Com essas luzes, ele ficou exactamente igual ao que eu tinha visto no sonho.

Embasbacada com o que acabava de ver, perguntei ao taxista se aquilo eram enfeites de Natal. Ele confirmou. O que me causou também algum espanto foram as circunstâncias em que o sonho se realizou. Estava a anoitecer como no sonho e ia apertada igualmente entre alguns sacos que eu trazia.

Por essas e por outras, começo a pensar que tenho o dom de prever as coisas. Será que isso acontece também com a maioria das pessoas? Não sei quantos mais sonhos que eu tive irão ser realizados.

Estava um lindo dia de Sol. Era mesmo dia de festa. Esperava era que a festa não fosse outra. A do disparate.

Decidi que levaria um vestido que a minha senhoria lá tinha. Precisava era de encontrar uma camisola preta ou lá o que fosse. Pensando que estava a levar a saca com o vestido, acabei por levar um outro saco azul que tinha umas peças de roupa. Curiosamente, foi de dentro desse saco que surgiu o que eu procurava: uma camisola preta. Aliás, eu acabei por ficar mesmo com tudo o que encontrei nesse saco. Havia até um equipamento de Futebol, umas t-shirts e uma camisola para o meu pai. Ele ia ficar contente!

Levei também os meus corsários, tal como prometi. Mas iria assim cantar?

Almocei no café, mas se sabia tinha almoçado também com a minha irmã e o resto do pessoal na ACAPO. Ainda se carregavam caixotes para a carrinha. Era tal a ânsia de levar coisas para as instalações do IPJ que alguém já queria levar as nossas caixas do “amigo invisível”. Outras coisas houve que deveriam ter ido e não foram.

As pessoas começaram a chegar lentamente e a instalarem-se nas confortáveis cadeiras. A música era clássica e aborrecia. Mas não deveria ser música de Natal?!! Não é por falta de músicas alusivas a esta quadra festiva que a banda sonora da espera era aquela miséria franciscana.

Outra coisa que preocupava muitos de nós era o atraso com que a festa iria começar. Também aquela música ajudava ainda mais a aumentar o stress. Surgiram contratempos. Parece que não havia cadeiras para a banda de música. Depois para o lanche havia problemas porque não abriam a porta. Acho que foi assim.

E finalmente começou a festa com o Presidente a fazer o discurso de abertura. Seguiu-se o meu colega que recitou um poema alusivo ao Natal da autoria de Albuquerque e Castro.

A banda- que eu não me recordo de onde era- comodamente sentada em cadeiras que foram desencantar sei lá onde, aqueceu os corações quando interpretou “One Moment in Time”. Adorei!

E lá tínhamos de nos preparar para entrar em cena. Iríamos começar com o mais difícil: a Zorba. A confusão era mais que muita para o pessoal trocar de roupa. E o zeloso pessoal que até as caixas do “amigo invisível” queria levar, acabou por se esquecer das nossas faixas. Actuámos mesmo sem elas. Não tivemos outro remédio!

E lá fomos nós, as toupeiras encarnadas e brancas, dançar a Zorba. Ninguém caiu, mas a pessoa que estava a dar-nos apoio meteu água no final. A música não era para terminar ali. Não houve crise! Provavelmente ninguém notou.

Não havia tempo a perder. Tínhamos de nos vestir para o coro enquanto outro colega cantava as suas canções no palco do IPJ. Novamente a confusão. De Ílhavo veio uma saia comprida e uma camisola preta. Só que eu levei a camisola que tinha achado em casa. A outra camisola acabou por ser para a professora de Braille que tinha frio. Se eu levei os corsários ou as bermudas por baixo? Claro!

Antes de entrarmos em palco aquecemos as vozes com o vinho do Porto a ajudar. O nosso colega terminava a sua actuação. Depois éramos nós.

Na minha opinião tudo correu bem. Assim que saí do palco tirei a saia e fiquei de corsários e camisola. Tinha de mudar de roupa a toda a pressa para apanhar um táxi para a estação. O lanche e a visita do Pai Natal ficavam para o próximo ano.

Quando cheguei a casa já os meus pais estavam recolhidos e o Benfica já jogava com o Setúbal. O Glorioso acabou por vencer por 3-0. Os golos foram apontados por Nuno Gomes, Simão e Nuno Assis.

A Briosa jogava em Alvalade com o Sporting e perdeu por 1-0, num daqueles jogos em que Liedson resolveu. Este jogo foi acompanhado através da Rádio Universidade de Coimbra (RUC). Também aí cascaram no Bueno. Começo a ter pena dele.

Situação do dia:
Definitivamente, eu não quero nada com vestidos. Nem os sei vestir! Ainda no balneário da ACAPO experimentei o vestido da minha senhoria. Ele tinha um forro. Já estão a ver a cena. Que complicação para o vestir e depois para o despir. Ainda bem que foi só naquele dia!

Bacorada do dia:
“O público apita…” (já não era a primeira vez que surgiam árbitros de bancada que enganavam os jogadores.)



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