E teimam, exigem, ordenam...chateiam e continuam a chatear. Querem que eu vá para o coro de saia ou de vestido. Se eu for, vou com uns corsários por baixo que eles até se consolam. Eu sou assim! Estou passada com isto!E ainda me chateiam mais! Só agora é que dizem também? Mas pensam que eu tenho dessas peças de vestuário? Quem é que pensam que eu sou?!!! Ora essa! Vou ao Dolce Vita roubar uma saia ou um vestido, se calhar! E se eu não arranjar um? Ai era bem feita!
Ninguém tem uma saia ou um vestido à minha medida. Ou são grandes, ou são pequenos demais. Que tamanho de vestido é que eu visto? Isso lá é pergunta que se faça a mim? Há mais de vinte anos que não visto dessa roupa! E continuaria mais outros vinte sem que esse tipo de roupa me entrasse no corpo.
Falta pouco para a festa. É o outro sem umas calças pretas e eu sem um vestido ou uma saia. Em Ílhavo vão ver se há alguma coisa que me sirva. E se não encontram? Vai ser demais!
Contrariada, vou perguntar à minha senhoria se ela tem por lá alguma coisa que remedeie. Se me vierem chatear, eu digo que foi o que eu consegui arranjar. Por acaso ela tinha lá um vestido que eu estive para rejeitar. É um vestido de trazer mais por casa, mas é o mais que eu posso fazer. Se não gostarem...comem menos. Eu levo umas calças de treino arregaçadas. Melhor...até levo uns corsários, bermudas ou lá como é que se chama. Está feito!
As condições climatéricas pouco diferiam dos dias anteriores. Não chovia e o Sol brilhava, acompanhado de muito frio.
Depois de mais uma reunião, os responsáveis chagaram à conclusão de que será melhor darem-nos férias na semana a seguir ao Natal. Afinal das contas, não vimos para aqui fazer mais nada. Ainda por cima, decorrem avaliações. Uma boa notícia! Uns merecidos dias de descanso antes do estágio e Deus queira que haja estágio.
Com tudo isto, a festa de despedida passa para o dia 22. Não há-de haver crise. Tudo o que se tem a fazer, faz-se na mesma. Partimos, no entanto, sem saber o que nos espera a partir de Janeiro. Isso é que nos assusta.
A manhã foi passada na sala de multimédia, se bem me lembro. Foi lá que nos vieram dar a notícia das férias inesperadas.
No Desporto, houve sorteio para as competições europeias. Benfica, Porto e Braga conheceram os adversários que irão defrontar no próximo ano. Começando pelo jogo grande, o Porto vai defrontar para a Liga dos Campeões, nada mais, nada menos que o Chelsea de José Mourinho. Que jogaço! Para a Taça UEFA, o Glorioso até teve sorte
, Digo eu. No caminho do Benfica está o Dínamo de Bucareste da Roménia que está longe de ser um colosso do Futebol Europeu. Já o Parma que calhou em sorte ao Braga já foi uma equipa respeitada na Europa do Futebol, mas a equipa de Fernando Couto está a atravessar momentos difíceis. Para Fevereiro ou Março se verá!
Mas o dia foi definitivamente marcado pelos últimos preparativos para a festa de Natal. Deram-se os acabamentos finais dos fatos, experimentou-se a indumentária que se ia levar e decorreu o ensaio final. O coro sofreu uma alteração. A nossa professora de Braille que até canta bem substituiu a assistente social que ficou sem voz durante a semana.
Vamos ver se tudo corre bem. Que ninguém desafine, que ninguém se engane e que ninguém tropece ao dançar a Zorba.
Ao final da tarde houve um treino. O apronto consistiu em vinte minutos de corrida rápida e seis rectas. Isto para além dos indispensáveis e extremamente importantes alongamentos.
Já em casa, perguntei à minha senhoria se ela tinha um vestido por lá. Os que lá havia não eram grande espingarda, mas era o que eu deveria usar caso não arranjassem mais nada em Ílhavo.
O final da noite foi passado a ler um artigo sobre o “Gato Fedorento” e a ver uma reportagem que deu na televisão sobre Herodes. Era mesmo mau, ganancioso, com a mania das grandezas…ele fazia coisas que…meu Deus! Talvez o ditador mais antigo do Mundo.
O dia seguinte iria ser de emoções fortes. Conseguiria eu arranjar um vestido ou uma saia? Haveria bronca na Festa?
Situação do dia:
A tarde foi dedicada a experimentar os fatos e a dar os últimos retoques na indumentária da Zorba. Eu vou de homem e por isso me livrei de fazer aqueles braços vermelhos para as roupas. Ainda bem! Eu passava-me de cada vez que rasgavam aquele tecido vermelho. Estava em pele de galinha. Nem imaginam a impressão que aquilo me causava. A táctica foi ir buscar o meu leitor de mp3 e colocá-lo no máximo de cada vez que o tecido era rasgado. Mesmo assim não resultava. Estava-me mesmo a dar uma coisinha má. Aquilo era uma tortura. Era insuportável!
Bacorada do dia:
“Dêem um documento a este ficheiro.” (Ordens são ordens, mesmo que não se perceba patavina do que seja para fazer.)
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