Sunday, April 22, 2007

A coragem que eu tive


O dia terminara naquela tarde fria de 19 de Dezembro de 2006. Nada mais havia a fazer na rua. Restava ir para casa descansar e resguardar-me da melhor forma possível do frio intenso que se fazia sentir.

Quando fui buscar o equipamento, havia deixado entrar o gato. Não havia ninguém em casa. O gato preto ficaria lá até que eu voltasse.

Quando regressei, não havia ninguém em casa, tal como quando eu saí. Estranhei o facto de não ter encontrado o gato dentro de casa, tal como o deixei. Não liguei. Por onde teria fugido o gato?

Troquei de roupa e fui preparar algo para comer. Enquanto comia, ouvia o telefone a tocar. Obviamente não fui atender. Não era para mim. Se quisessem falar comigo teriam ligado para o meu telemóvel. Eu nem sei o número daquele telefone para o dar a quem quer que seja que me possa contactar. Na altura pensei que fosse publicidade ou alguém que não soubesse que a minha senhoria tinha ido a qualquer lado com algum familiar.

Estava muito frio e eu fui-me enfiar debaixo das cobertas a ler um pouco. Foi nessa altura que eu senti mexer na porta. Pensei que era a minha senhoria que tinha regressado. Era a neta que andava desesperada porque não sabia da avó. Como ninguém atendia o telefone, ela resolveu vir ver o que é que se estava a passar.

Abrimos todas as portas sem a conseguirmos encontrar. Fomos ao seu quarto e tentámos aceder a luz que não acendeu. A neta entrou no quarto da avó e também não a viu, tal como eu. Mas era normal eu não a ver.

Saímos e voltámos a procurar sem êxito. Onde se teria ela metido? Talvez tivesse ido com outros familiares a qualquer lado. A neta achou estranho porque a avó tinha combinado um almoço para o dia seguinte. Estranho! Estava armada a confusão.

Depois de a rapariga ter saído, visivelmente preocupada pela ausência da avó, fui fechar as portas e colocar tudo no lugar de onde deslocámos. Quando ia a deslocar-me para o quarto dela a fim de fechar a porta lembrei-me de ir verificar novamente se ela lá estava. Mas a neta também lá esteve e não a viu. Mesmo assim…

A luz não acendia e eu fui andando ás apalpadelas até à cama. Em boa hora o fiz.

Ela dormia enrolada nos cobertores, bastante aconchegada e quente. O frio era muito. Ao colocar a mão em cima da roupa da cama onde ela se encontrava, ela estremeceu e fez um gesto de repulsa. Pelo que ela me explicou, pensou que tivesse sido o gato que tivesse saltado para cima da cama, daí aquela reacção.

Eu contei-lhe o que se estava a passar. Àquela hora todos os seus familiares andavam desesperados sem saber do seu paradeiro. Havia que os contactar rapidamente. Não me enganei. O telefone e o telemóvel tocavam em simultâneo. Ela atendeu e contou que estava frio, por isso se enfiou na cama. Ouvia-nos falar, mas pensava que eu falava com os gatos.

Assim se desfez aquele imbróglio que já tinha ganho proporções incríveis e só não foi maior porque eu tive a coragem de ir ver o que se passava naquele quarto escuro. Afinal não se passava nada de extraordinário. Contingências do frio. Aquele meu acto corajoso e decidido acabou por salvar uma noite que se previa agitada com telefones a tocar e nada de ela aparecer. Afinal, estivemos no quarto e não a encontrámos da primeira vez.

Eu nem quero imaginar o que seria naquela noite lá em casa! Nem eu descansava, nem os familiares. Ainda com um sorriso no rosto causado por esta incrível situação, regressei ao meu quarto e fui ouvir música.

Voltei a sonhar com aquele jogador russo do Spartak de Moscovo. Estava a jogar contra a Selecção Portuguesa e a minha irmã era uma fã incondicional dele. Até parece!

O tempo era de Sol e frio, tal como nos últimos dias. Um professor tinha deixado um aquecedor na sala de multimédia que me ia fazer bastante jeito. Só que eu não o conseguia regular em condições.

As aulas começaram. O dia era marcado pela entrega das prendas do “amigo invisível”. Eu desconfiava quem era o meu amigo invisível e fiquei preocupada quando me disseram que o pessoal de Aveiro poderia não vir às aulas porque havia greve de comboios. Desde que recebi certo poema na caixa que ficaram desfeitas as dúvidas quanto a quem me iria oferecer uma prenda.

Mas eles vieram e o computador em que eles se encontravam a trabalhar começou a apitar e não parava. Outro colega nosso que percebe bastante do assunto disse que a
memória daquele computador tinha pifado. Afinal parece que não!

Um outro colega nosso espirrou de forma cómica e bem ruidosa. Assim se passaram as aulas até ao “amigo invisível”. Uma colega da outra turma não percebeu as regras do jogo e resolveu comprar uma prenda para a empregada do bar que era a pessoa a quem eu tinha de dar a prenda. Ela é que estava errada. Outro colega é que teve de receber o colar que ela tinha de oferecer. Ela era “amiga invisível” dele. O meu amigo era quem eu desconfiava. Aquele poema denunciou-o descaradamente. Fui presenteada com chocolates. Eu adoro chocolates!

A tarde foi passada na sala de Informática e não trouxe nada de relevante.

Houve treino, mas eu não o tenho registado. Parece que foi apenas a rolar. O frio e a pressa de ir para a ceia de Natal não permitiam mais.

A ceia de Natal estava marcada para as oito da noite. A picanha quente, acompanhada com arroz e feijão sabia bem para aquecer a noite. As prendas também marcavam presença. Afinal tratava-se de mais um evento natalício A prenda que me calh0ou foi um conjunto de carrinhos de linhas coloridos.


Foi nesse jantar que se fizeram promessas de um futuro mais risonho para a nossa associação. Vamos ver se assim será. Todos esperamos que sim, que as coisas se recomponham e que todos possamos disfrutar de melhores condições materiais e humanas.

Tinha uma chamada não atendida no meu telemóvel. Era a minha irmã a dar a notícia de que o meu primo tinha sido internado no Hospital da Figueira da Foz. Ele que, alguns dias antes, tinha ligado para nossa casa com uma voz pouco famosa. Mal sabíamos nós que este assunto ainda ia fazer correr muita tinta. Aguardem!

Situação do dia:
No Pingo Doce começam-se a fazer as compras para preparar o Natal que aí vem. Uma senhora procurava desesperadamente açúcar moído para confeccionar um bolo para umas visitas que chegavam da Capital. Não havia desse açúcar no hipermercado e ela ficou destroçada. Uma outra senhora que também estava na mesma fila deu-lhe a dica de moer o açúcar normal e assim obter o tipo de açúcar que desejava. A mulher ficou eufórica, possessa, a estourar de felicidade, pronta a levantar voo. Era tal o entusiasmo que ela já se ia embora sem pagar as compras.

Bacorada do dia:
Olá Benilde, estás tão bonita hoje!” (A Páscoa ainda demora. Que eu saiba ainda só estamos no Natal.)





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