Monday, April 04, 2022

O vento que te acha o cabelo

 

Adorava ser o vento.

Ser a primeira coisa que sentes quando abres a janela numa manhã fria.

Acariciar-te a  face ainda sonolenta com meu hálito fresco para te acordar.

 

Gostava de ser a brisa.

Quando caminhas vagarosamente á beira-mar.

Acompanho as ondas espumosas e volto-te a beijar.

Sou o alívio para o calor do verão e o aconchego para o frio do inverno.

Acompanho-te nos teus momentos de introspeção.

Faço-te companhia nos instantes de lazer.

 

Acho-te o cabelo.

Gosto de o emaranhar nas minhas  mãos invisíveis.

A areia da praia é minha cúmplice.

Também ela te vem cumprimentar.

 

Por vezes brincamos com a água do Mar.

Salpicamos-te só para te vermos recuar um pouco, especialmente no inverno.

No verão aproximas-te mais da rebentação.

Não hesitas em aproveitar o nosso convite e tomares um banho refrescante.

 

Por fim recolhes a casa.

Fechas a janela.

Do lado de fora, fico melancólico a sonhar com outro dia em que te possa acariciar a face e brincar com o teu cabelo.

 

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