Saturday, December 18, 2021

Fornalha pública

 

Esta situação aconteceu ontem à tarde no 24T.

 

Eu e os meus amigos apanhámos esse autocarro para irmos para a nossa habitual atividade de teatro que acontece todas as sextas-feiras.

 

Quando entrei, já lá iam dois colegas meus e logo me advertiram que fazia muito calor dentro daquele autocarro. Eu, que estava há algum tempo á espera na paragem, tinha já os pés e as mãos frias. De início o calor até soube bem.

 

Nisto ouvi um colega meu lá atrás muito exaltado com o calor infernal que vigorava dentro do autocarro. Logo me apercebi que as minhas mãos já ferviam. Gracejei com a outra minha colega que ia à frente e que tinha estado algum tempo na Finlândia. Disse que era para matar saudades desses  tempos de sauna. É que aquilo mais parecia uma.


Entretanto, à medida que a temperatura subia, o meu colega lá atrás ia ficando cada vez mais irritado e cada vez protestava mais com o condutor. Ia a levar com o calor todo.

 

O condutor deu-lhe razão. Aqueles autocarros vieram recentemente da Suécia, país frio, onde valia a pena os autocarros andarem assim a essas temperaturas no interior. O ar condicionado não dava para regular e o veículo não tinha janelas.

 

Aqueles autocarros já vinham com mais de um milhão e meio de quilómetros para as estradas conimbricenses. O meu colega resolveu então sair do autocarro e fazer o resto do percurso a pé, acompanhado pela sua assistente pessoal.

 

Nessa mesma paragem, havia outro desses veículos “novos” parado. O motorista logo insinuou que já tinha avariado. Mais duas das minhas colegas entraram na nossa viatura para não chegarem atrasadas e disseram que o autocarro não saía dali porque o condutor tinha ligado para o INEM por causa de uma senhora que se tinha sentido mal na via pública.

 

Apesar do curto trajeto, foram mais duas vozes a insurgir-se contra a verdadeira fornalha humana em que aquele autocarro estava transformado.

 

Quando descemos finalmente na paragem, soube muito bem voltar a respirar ar puro.

 

Resta dizer que esse nosso colega que saiu do autocarro foi fazer queixa á Câmara Municipal de Coimbra pela falta de manutenção desses veículos aparentemente “novos”.

 

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