Saturday, September 10, 2016

Momentos terríveis na Figueira da Foz

Imaginem que ir à praia fazia parte do meu programa de atividades para hoje ou amanhã! Tenho sorte, não planeio ir à praia neste fim de semana. Se tivesse de o fazer, certamente já estaria de pé atrás depois deste sonho.

Foi uma noite cheia de peripécias, com três sonhos diferentes, qual deles o mais angustiante. Escolhi este para aqui trazer, por a historia ser mais dramática e mais escorreita.

Sonhei que ia com toda a mina família e vizinhos para a praia. Já não estávamos propriamente no verão mas ainda estava bom para dar uns mergulhos na Figueira da Foz. Alugámos uma enorme carrinha que mais tarde foi promovida a ambulância e lá fomos todos mesmo. Até a minha mãe foi.

Por ter de ir fazer uma necessidade algures, pois ali não havia casas de banho por perto (um clássico dos sonhos), separei-me do restante grupo, ficando apenas com o motorista da carrinha/ambulância. Como ainda estava longe da praia, esperei mesmo ali pacientemente, coisa que não aconteceria na realidade se acaso me deparasse com uma situação como esta. Eu iria espernear até que alguém, mesmo que fosse alguém que não conhecesse e passasse por ali me levasse até à praia. Mas não, por incrível que pareça, estava ali sossegada. De vez em quando olhava para as horas e a minha impaciência resultava apenas do facto de ser tarde e não aparecer ninguém do grupo.

Eu e o motorista desconhecido fomos percorrendo algumas ruas estreitas e anormalmente desertas. Se calhar toda a gente estava na praia. Era estranho. Eu ficava impaciente e preocupada. À medida que o tempo ia passando, ia ficando até apreensiva.

A certa altura, num determinado ponto mais elevado, havia inúmeras ambulâncias. O nosso motorista também resolveu ir buscar o nosso veículo que estava ainda longe. Eu fui com ele. Não sabíamos nessa altura o que se estava a passar por ali.

No pequeno trajeto que fizemos, o motorista ligou o radio e então ficámos a saber com horror que uma onda havia varrido a praia e levado inúmeras pessoas. Como a minha família estava a demorar, comecei logo a pensar o pior e não impedi as lágrimas de rolarem livremente.

Não tinha o telemóvel de ninguém para ligar e ver se estava tudo bem. As notícias que chegavam eram de caos, destruição e morte. Ninguém sabia de ninguém ali. Eu ia pensando como seria se acaso perdesse toda a gente que amava e tinha vindo comigo naquele dia. Seria horrível. Quanto mais pensava, mais triste ia ficando. Estava mesmo desesperada. Pensava que os corpos nunca mais iriam aparecer ou apareceriam meses mais tarde, que tinha de ser eu a tratar de todas as formalidades inerentes aos funerais. Para quem está a ler um post meu pela primeira vez, resta explicar que nos sonhos morro de medo dos mortos, coisa que não acontece na realidade.

No fim, todos os meus entes queridos apareceram e tinham histórias para contar. Eu ia ouvindo e, ao mesmo tempo, também as ia vivenciando como se lá tivesse estado. Enquanto ouvia, vi-me sentada à beira-mar com outras pessoas, medindo o bronzeado de cada um. Depois passou um enorme barco de cruzeiro que levantou uma primeira onda que levou as pessoas. Algumas ainda estavam a tentar fugir da primeira investida do mar quando uma segunda onda levou o resto das pessoas que ainda gritavam e lutavam. Eu consegui vir à superfície e tentar nadar como sabia na direção do areal.

Eram cinco e vinte e dois da manhã quando acordei.


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