Wednesday, August 28, 2013

Férias 2013

Acabou-se o que era bom. As férias, claro está. Todo o trabalho está à minha espera para que possa ser colocado em ordem. É altura também de fazer um balanço destas duas semanas em que aproveitei ao máximo para me divertir e ir à praia apanhar sol e tomar banho no mar, pois claro.

Deverão ter sido as férias em que eu mais me diverti. Sem horários a cumprir e sem ninguém que me importunasse, fiz o que me deu na real gana.

Comecei com dois dias em que fui até à praia com um grupo de associados da ACAPO. Aí fomos para o Cabedelinho onde o mar faz uma pequena lagoa, óptimo para nós podermos tomar banho e mergulhar com relativa segurança.

Almoçávamos no parque das merendas e depois estávamos ali um bocado. Eu esticava-me na relva a ouvir música e a apanhar um pouco de sol. Havia quem estivesse ao sol a dormir a sesta e havia quem se sentasse na mesa a jogar cartas e domino. Eu não sou grande adepta desses jogos.

No segundo dia, apanhámos uma excelente manhã de praia. Estávamos a curtir as excelentes condições climatéricas quando alguém avistou na água algo amarelo. Era uma bicicleta assente em duas bóias que logo despertou a atenção de toda a gente que por ali estava. De todos os lados surgiram candidatos para experimentar o estranho veículo aquático a pedais.

Nós fomos até lá todos. A pessoa que andava com aquela geringonça era um antigo guia de Ciclismo da ACAPO e, vendo que éramos da instituição, logo se aprontou a nos proporcionar o nosso desejo de experimentar a pedalar aquela coisa. Eu experimentei, claro está. A sensação de liberdade que tal me proporcionou foi incrível. Sentia a água debaixo dos pés, o vento a bater na cara, que maravilha! Fugiria para o alto mar com aquilo.

Nessa altura a água estava uma maravilha e eu voltei a dar uns mergulhos antes de irmos almoçar. Ninguém imaginava jamais que o tempo virasse em tão poucos minutos. Foi só virmos de tomar café de volta para o parque das merendas. Eu ainda me preparei toda com bronzeador e tudo para me colocar ao sol mas…começou a chover. Isso mesmo. Estava a chover na Figueira da Foz e nós fomos corridos para Coimbra, que foi como um tiro. Escusado será dizer que em Coimbra não chovia.

Na quinta-feira, dia 8 de Agosto, combinei com a minha amiga Isabel um programa só nosso. Fomos ao Dolce Vita a pé e depois almoçámos no General. Seguimos para minha casa onde estivemos a recordar músicas de Festivais Eurovisão antigos. Ficou combinado depois irmos juntas à praia. Isso veio a acontecer no dia 14. Tenho de aproveitar as férias para estar com os amigos. Como somos ambas deficientes visuais o transporte e a falta de autonomia que isso nos proporciona inviabiliza que nos encontremos ao fim de semana que é quando eu tenho folga. Tenho de esperar pelas férias então mas vale bem a pena. Adoramos estar juntas e aproveitar bem esses momentos.

Sábado, 10 de Agosto, deixem-me tentar fazer aquilo que já ando a planear fazer há tempo! Ir até à Figueira da Foz sozinha de comboio. E lá fui eu. Apanhei o comboio e lá fui. Não conhecendo bem o espaço, apliquei a minha táctica de seguir as pessoas que saíam do comboio. À porta da estação estava estacionado um autocarro que ia para a praia com certeza. Enfiei-me nele e tirei bilhete. Pararia onde visse areia e mar. E lá fui percorrendo a marginal depois de ver onde ficava a placa com o símbolo do autocarro para onde teria de me deslocar para apanhar transporte de volta para a estação. Fui percorrendo o passeio. O objectivo era encontrar uma passadeira de madeira sem escadas que me levasse até à praia. Encontrei uma e fui até lá. Fui depois pela areia fora até à beira-mar onde estenderia a toalha. Primeiro ainda fui tomar banho de mar. Gosto sempre de ir à água assim que chego à praia. A água não estava fria e fazia uma lagoa. O problema eram os sedimentos no fundo que me magoavam os pés. Sem problemas, regressei a Coimbra a meio da tarde. Repetiria a viagem no dia seguinte. O tempo estava nublado mas não havia frio ou vento. A água do mar estava agradável.

No dia 12, alimentava o desejo secreto de ir até Oliveira do Bairro ver a etapa da Volta a Portugal que ali tinha chegada marcada nesse dia. Ainda não tinha a certeza se iria até lá mas assim de repente lá me decidi a aventurar-me.

Cheguei à estação e não vi vivalma. Mais uma vez segui alguém que saía do comboio para sair para a rua. Olhei para um lado e para o outro e não vi ninguém que me indicasse um transporte para chegar junto da Câmara Municipal que era onde estava montada a festa. No Google dizia-se que eram cinco quilómetros a pé até lá. Não havia táxis por ali. Que estranho!

Apareceu um casal de idosos a quem perguntei como ia até ao centro da cidade. Eles disseram que iam para lá. Que sorte! Fui com eles, sempre com olho em referências para depois fazer o caminho de regresso. Tinha de fazer os possíveis por andar devagar porque eles iam cansados. Aquilo era tudo a subir. O caminho até era fácil.

Alguém me indicou um sítio para eu ficar mas era longe da meta. Eu estive ali algum tempo mas depois comecei a ver que a multidão se dirigia mais para baixo. Fui atrás do aglomerado de pessoas. Foi a melhor decisão que tomei. Fui para junto das barreiras. Ali podia ver melhor.

Estava de um lado das barreiras mas depois ouvi dizer que estavam a distribuir brindes e era do outro lado. Enganei-me, fui para o outro lado mas não me chegaram brindes. Azar! Estava num sítio excelente para ver a corrida. Mesmo em cima da linha de chegada.

Houve uma primeira passagem de ciclistas. O público aplaudiu. Mais tarde a passagem pela meta era a valer. Manuel Cardoso da Caja Rural venceu a etapa. Ainda havia ciclistas atrasados. Eu gritava-lhes. Um ciclista sul-africano passava junto de mim e eu gritei-lhe com tal fervor, que ele olhou para ver quem lhe gritava. Eu falo por experiência própria: quando vamos na estada a pedalar, ouvir gritos e incentivos da assistência na berma da estrada consegue fazer milagres. É como se nos desse uma força incrível quando esta já nos falta. Por isso eu capricho na gritaria. Sai-me da alma. Devo gritar mais no Ciclismo do que no Futebol porque sei que um grito de incentivo opera um verdadeiro milagre.

Dirigi-me para um local parecido com um pódio mas estranhamente ali havia pouca gente para pódio. Encontrei o Campeão Nacional de Estrada Jony Brandão e com ele tirei uma foto. Não deixa de ser incrível: tenho-o visto ao longo destes últimos dias sempre nas fugas, sempre na estrada a dar o máximo e agora estou com ele pessoalmente. Um orgulho!

Afinal o pódio era noutro local que estava naturalmente cheio de gente. Fiquei por ali a ver a cerimónia de entrega das camisolas. Depois tentei procurar uma equipa holandesa onde havia antigos ciclistas da Rabobank. Conhecia um pessoalmente da outra vez que os encontrei. Iria cumprimenta-lo, se ainda o apanhasse. O autocarro já tinha partido.

Quem eu encontrei foi o Senhor Joaquim Gomes- Director da Volta a Portugal. Era um objectivo meu encontrá-lo e agradecer-lhe pessoalmente o quanto fez para me ajudar naquela época difícil da minha vida em que o Ciclismo era uma das coisas que ainda me proporcionava algumas alegrias e algum conforto quando via que tudo na minha vida estava a falhar devido ao agravamento da minha situação nos olhos. Consegui conhecê-lo pessoalmente e agradecer-lhe. Ele, que eu estava habituada a ver ganhar a Volta a Portugal quando tinha aí os meus doze anos.

Sair dali é que foi pior. Tudo porque havia material colocado em cima da passadeira que me servia de referência. Passei ali centos de vezes e não vi o raio da passadeira. Não a devem ter apagado, mas que raio! Tal périplo ali pelas imediações até foi benéfico. Estava ali estacionado o autocarro da equipa OFM- Quinta da Lixa (equipa que viria a ganhar a Volta, por acaso). Eles chamaram-me e ofereceram-me um boné que logo coloquei na cabeça a substituir o meu de ganga que trazia. Depois ainda me voltaram a chamar para me oferecerem mais um boné e um bidon para a água. Mais um para levar para as caminhadas.

Depois de dar mais uma série de voltas à procura da passadeira, vi que carregavam objectos de grande porte para um camião. A passadeira que eu tanto procurava ficou visível. Atravessei finalmente e desci em direcção à estação num ápice. Pensava que já ia atrasada para o comboio mas ainda faltavam mais de vinte minutos quando cheguei. Onde é que aquele trajecto tem cinco quilómetros? Americanos dum raio, que nunca levantaram o traseiro da cadeira dos seus gabinetes e foram medir a distância ao local. Aquilo tem um quilómetro e meio, se tanto. Para o ano já sei o caminho.

Na terça-feira, 13 de Agosto, regressei à Figueira da Foz. O mar estava agitado, as ondas teimavam em me lançar para trás na direcção da areia. Não estava calor nem frio. Estava uma temperatura agradável. Devido às diabruras do mar, regressei a casa com areia por todo o corpo.

Como referi atrás, iria com a minha amiga Isabel para a Figueira da Foz no dia seguinte. Chegámos à praia e fomos tomar café antes de nos metermos na água. A temperatura da água estava simplesmente uma maravilha. Eu devo ter batido o meu record de permanência na pagua do mar. Andámos na água mais de uma hora. A minha amiga estava contente por termos apanhado um dia de praia assim. Notava-se o ar feliz quando ao final do dia regressou a casa.

Ainda fui à praia no dia seguinte antes de ir para casa. Também esteve um dia bom de praia. Estava algo encoberto mas estava bom. No autocarro, alguém entrou…com um gato que miava bastante alto, fazendo uma chinfrineira infernal. Com tudo isto distraí-me e o motorista disse-me depois que tinha de sair ali se queria ir para a estação. Andei às voltas pela rua à procura da estação. O meu medo era de perder o comboio. Depois lá dei com o caminho e apanhei o comboio. Cheguei a Coimbra, tomei banho, mudei de roupa e apanhei novamente o comboio. Iria para casa.

Havia festa na terra no fim-de-semana. Faziam-se os preparativos. Numa sexta-feira fresca e bastante nublada, fui com a minha mãe até Anadia para tratar de alguns assuntos.

No Sábado à noite havia karaoke no palco do arraial. Resolvi ir até lá. Dancei até me cansar e ficar com os pés doridos.

No Domingo haveria um almoço com convidados. As moscas não nos largavam. Para as dispersar, encheram-se alguns sacos com água e penduraram-se. Elas dispersaram. Quem nos ensinou esse truque foi a sobrinha do falecido padrinho da minha irmã que esteve a fazer Erasmus na Argentina e disse que se usava fazer isso lá. Isso foi no ano passado ou há dois anos. Elas não compareceram este ano.

Não fui ao arraial. Vi o fogo-de-artifício da eira. Arrependi-me depois de não ter ido, pois foi uma noite mal dormida. A culpa foi das minhas excelentíssimas gatas, especialmente da Adie. A minha mãe não conseguia dormir sem saber por onde andava a gata da minha irmã. De vez em quando levantava-se e chamava-a pela rua. As outras duas gatas entraram e, a certa altura, houve burburinho.

Esperava o meu vizinho na eira dele para me dar boleia até á estação de comboios. Iria regressar ao trabalho. Ele atrasou-se um pouco. Enquanto subia e descia de elevador, o comboio chegou. Então ele correu e mandou esperar o comboio para que eu não o perdesse. Lá fui de regresso a Coimbra para um longo dia de trabalho. Para trás ficaram duas semanas intensas de boa vida que agora acaba. Há que trabalhar.


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