Tuesday, November 20, 2012

Rua acima, rua abaixo

Para este Sábado estava marcado o magusto da ACAPO que iria ser nas instalações do Instituto Português da Juventude.

Como já era tarde, resolvi meter-me por onde julgava ser mais perto…e acabou por ficar mais longe porque, depois de muito subir e percorrer ruas que iam dar sempre ao mesmo sítio, chateei-me e desci até à Praça da República e não tive outro remédio que não fosse ir pelo caminho que conheço melhor, antes que fosse noite.

Por acaso o concerto não tinha começado às três da tarde certas. Como já levava mais de uma hora de caminho, pensei que ia lá chegar no fim. Acabei por chegar no fim da primeira música.

O concerto serviu para animar e aquecer um pouco para o magusto que se seguia. As castanhas estavam a ser assadas na rua e a ser entregues em cartuxos feitos em papel de jornal, como as tradicionais que se vendem na rua.

Fomos para dentro comer as castanhas e beber uns copos de jeropiga que era bem docinha e serviu para aquecer mais um pouco.

No final constatei que os meus amigos com quem eu me dou melhor tinham ficado noutra mesa mais à frente. Nem tinha reparado que ali estavam. Fiquei algo desapontada mas logo fui compensada com tempo extra para estar com eles e viver a aventura da noite.

Àquela hora não havia autocarros e um amigo nosso tinha de estar na Rodoviária a tempo de apanhar o expresso para Leiria. A solução era irmos a pé mas…éramos quatro. Como é que eles iam todos comigo a uma hora destas da noite? Bem, não havia outro remédio. Por ali eu já sabia o caminho.

A técnica de guia para levar três pessoas foi a seguinte: uma pessoa agarrava o meu braço normalmente e as outras duas agarravam os braços dos restantes. Estava a fazer mal porque as boas técnicas mandam que o guiado (neste caso os guiados) não vão pelo lado da estada mas eu só vejo de um olho e não posso levar as pessoas do lado do olho que não vê. Levo-as sempre do mesmo lado.

Íamos devagar. Estava com atenção redobrada às árvores, aos veículos nos passeios e às folhas molhadas que são uma maravilha para escorregar. Ainda nessa tarde, uma voluntária que vê bem e ainda à luz do dia, colocou o pé numa folha quando levava um colega nosso e espalhou-se de costas no chão. Ele teve de a levantar. Eu seguia imediatamente atrás deles e fui pelo lado contrário para não escorregar lá também.

Voltando à nossa aventura quando era já noite cerrada, lá seguíamos. Por sorte, não havia ninguém a pé pelas ruas. Passavam alguns veículos. O que iam pensar de quatro pessoas todas atreladas umas às outas? Não interessa. É a forma de se andar na rua quando não há autocarros. Eu até penso que o nosso amigo de Leiria trazia a bengala branca visível.

A estrada estava molhada e as luzes reflectiam. Era difícil ver as passadeiras para atravessar. La tínhamos de voltar para trás para apanhar a passadeira.

A seguir ao Teatro Académico Gil Vicente, era sempre a descer e aí já se fez bem o caminho. Num semáforo para peões, um automobilista tentou passar com o semáforo verde para nós. Logo lhe berrámos. Que falta de respeito!

Junto ao Jardim da Manga, deixámos uma amiga nossa perto da subida onde ela mora. Ainda estivemos um pouco à espera para ver se ela ia orientada antes de seguirmos para o nosso destino que era a rodoviária.

Chegámos lá ainda a tempo de o nosso colega comprar o bilhete do expresso e de comermos todos uma sandes no café antes de nos separarmos.

Vá, correu tudo bem. Chegámos aos nossos destinos sãos e salvos, apesar das dificuldades de ser de noite, de estar o piso molhado e escorregadio, de sermos muitos…

Ainda nos enfiámos na relva numa ocasião em que apanhei com uma luz forte nos olhos mas nada mais se registou. As árvores foram passadas sem problemas (havia imensas no passeio) e os veículos também não ofereceram grande dificuldade.

Foi uma aventura para recordar.

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