Wednesday, July 04, 2007

A vida é uma circunferência

Há coisas que acontecem e que nos levam a pensar nas leis da nossa existência. A nossa vida é algo de maravilhoso, misterioso e regido por leis que nos permitem nascer, crescer, viver e morrer.

Ao longo de todo este processo, o Homem parte de um estádio de dependência que acontece nos primeiros anos de vida e retorna, mais tarde a esse estádio quando a idade avançada começa a deixar as suas marcas implacáveis.

Tudo isto acontece sob uma lei na qual a nossa vida dá uma volta completa de 360 graus e nos devolve àquilo que fomos antes, embora as circunstâncias sejam diferentes. Os nossos pais já faleceram e agora os nossos filhos tomam o seu lugar e fazem quase o mesmo.

Como é interessante a nossa existência! Nascemos pequeninos e frágeis. Usamos fralda, a comida é pouco sólida e é-nos dada na boca com carinho. Os nossos pais têm uma paciência de santos para aturar as nossas birras.

Crescemos um pouco. Os nossos pais levam-nos à escola pela mão. Preocupam-se com a nossa educação e ensinam-nos como andar na rua, como comer, como vestir, como tratar da nossa higiene pessoal, enfim...preparam-nos para a vida.

São os nossos pais que se responsabilizam pela nossa vida escolar e que decidem as actividades em que podemos ou não participar. Acontece isso até à idade adulta.

Depois nós somos também pais e mães e ensinamos o que aprendemos aos nossos filhos. Cuidamos deles com carinho. Zelamos pela saúde e pela segurança deles, ensinamos-lhes os primeiros passos neste Mundo, levamo-los à escola e, ao mesmo tempo vamos-lhes explicando as regras da vida em sociedade. Em suma, passamos-lhes os ensinamentos que recebemos dos nossos pais que os continuam a educar enquanto avós.

Algumas coisas alteram-se, à força da evolução das nossa sociedade que está constantemente a sofrer mudanças a todos os níveis. Até o clima está a mudar hoje!

Envelhecemos. Somos avós. Os nossos filhos são adultos e trabalham. Apesar do pouco tempo de que dispõem, vão cuidando de nós que já sofremos de artroses, reumatismo, sei lá que mais. Ficamos dependentes deles, temos dificuldade em executar as nossas tarefas. Passamos novamente a usar fraldas, a ingerir alimentos de fácil assimilação. Os nossos filhos ou outras pessoas que cuidam de nós fazem aviãozinho para comermos mais uma colher de sopa e contam-nos histórias para não nos sentirmos tão sós nos nossos últimos momentos.

Já perdemos a capacidade de comunicar e a nossa memória regrediu. O corpo foi-se tornando mais flácido e vamos encolhendo. Já não saímos da cama, até que a morte nos venha buscar. Fica assim concluído o nosso ciclo de vida que nada mais é senão um círculo. Temos um ponto de partida que é também, mais tarde, o nosso ponto de chegada.

Vem isto a propósito de uma cena que presenciei hoje na Piscina e que me fez reflectir sobre o curioso rumo que leva a vida humana. Uma senhora trazia a mãe para as aulas de Hidroginástica e afirmava que ia mandar alguém (eu?!!) vigiar se a mãe ia ou não às aulas. Ela não podia controlar a assiduidade da sua mãe, uma senhora já passada dos setenta, porque não se encontrava em Coimbra. Eu sorri perante esta situação que mais não espelha, senão o que eu acabo de dizer.

Há muitos anos atrás era o inverso, certamente. A senhora que agora se via “empurrada” pela filha para a Hidroginástica também a foi matricular na escola e também mandava alguém lá controlar as suas faltas.

Não é por acaso que muitos especialistas chamam à Terceira Idade “A segunda Infância”.

Ainda sobre este assunto, a actriz brasileira Dercy Gonçalves dizia com algum humor que os filhos tinham a mania de repetir aos pais tudo o que aprenderam com eles enquanto crianças. Ela dá o exemplo da filha que diz para a mãe não atravessar a estrada porque pode ser atropelada. Com algum vernáculo bem característico da sua forma de estar, a actriz sempre vai dizendo que prefere morrer atropelada.

Já em 2004 eu estava numa instituição onde viviam utentes idosos e com problemas sociais. Certa tarde assisti a uma cena que me fez igualmente despoletar o que hoje escrevo aqui. Nessa altura escrevi o que vou passar a transcrever (desculpem a forma como isto está escrito, foi retirado de um documento de apontamentos em Bloco de notas).

EU ONTEM ESTIVE A PENSAR UMA COISA CURIOSA. REALMENTE OS IDOSOS PARECE QUE VOLTAM A SER OUTRA VEZ CRIANÇAS.É ALGO UMA ESPÉCIE DE CIRCUNFERÊNCIA A NOSSA VIDA. POR MAIS QUE ANDEMOS VOLTAMOS A SER O QUE ÉRAMOS. DIZIA DERTCY GONÇALVES- ACTRIZ BRASILEIRA- QUE OS FILHOS TÊM A MANIA DE ENSINAR AOS PAIS TUDO O QUE ELES LHES ENSINARAM. ONTEM ASSISTI NA CANTINA A UMA CENA DE UMA EMPREGADA A DIZER A UMA IDOSA QUE QUERIA TUDO COMIDO TAL COMO SE DIZ A UMA CRIANÇA.

E de facto assim é! Quando envelhecemos, parece que voltamos a ser bebés de novo.

Estava um frio cortante na manhã do primeiro dia do mês de Fevereiro. Vamos a ver se os dias aquecem daqui para a frente.

A manhã de trabalho foi animada por clientes curiosas. É este o encanto, no fundo, de se lidar com outros seres humanos. Vamos conhecendo e convivendo com os mais variados tipos de pessoas e de situações.

O autocarro atrasou-se imenso. Já estava a ver que não chegaria a horas da parte da tarde! De maneira nenhuma. Para cúmulo ainda parou em Tovim. Já se ouviam vozes de discórdia por mais esta paragem. Eram muitas as pessoas que lá iam!

Na cantina, o carrinho dos tabuleiros estava junto à mesa onde eu estava a almoçar. De vez em quando apanhava cada susto!

Para me enervar ainda mais, passou um autocarro quando eu esperava que o famoso semáforo que fica do lado oposto à paragem abrisse. Eu fico possessa quando isso acontece. Quando já estou atrasada, as pessoas que me saiam da frente.

O meu colega e o Director da Piscina foram distribuir alguns panfletos das novas aulas de Hidroginástica. Fiquei alguns minutos sozinha a tomar conta da recepção. Não tive muito trabalho. Tudo estava calmo.

Foi igualmente nessa tarde que tive notícias dos meus colegas. Assim que cheguei do almoço, recebi um telefonema de um colega que está a estagiar em Estarreja. Por acaso sonhei com ele um dia destes (ver texto “Em busca de Artem Dzuba”). Depois encontrei duas colegas no autocarro que vinham de transportar objectos pessoais de uma delas para a sua nova casa. Fico feliz por as coisas estarem, igualmente, a correr bem para eles.

O treino- que continua a ser condicionado devido à pequena mazela que tenho no pé direito- consistiu em quarenta minutos de corrida contínua e os restantes vinte de alongamentos. Dei mais de treze voltas a uma pista de fora. Condicionado, mas pouco.

Situação do dia:
A mãe de uma criança pequena que frequentava a Piscina por uma escola queria que lhe passássemos uma justificação de falta ao trabalho pelo simples facto de que ela faltou por ter ido ver o filho a nadar. Nem o “Gato Fedorento” se lembrava de tal situação.

Bacorada do dia:
“O George...” (Seria que George W. Bush estivesse presente na sala de aula e não tenhamos dado por isso?!!!)

No comments: