Friday, July 21, 2006

Ser voluntária desportiva

Como tinha acontecido aquilo que se sabe e que até teve honras de Telejornal, levantei-me mais tarde. Também só tinha que fazer à noitinha quando fosse para o Pavilhão.

Era o primeiro dia do voluntariado dos Campeonatos do Mundo de Ginástica Acrobática. Depositava grandes expectativas neste evento. Era uma oportunidade de conhecer gente nova, interessante e de ficar a conhecer mais uma modalidade desportiva que não é muito divulgada. Pelo menos eu desconhecia.

Quando se abraça ser voluntária desportiva, vai – se em busca de algo de novo. Algo que enriqueça a nossa vivência enquanto seres humanos e enquanto amantes do Desporto.

É através de iniciativas como esta que eu tenho a possibilidade de ter aquilo que perdi a partir do momento em que piorei dos olhos e me foi impossível participar em eventos desportivos com regularidade. A forma de ser útil num mundo que me dá prazer e felicidade é dar um pouco de mim e ajudar os outros para que se viva o Desporto e se possa conviver com o maior respeito e desportivismo.

A confraternização com elementos de outras culturas e que praticam outras modalidades desportivas também é algo que sempre me fascina. É algo que me faz sentir bem. Estar entre essas pessoas faz de mim uma pessoa mais aberta e desinibida pelo facto de estar livre de tudo o que me prende e me impede de ir de encontro às coisas que me alegram uma vida marcada pela dor e pelo sofrimento de viver num mundo que não é o das outras pessoas e que é demasiado sem cor. Não é fácil arranjar argumentos para contrariar algo que todos os dias me impede de ser feliz

Enquanto não ia para o Pavilhão, estive a ver o jogo entre a Inglaterra e o Paraguai. Foi um bom espectáculo de futebol em que os ingleses venceram.

Tinha de estar no Pavilhão às sete da tarde. Até fui mais cedo, tal era o entusiasmo. Nestes primeiros dias não havia muito para fazer, mas sempre havia de se passar algo.

Fui para a sala onde estavam os equipamentos. O objectivo era dar o material a quem ainda não o tinha ido levantar. Havia pouco movimento ali. Esporadicamente lá ia aparecendo um ou outro voluntário que ainda não tinha a sua indumentária.

No palco principal ouviam-se músicas que eram cortadas, voltadas atrás, à frente…nunca chegavam ao final. Aquilo metia uma certa impressão porque já se estava a repetir. Estavam a preparar as coisas para que tudo corresse bem em termos de cerimónias e de instalação sonora.

Dois colegas meus que ali estavam ficaram ao pé de mim e fomos conversando. Assim o tempo passava mais depressa. Ainda não se passava nada de relevante que pudesse despertar alguma adrenalina. Não havia atletas, público, confusão…

Já era noite quando eu regressei a casa. Nos cafés havia gente que aproveitava a noite menos fria para conversar um pouco na esplanada. O Mundial de Futebol estava aí e Portugal ia entrar em campo não tardava nada.

Situação do dia:
Os voluntários tinham direito a levar equipamento para usarem durante os campeonatos. Tínhamos de usar também um boné azul-escuro. Um desses bonés ainda trazia o alarme!

Bacorada do dia:
“Carlos Gamarra acabou a primeira frase do Mundial 98 sem cometer uma única falta.” (quer se dizer: sem dar um único erro ortográfico)

No comments: