Sunday, July 09, 2006

Ser Cidadão Português (texto para aula)

SER CIDADÃO PORTUGUÊS

Já que me é dada a oportunidade de me exprimir sobre o que é ser Cidadão Português, não a posso deixar passar sem fazer algumas considerações.
O Cidadão Português é um ser humano como qualquer outro e, por isso, deve ser respeitado na plenitude dos seus direitos, liberdades e garantias. No entanto, Portugal ainda é um País algo distante do progresso de uma Europa à qual também pertencemos.
Com uma das Constituições mais bem elaboradas no papel e com todos os pressupostos para ser um País bastante desenvolvido, Portugal continua a viver como se estivesse isolado do Mundo e das normas internacionais que protegem os cidadãos mais vulneráveis como as crianças, as mulheres, as minorias étnicas ou os deficientes.
É este último grupo de Cidadãos e Cidadãs Portuguesas que merece uma análise mais cuidada da minha parte, pois sinto na pele o que é ser diferente num País que se mostra preconceituoso e intolerante face à diferença. Nós nada fizemos para nos encontrarmos nesta condição de não termos as mesmas oportunidades que as outras pessoas.
A Sociedade é cruel e o Estado que nos devia proteger ainda dá um péssimo exemplo ao não apostar em nós e nem sequer nos deixar mostrar que somos seres humanos iguais aos outros e que só precisamos que os nossos direitos sejam garantidos na prática e não no papel.
Estou em crer que em nenhum dos vinte e cinco estados-membros da União Europeia os Cidadãos com necessidades especiais são tão desrespeitados e tão ignorados. Onde está a fiscalização para a lei que prevê a eliminação de barreiras arquitectónicas nos edifícios? Onde está a fiscalização para as quotas de emprego para pessoas portadoras de deficiência? Onde está o acesso à cultura e ao lazer por pessoas com necessidades especiais? Onde está um sistema de Saúde e Segurança Social capaz de dar resposta às situações mais delicadas que aparecem?
As leis, de facto, estão lá e consagram-nos tudo a que temos direito. Se chegasse à Terra um ser vindo de outro planeta, não era de espantar se ele escolhesse Portugal para viver após fazer uma análise minuciosa de várias Constituições de diferentes países dos mais variados pontos do Globo. No entanto, facilmente se iria arrepender ao verificar que esse País perfeito que ele idealizou primeiramente é um País onde há atropelos às leis, onde se trocam favores por queijos da Serra ou garrafões de azeite, onde há jogadas de bastidores e onde a injustiça social se faz sentir ao abrir de cada porta.
A crise económica que o País atravessa é apenas uma desculpa para que não se atribuam as ajudas a que temos direito enquanto Cidadãos. Ou será que também somos Cidadãos apenas no papel? O mesmo papel que nos concede direitos e garantias que não nos estão a beneficiar.
E assim é a vida desse ser tão peculiar que é o Cidadão Português com algum tipo de dificuldade que o impede de ser aceite pela sociedade. É um Cidadão igual aos outros com todos os direitos, deveres, liberdades e garantias e, ao mesmo tempo, é diferente pelo facto de simplesmente não ter direito aos seus direitos.

3 comments:

Android said...

completamente de acordo, parabéns.

Android said...

e já agora, força e coragem... pois esta vida por vezes é tão ingrata e cruel.

toupeira said...

obrigada!