Sunday, July 09, 2006

Encontro adiado por um dia



Não consegui dormir bem naquela noite. Só me vinham à cabeça imagens do Max. Ia ser doloroso olhar para cima da gaiola e verificar que algo faltava ali. Era um vazio enorme. Por vezes mandava-o calar porque ele fazia um barulho insuportável. Daqui para a frente um silêncio triste iria povoar aquele lugar.

O Sol bateu na minha janela a anunciar que já era hora de me levantar e de pôr os pés ao caminho em direcção a Anadia. Não me estava a apetecer mesmo nada sair de casa. Estava triste, chateada, nervosa. Parecia que o Mundo estava a desabar sobre a minha cabeça.

A minha mãe pensou que eu estava a dormir e veio me chamar. Eu fiquei mais um pouco a olhar a janela fechada. A minha mãe voltou para fora e andava agora pelas redondezas a chamar o Slava que ainda não tinha dado sinal. Ia ser um dia complicado. Ir-me ia enganar. Felizmente!

Iria até Anadia ou ficaria ali a ouvir a minha mãe chamar pelo gato toda a manhã? Aquilo punha-me nervosa! Da decisão que eu tomasse naquele momento iria depender a sorte ou o azar que teria. Hoje vejo que tomei a decisão correcta: a de sair de casa e deixar a minha mãe a chamar o Slava pelos pinhais até não poder mais.

Em Anadia procurei coisas sobre o Mundial 2006 e fui até ao mercado semanal onde se vendem coisas baratas e bem engraçadas. Foi uma sorte eu ter passado por ali naquela hora!

Ia a sair quando vi algumas pessoas a marcarem a estrada. Iria ser ali uma meta de uma qualquer corrida. Estava eu a acabar de perguntar para que era a meta quando o carro que passou naquele momento me fez estremecer. Era o carro da...Duja-Tavira! Melhor sorte não podia ter. A prova que ontem terminara em Coimbra ia hoje terminar em Anadia. Se eu me despachasse...

Meti-me ao caminho rapidamente. Nem dei pelos quilómetros a passar. Estava um dia bastante quente, mas isso pouco interessava. Tinha de chegar a casa, equipar-me a rigor, almoçar e ir novamente para junto do mercado.

As coisas acabaram por ser menos complicadas porque o meu pai tinha de ir buscar a minha irmã. Iria com ele e viria para cima a pé. Mais seis quilómetros! Era por uma boa causa!

Equipada com as cores da Rabobank lá fiquei a observar o que se passava por ali. Pela rádio ouviam-se as incidências daquilo que era um emocionante final de etapa. Vários ciclistas tentavam atacar, mas logo eram apanhados pelo pelotão que rolava freneticamente.

O vencedor foi encontrado através de um sprint massivo. Depois de passar a confusão iria para junto do carro da Duja-Tavira para cumprimentar o meu amigo.

Dirigi-me para lá lentamente. Quando me viu equipada à Rabobank, ele logo se levantou e sorriu. Ficou contente e algo surpreendido por eu o ter vindo visitar. Ele disse-me algo que- dias mais tarde- iria ser importante para mim: a Rabobank estaria em Portugal na semana seguinte.
Aquele dia terá sido apenas o começo de uma fase bastante feliz da minha vida. Momentos que eu julgava não serem mais possíveis de viver a partir da data em que fiquei a saber que me esperava uma vida complicada em virtude da minha doença e da impossibilidade que ela me proporciona em realizar tudo o que eu mais desejo. Como tenho vindo a referir, devido á falta de tempo, escrevo estes textos com algum atraso e já sei que tive um mês de Junho de sonho, ao contrário do que se passou no mesmo período do ano passado. Esperem pelos próximos textos para poderem perceber o que se passou. Mereci esses momentos por tudo o que passei e pelo muito que lutei. A ajuda de algumas pessoas a quem estou profundamente agradecida também se revelou importante para que algumas coisas se pudessem realizar. Outras contribuíram involuntariamente para que eu recuperasse a vontade de viver e olhasse para a minha vida com outros olhos, nem que fosse por breves instantes. Aguardem que eu partilhe o que de bom se passou com todos vocês!

Naquele sábado estava feliz e- tal como da parte da manhã- nem dei pelos quilómetros a passar . Em casa também estava a minha irmã que eu já não via há algumas semanas. Como o tema que dominava todas as conversas era a forma como os gatos estavam a desaparecer, ela desfez alguma dúvida que ainda pudesse existir acerca das causas da morte do Max. No sábado anterior, a minha irmã já tinha reparado que ele não comia e miava de uma forma triste. Foi isso que ela me disse quando me ligou também naquela semana, mas nunca pensei que fosse grave. A causa da morte terá sido a ingestão de uma substância corrosiva como o veneno para os ratos.

Portugal ia ter mais um jogo de preparação para o Mundial 2006. O adversário era o modesto Luxemburgo com quem a Nossa Selecção já havia jogado na fase de qualificação. Apesar de algumas dificuldades criadas pela equipa luxemburguesa, o resultado não podia ser outro que não a vitória portuguesa.

Tinha planeado passar apontamentos, mas acabei por guardar isso para mais tarde. Era já noite cerrada quando ouvi uma grande algazarra na rua. A minha mãe falava com alguém de forma animada. Era o gato Slava que tinha voltado. Prontamente lhe demos de comer (foto) e água. Por onde teria andado?

Situação do dia:
O calor quando vem é para todos e cada um tenta minimizar os seus efeitos como pode. O gato Mong arranjou um local bem fresco para se resguardar: a caixa com areia onde os gatos fazem as suas necessidades. Há gostos para tudo!

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