Wednesday, May 31, 2006

À descoberta do Triatlo

Manhã de domi9ngo algo enevoada. Levantei-me bem cedo e tentei-me despachar o mais que pude. Tinha de apanhar qualquer transporte para a Capital que chegasse lá antes do meio-dia.

O destino era o Centro Comercial Vasco da Gamo onde estava a decorrer uma competição de Triatlo. Estava inscrita para fazer voluntariado nesse evento. Na verdade, inscrevi-me por engano neste projecto. Quando chegou o mail a anunciar que me encontrava inscrita fiquei sem saber o que fazer. Como iria eu descalçar aquela bota? Vou ou não vou? Ainda pesava o medo de ir para Lisboa, mas seria um desafio participar. Algo que me faria sentir feliz. Estar ali a ajudar, perto dos atletas seria algo que me iria fazer sentir bem. Pesando os prós e os contras, decidi arriscar e lá fui eu para Lisboa novamente sozinha. (ver texto “Sozinha em Lisboa”)

Desta vez optei por ir de autocarro. Ficou mais barato e não havia a complicação de atravessar a linha em Coimbra. Como sempre, passei a viagem a ouvir música enquanto olhava para a paisagem e imaginava o que iria fazer ou encontrar. Iria conhecer pessoas diferentes, iria divertir-me e iria aprofundar os meus conhecimentos sobre Triatlo. È uma modalidade curiosa e bastante exigente. Talvez seja das modalidades desportivas mais exigentes que existam.

Em Lisboa o Sol começava a brilhar timidamente. Depois de atravessadas algumas dificuldades que encontrei pelo meio cheguei finalmente ao local onde se ia realizar a provas junto ao Centro Comercial Vasco da Gama. Apresentações feitas, fui comer alguma coisa e já estava finalmente disponível para o que fosse preciso.

No início estava num local onde os atletas descontraíam depois de terem acabado a sua longa jornada de prova. A missão era entregar sacos de comida a quem fosse da organização. Ao mesmo tempo íamos também passando comida e bebida para sacos onde faltasse alguma coisa de forma a todos ficarem completos.

Precisaram de voluntários para carregar paletes de água e eu lá fui. Quando a tarefa acabou regressei à base à espera de algo para fazer enquanto dava uma olhada pelo posto de massagens improvisado ali mesmo. Depois de largas horas de esforço, os atletas deveriam de estar estoirados e doridos. Não será fácil o Triatlo!

Se nessa altura eu imaginava as agruras dos triatletas, a seguir tive oportunidade de presenciar in loco todo o esforço e empenho que cada um colocava na sua prova que já ia longa. A missão era dar abastecimento aos bravos desportistas que, apesar de todo o esforço, conseguiam manter a boa disposição. Estava feliz! Estar junto de atletas é para mim algo importante. O mundo do Desporto é, definitivamente, o meu mundo.

A tarefa seguinte foi desmontar todo o cenário da festa e distribuir algumas coisas que sobraram. Como sou baixa, mal chegava á arca das bebidas. Encontrei um senhor irlandês e falei o meu Inglês meio atrapalhado. Parecia a conversa da treta! No final esse senhor elogiou a minha forma de (não) falar Inglês.

Com muita pena minha tive de regressar a Coimbra. Gostaria de ter ficado para o final, mas tinha transporte mais cedo. Lá fui para casa a ouvir o relato do jogo da final da Taça de Portugal.

Relatos de alguns desacatos entre adeptos levaram-me a reflectir um pouco sobre as diferenças entre o Futebol e as outras modalidades desportivas. No Triatlo e noutros desportos ainda existe a verdadeira essência do Desporto. Os atletas sentem prazer em participar nas provas e encaram a modalidade que abraçaram de uma forma pura. O ambiente em redor do Futebol nada tem a ver com aquele mundo que acabava de presenciar. No Triatlo só havia Desporto e as rivalidades terminavam com o final das provas. Todos eram amigos e o convívio era saudável..

O autocarro chegou a Coimbra e o jogo ainda decorria. O Porto vencia por 1-0. Outra vez o Adriano! Enquanto esperava pelo autocarro da cidade nunca mais tive notícias do jogo. Sabia que o Vitória de Setúbal estava no ataque. Já ia a caminho quando um carro com uma bandeira azul e branca me deu indícios de que o Porto afinal sempre tinha ganho o jogo e tinha feito a ”dobradinha”.

Finalmente em casa liguei o rádio para ouvir as reacções ao jogo. O telemóvel tocou. Era a minha irmã que tinha a já esperada notícia da morte do gato Ju. Não resistiu aos ferimentos e morreu.(ver texto “Dois emocionantes minutos”). Ele que sempre foi um resistente.

Situação do dia:
Apesar de todo o árduo esforço a que os triatletas estavam sujeitos, alguns ainda conseguiam manter a boa disposição e contagiavam mesmo os voluntários e o público. Um atleta português passava a corrida a reclamar uma imperial. Um zeloso voluntário fez-lhe a vontade. Foi-lhe buscar uma cerveja fresquinha e entregou-lha no final da prova. Já o pedido de um atleta espanhol- por razões óbvias- não pôde ser atendido. Em tom de brincadeira nuestro hermano queria uma droga forte que o fizesse correr mais. Foi com um sorriso rasgado que o último classificado cruzou a linha de chegada. Um exemplo para toda a gente que faz do Desporto um modo de vida saudável.

1 comment:

GK said...

Aí está a prova de que nada acontece por acaso! Inscreveste-te por engano? Não, foi o teu anjo da guarda a dizer-te que devias ir lá! E valeu a pena, hem?

Bj.