Monday, November 04, 2024

“Cair assim sabe tão bem, sabe tão bem…”

 

De volta ao trail “Caminhos do diabo”.

 

Se bem se recordam, este trail é conhecido por ter muita lama e muitas moscas também que se entranham na pele e mordem sem dó nem piedade. Quanto mais lama, mais moscas.

 

Quando eu e a minha guia fomos levantar os dorsais, uma ternurenta gatinha branca como a neve, com um rabo muito curto e uns intensos olhos azuis implorava aos participantes que alguém a levasse. A pequena gatinha era muito   dócil e estava á vontade perante a multidão. Pedia mesmo que a levassem para casa.

 

Havia duas senhoras que estavam a pensar levá-la. Ainda bem!

 

Começou o trail. Pelo caminho encontrei uma prima minha que não via há muito tempo. A febre tardia do trail está a conquistar até os mais inusitados adeptos. Conheço algumas pessoas na minha terra que nunca antes tinham feito alguma atividade desportiva e que vão para o trail. É diferente, o contacto com a Natureza e o ar puro são importantes.

 

Dos oito aos oitenta, havia muita gente espalhada pelos caminhos que iam tendo alguma animação. Não faltou o caixão, o abastecimento e o cervejão no final depois de uma subida bem árdua.

 

Desta vez fui com uns sapatos de trail que me impediram de escorregar ainda mais. Claro que aquelas pedras com terra e  lama em cima requeriam cuidados mas, resvalando uma ou outra vez, não houve problemas.


 

 

Havia algumas descidas íngremes. Uma delas até tinha uma corda. Nada que não se fizesse. Tive de subir uma pedra enorme praticamente com as  mãos, tipo escalada. Estava recheada de lama gosmenta, quase se podia esculpir. Com os pés escorregava, teve de ser com as mãos que ficaram literalmente desenhadas nas pedras.

 

Houve imensas quedas, como é habitual num trail. Eu caí uma vez numa descida. Houve uma senhora que ia numa descida bem íngreme, perigosa e escorregadia, pejada de terra e lama. O telemóvel dela tocou com a música “o Preço Certo” de pedro Mafama. Ela atendeu. Era o marido a perguntar se ela já tinha acabado. O resultado foi uma aparatosa queda de costas na lama. Ainda hoje me estou a rir por causa do toque do telemóvel dela e adaptei depois a música: “Cair assim sabe tão bem, sabe tão bem…”

 

Houve ainda um rapaz que vinha atrás de nós com música, fazendo suavizar as agruras do caminho. Quando ele ou o seu amigo iam a passar, uma enorme pedra que se julgava presa ao chão resvalou. Mas uma pedra enorme e pesada. Olha se alguém lhe colocasse mesmo os pés em cima…

 

Os últimos dois ou três quilómetros foram os mais duros de toda a jornada.

 

O importante é que tudo correu bem e saímos de coração cheio e a sensação de dever cumprido. Para o ano, se tudo correr bem, voltaremos.

 

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