Saturday, June 11, 2022

“Um Acordo De Cavalheiros” (impressões pessoais)

 

Como classificar esta obra? É um romance de época? Sim, é. É um romance erótico? Sim, claro. É um romance de espionagem? Pode ser.

 

Ultimamente tenho lido alguns livros que se passam na era vitoriana. Esta época era marcada por grande rigor de etiqueta e de comportamentos, nomeadamente para as mulheres, apesar de a soberana ser uma mulher. Não deixa de ser um contrasenso. Sou da opinião de que a sociedade de hoje ainda tem alguns resquícios desse tempo.

 

Quando eu leio um livro destes, costumo comentar que as mulheres não eram só espartilhadas no vestuário, eram espartilhadas também na alma. Elas não podiam fazer muitas coisas que hoje seria impensável não fazerem, sob pena de se criar polémica. As damas, especialmente, tinham normas e regras muito rígidas e afastarem-se um pouco que fosse delas já era um problema grave. Eu chego a não compreender como é que algo tão simples pode dar logo origem a um escândalo que vale que essa pessoa não entre mais em casa de outras e as pessoas tenham de mudar de passeio, ir a correr fechar as portas de casa para que não as vejam de dentro  e ser uma afronta mencionarem mesmo os nomes delas.

 

Havia aquelas festas de sociedade que eu nem sei se me dão vontade de rir ou se me deixam a pensar como era injusta para as mulheres e para alguns homens que não eram primeiros filhos. Não percebo como é que se arranjavam casamentos porque podiam dar status social e serem uma segurança para o resto da vida, nomeadamente para as mulheres que ficavam sem saída. Daí terem muito cuidado com as   aparências para arranjarem os melhores pretendentes.

 

Ao longo destas leituras fiquei a conhecer coisas tão estranhas como uma dama não comer tudo o que lhe deitam no prato por parecer mal, não se poder rir alto se ouve algo engraçado, não poder falar de política ou de outras coisas aparentemente difíceis para o frágil cérebro feminino, também não podiam ler os jornais ou ouvir falar de pobreza ou de doença…

 

No entanto…havia Dot. Ela era uma dama e, apesar de todas estas regras castradoras da mulher vitoriana, ela comportava-se como uma mulher de hoje no que respeita ao sexo. Ela vive uma relação tórrida e proibida com Tristan. Então uma dama de alta sociedade não se coloca em cima de uma mesa. Nua ou vestida. E se Lord não sei das quantas vem a descobrir. A temporada de eventos sociais já fica arruinada. Tudo porque o tiozinho pode morrer e as donzelas têm de casar rápido. Nada de levantar ondas.

 

Depois de Anne perry retratar bem esta época e as contradições nos comportamentos da sociedade vitoriana, surge pouco tempo depois este livro na minha lista de leitura.

 

Se há romances que entretêm o leitor, este é um deles.

 

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