Wednesday, June 29, 2022

Por metade de uma broa pequena

 

Ninguém me atendia e eu desesperava.

 

Sonhei que tinha ido a uma caminhada. Havia uma estrada por cima do sítio onde estávamos a caminhar com um acesso somente feito por umac orda que tínhamos de trepar segurando em cada um dos lados.

 

Para não cairmos, tínhamos de agarrar com toda a força ao que restava da estrada que ameaçava ruir também. Vejam só a minha situação. Sem ver e a sujeitar-me a este tipo de coisas que só acontecem em sonho.

 

Quando me disseram que para ir buscar pão ou broa tinha de subir a essa frágil corda e que me tinha de agarrar á ponta da estrada, nem queria acreditar e ninguém se disponibilizou para ir buscar metade de uma pequena broa a uma padaria que havia do outro lado dessa estranha rua.

 

Lá tive eu de me içar  para a estrada e ali ficar pendurada a balançar perigosamente, tendo o vazio á minha espera.

 

As outras pessoas também estavam assim penduradas mas rapidamente eram atendidas e mais rapidamente desciam.

 

No entanto, eu via atenderem toda a gente e eu a ficar para trás. Tinha as mãos cansadas e dormentes de segurar a estrada. Sentia a sedimentação nas minhas mãos. E se a rocha  se desprendesse?

 

Eu já chorava á medida que o cansaço se apoderava de mim. Estava quase a anoitecer e eu ainda ali pendurada. Estava mesmo desesperada.

 

Por fimo alguém sugeriu que eu descesse antes que ficasse mais escuro e que eu ficasse mais cansada de estar ali naquele equilíbrio precário.

 

Tinha também medo de descer. Aliado ao cansaço e á escuridão, seria uma mistura explosiva. O abismo lá em baixo ameaçava receber-me de braços abertos.

 

Quando cheguei á estrada em baixo, suspirei de alívio. Nada me tinha acontecido. Ia secando as lágrimas.

 

Por fim, alguém me trouxe metade de uma pequena broa. Eu tinha pedido metade porque julgava que erambroas grandes.  Lá tive eu de me contentar com esta parca refeição.

 

A jornada onírica também chegou ao fim.

 

No comments: