Muito se falou em gato morto no caminho da nossa viagem de regresso de um treino em Lisboa.
Foi por isso que um sonho recorrente que não tinha há muito decidiu dar sinais de vida.
Sonhei que um gato amarelo tinha sido atropelado na estrada de casa dos meus pais. A minha mãe apanhou-o do outro lado da berma com muitos lamentos e afirmou que ele tinha a cabeça desfeita. Eu só lhe vi as costas e lamentei ter saído à rua naquele momento. Preferia ter a recordação do gato em vida.
Entretanto a minha mãe tinha ido fazer alguma coisa. Quando regressou, o gato não estava no mesmo sítio. A minha mãe ficou intrigada. O gato não tinha hipótese alguma de fugir. Estava morto e bem morto.
A minha mãe resolveu procura-lo. Alguém o tinha levado dali. Estava na vinha do outro lado da estrada. Certamente era impossível ele ter-se deslocado sozinho. Podia ainda estar com uns laivos de vida. Gatos houveram no passado que, mesmo com a cabeça desfeita, ainda se deslocaram para o terraço. Certamente foi isso que aconteceu.
O gato estava imóvel. Morto de verdade, como disse a minha vizinha uma vez sobre um gato que tinha sido atropelado e que também ninguém o viu esticado na estrada.
Quando a minha mãe o achou, voltou a trazê-lo para baixo. Desta vez não iria fugir.
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