Wednesday, June 16, 2021

Quando nos damos conta da finitude da vida

 

O jogo decorria sem grandes sobressaltos. Era a festa do euro no seu auge e nada fazia prever que fossem outras as emoções vividas um pouco por todo o Mundo.

 

Quando Christian Eriksen recebeu um passe de um colega, imediatamente caiu no chão. As descrições que me foram chegando em tudo faziam lembrar o que aconteceu com Miklos Feher em Guimarães em 2004.

 

Desta vez, tendo eu uma  perceção diferente das coisas, imediatamente me arrepiei. Era mais do que aquela emoção que se sente numa situação destas. No meu íntimo, pressentia que o jogador dinamarquês já tinha deixado o mundo dos vivos.

 

De facto, nessa altura, segundo vieram os médicos confirmar, ele esteve mesmo morto. O pronto socorro das equipas médicas conseguiu trazer Eriksen de volta ao mundo dos vivos.

 

É nestas alturas que pensamos na fragilidade humana, na finitude da vida, em como num instante estamos bem, para no outro já cá nem estarmos.

 

Confesso que já tive mais medo da morte do que agora mas não deixa de ser inquietante o quão não estamos preparados para encarar um fenómeno que, afinal de contas, faz parte da vida.

 

Quando nos deparamos com uma situação destas, sentimo-nos pequenos, impotentes, frágeis. Os desígnios da vida tudo podem e subjugam-nos aos seus preceitos.

 

É nestas alturas que refletimos no que estamos a fazer, como ocupamos as nossas vidas, se vale a pena tanta correria, tanto tormento. Ao fim e ao cabo, tudo se pode esvair num abrir e fechar de olhos. Numa simples receção de uma bola. Um ténue momento, uma escassa linha separa a vida da morte e nada podemos fazer quanto a isso.

 

Há que aproveitar a vida, viver cada dia como se fosse o nosso último. Nunca se sabe quando a Velha Ceifeira nos espera á esquina e quando menos esperamos. Eriksen fintou-a, foi a jogada mais importante da sua vida.

 

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