Quando aconteceu uma situação destas pela primeira vez há
uns meses, eu achei estranho, pois nunca me tinha acontecido e nem alguma vez
ouvi contar a alguém. E acreditem que nós, deficientes visuais, contamos muitas
das tropelias que nos acontecem na rua aos nossos amigos.
Esta história aconteceu na mesmíssima paragem onde aconteceu
a anterior.
Tal como da outra vez, saí pela porta traseira do autocarro
e tive de passar para a frente do veículo para prosseguir até casa. O caminho
era em frente.
Ia a passar junto da paragem quando uma senhora me abordou e
proferiu a pergunta que dá título a esta história.
Mais uma vez sorri e disse que de dentro do autocarro vinha
eu e que me deslocava para o meu humilde domicílio.
Tal como da outra vez em que isto aconteceu, eu depreendi
que estes estranhos episódios acontecem porque com a pandemia, os lugares da
frente dos autocarros onde nos normalmente nos sentávamos estão vedados ao
publico. Temos de ir mais para trás e já fica mais perto sairmos pela porta
traseira.
Ora as pessoas habituaram-se anos a fio a nos verem sair
pela porta da frente. Quando não reparam que saímos por trás, as pessoas,
quando passamos pela porta da frente dos veículos já cá fora, agarram-nos pelo
braço e encaminham-nos para a porta da frente do autocarro que nos acabava de
deixar ali.
As pessoas que protagonizam estes episódios nunca são as
mesmas.”
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