Ex.ma Presidente da Direção Geral da Saúde, dra. Graça Freitas,
Venho por este meio manifestar o meu profundo
descontentamento com as normas emitidas há poucos dias para a retoma das
modalidades ditas amadoras.
Sei que as normas desagradam a muita gente mas nós, ligados
de uma forma ou de outra ao desporto adaptado e ao desporto de pessoas
portadoras de deficiência ainda estamos mais agastados por um órgão do estado
pura e simplesmente se esquecer de nós.
Os cidadãos portadores de deficiência já carregam o fardo de
todos os dias enfrentarem as agruras de um mundo que não está pensado para
satisfazer as suas necessidades especiais. O Estado, que nos devia proteger e
proporcionar uma vivência plena dos nossos direitos de cidadania, por vezes é o
primeiro a negligenciar esses direitos e necessidades.
Quando surge algo de novo, como é o caso destas
contingências da pandemia, são criadas normas de exceção que voltam a cavar um
duro golpe nos direitos que fomos adquirindo na nossa condição de seres humanos
como os outros mas que temos de ter algumas condições especiais para exercermos
os nossos direitos e deveres enquanto cidadãos.
Ao longo de décadas, os atletas portadores de deficiência
lutaram muito e ainda continuam a lutar por simplesmente usufruírem do direito
á prática desportiva que ainda se encontra aquém do desejável num país que
pertence á União Europeia e apregoa ser um país civilizado.
Ao adotar estas normas de exceção perante a pandemia de
covid 19, o desporto praticado por cidadãos portadores de deficiência foi
tristemente esquecido. Atletas que tanto trabalham para participar em competições
internacionais que tantas medalhas têm dado ao nosso país ou aqueles que
simplesmente veem no Desporto uma forma de se sentirem vivos e capazes só se
podem sentir desiludidos com uma instituição do Estado que devia zelar pela
Saúde de todos.
Sendo o Desporto um dos principais veículos para um corpo e
uma mente saudável, especialmente para quem tem uma deficiência, tal benefício
é ainda maior. Particularmente para a deficiência visual que é o meu caso, a
prática desportiva é mesmo fundamental para a autonomia motora e espacial.
Nós, que vemos mais uma vez um documento oficial do Estado a
nos ignorar, não baixaremos os braços. As nossas vozes serão ouvidas até
ensurdecer os nossos governantes.
Queremos ter pleno direito á atividade desportiva e, por
conseguinte, a uma vida saudável e autónoma.
Cordiais cumprimentos:
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