Esta coisa de viver no campo tem os seus contratempos. A
vizinhança selvagem com que se tem de conviver deixa muito a desejar.
Tenho pena deste episódio não ter acontecido no passado fim
de semana quando eu fui visitar os meus pais. Ia ser um filme e tanto! Filmaria
o acontecimento e este seria viral, com tantas visualizações, que daria para eu
me sustentar por um ano ou mais, digo eu.
Que pena isso não ter acontecido! Paciência.
O meu pai tinha ido ao aniversário do meu primo e, como
sempre, deixou a janela da sala que dá para o quintal aberta. Só que nesse dia
iria entrar em casa uma visita muito especial…e iria dar música à minha mãe
que, naturalmente, não achou o mínimo de piada a tão improvisada serenata feita
ao contrário. Quem cantava encontrava-se da parte de cima da janela.
Eu sempre disse que a gata Adie era boa para guardar a porta
e desta vez não desiludiu. Rosnando e bufando, alertou a minha mãe para a
intrusão que se estava a verificar. Rosnando e bufando, teve do outro lado
resposta á altura. A criatura castanha e branca rastejante também respondeu
bufando, o que irritou profundamente a gata que até à data pensava que a única
criatura no Mundo com capacidade de emitir tal som era ela.
Quando a minha mãe se abeirou do parapeito da janela, a
cobra esticou a cabeça. Era enorme. Lá para as bandas de casa dos meus pais
existem répteis desse calibre. Este era mais um exemplar.
O mais curioso foi a minha mãe afirmar que a cobra…cantou
para ela. Era uma melodia silvante e muito pouco agradável. Como eu gostava de
ter ouvido! Nem sabia que as cobras cantavam.
A certa altura, a cobra rebolou para debaixo dos móveis da
sala. A minha mãe tinha medo de entrar na sala. A solução foi chamar reforços.
Munidos de paus e enxadas, o meu pai, o meu primo e o meu vizinho acabaram por
capturar a cobra que cantava junto ao móvel da televisão. Com a ajuda de umas
tenazes, o réptil castanho foi capturado e morto.
Não houve mais música para ninguém!
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