Thursday, May 25, 2017

Aventuras no Desconhecido






Antes de mais, siga a banda sonora desta caminhada!


Esta sim, é uma caminhada memorável. Para toda a gente que nela participou. Uma grande história!

O cenário é algures entre Soure e Condeixa, perto da Ega. Onde? Não sabemos. O problema era mesmo esse, para além de ser o trilho mais sinuoso e mais difícil que eu já fiz na vida. Góis? Foi difícil mas pelo menos fazia parte do percurso inicial da caminhada. Para se ter uma ideia, embrenhámo-nos pela floresta e por um caminho que não tinha sido reconhecido antes. Felizmente correu tudo bem e é com bastante piada e um sorriso a aflorar-me na cara que narro as aventuras que ali vivi juntamente com alguns dos meus companheiros.

A certa altura da caminhada, começaram alguns colegas a dizer que havia uma descida que estava no percurso que era muito perigosa e muito íngreme. Muita gente começou a dizer que se recusava a ir por lá mas houve quem arriscasse. Então qual era a alternativa? Havia um outro caminho em sentido contrário que ninguém reconheceu como alternativa. Se fõssemos por lá, sujeitávamo-nos ao que aparecesse e foi isso que aconteceu.

Aquilo é que era um trilho. A certa altura, ficou tão duro que toda a gente já mostrava alguma apreensão. Havia um colega nosso que levava a coisa mais na desportiva e parecia até divertido ao ver a cara de horror que por vezes fazíamos. O pior de estarmos ali, pelo menos no meu caso, era a incerteza. Onde é que aquilo ia dar. Ninguém sabia. Para desanuviar o ambiente, sempre fomos gracejando e imaginando notícias na televisão sobre uns caminheiros que se enfiaram selva adentro e se perderam. Ainda eram bastantes. Depois quem nos vinha tirar dali e como? E se aquilo nunca mais acabasse e fosse noite e nós ali? Eu pensei nisso. Houve quem dissesse que aquilo ia dar à parte de trás do Choupal.

A rastejar, a gatinhar, a tatear troncos de árvores onde toda a gente se agarrava, procurando não cair. A certa altura, tive de subir um penhasco tão alto, agarrei-me a um tronco que cedeu e resvalei por ali abaixo. Quase fiquei sem camisola.

O melhor foi quando alguém se agarrou também a um tronco de uma árvore para se equilibrar...e assanhou as formigas que logo vieram enraivecidas nos picar. Ficámos cobertos delas. Tivemos que aguentar que elas nos picassem, pois não havia margem de manobra para as sacudir.

À medida que o tempo ia passando e permanecíamos ali, eu ia ficando nervosa. Era a incerteza a dar cabo de mim. Também lá ia a minha colega que não vê mesmo nada. Os nossos colegas foram incansáveis na ajuda que nos prestaram, apesar de o caminho também ser complicado para eles.

Fazia as descidas a rastejar pelo chão. Era a maneira mais segura que tinha para o fazer. Acabei a caminhada coberta de terra, toda arranhada e com as calças rasgadas. Superei as agruras daquele trilho. Uma ponta de orgulho e até mesmo de felicidade invadiu-me depois de ter saído dali. Era a adrenalina a fazer efeito. Sentia-me capaz de enfrentar todas as dificuldades e obstáculos que aparecessem.

Ah, a certa altura, começámos a ouvir transito. Foi uma alegria! Era sinal que havia saída dali para fora. Mas...demorámos uma eternidade a chegar ao alcatrão. Ainda tivemos de descer...e descer...e descer...Agora eu já estava nervosa por demorarmos tanto a chegar à estrada.

Quando coloquei os pés no alcatrão, não sei explicar o que senti. É muito difícil. A melhor forma de o exprimir é ter a sensação de ter estado no mundo selvagem durante bastante tempo.

No final correu tudo bem. Talvez esta aventura vivida em conjunto tenha servido para unir e fortalecer o espírito de grupo.

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