Tuesday, October 23, 2012

Reencontros

Este é um sonho que se tem vindo a repetir ao longo dos anos mas, infelizmente, por mais que se repita, sei que é impossível de se realizar.

Sonhei que havia um evento desportivo em Coimbra para atletas deficientes visuais de todo o Mundo. Eu já não era atleta mas fui até lá na esperança de ver os meus amigos. Estava a ficar tarde. Tinha de ir trabalhar mas também não queria perder a oportunidade de ver e voltar a abraçar pessoas que me diziam muito, com quem fui bastante feliz e que perdi para sempre. De forma irremediável.

Estava a ficar tarde. Tinha de ir trabalhar. Que importava isso? Eu sabia que os amigos que perdi ali estavam e havia que os reencontrar.Se perdesse essa oportunidade, seguramente que não teria outra.

Já anoitecia quando encontrei ali mesmo na rua o rapaz que nunca mais vi desde Agosto de 2001. Parecia que o tempo não tinha passado. Envergava o mesmo fato de treino que usava no dia em que o conheci. Era incrível. Até o abordei da mesma maneira e tudo. A diferença? A diferença é que já o podia abraçar efusivamente. Naturalmente que na primeira vez que o encontrei não fiz isso.

Senti uma enorme felicidade. Sentia-me completa, uma sensação agradável que é impossível de explicar por palavras. Por mais que eu tente explicar o que senti naquele momento, ficará muito por dizer ou por exprimir. É algo que é tão complexo, que prefiro apenas experimentar a agradável sensação que me provoca.

Mais adiante encontrei outros amigos que havia deixado também. Senti-me a regressar ao meu glorioso passado, ao tempo em que encontrar os meus amigos depois de longo tempo sem os ver era a razão de eu treinar e trabalhar arduamente toos os dias. Não era por dinheiro que andava no Desporto. Aqui não ganhávamos nada…ou ganhávamos muito. Disse eu aos meus colegas, apontando para o meu saco que abarrotava de recordações que trouxe e objectos trocados com os meus amigos, que levava ali as minhas medalhas. Era verdade. Hoje são as únicas coisas que me restam. Esses objectos e as fotos.

Voltando ao sonho, procurei a Catherine, ela ali estava. Por ela o tempo tinha passado. Estava sentada num muro com o cabelo pintado de escuro. Sentei-me lá e conversei um pouco com ela, como nos velhos tempos. Estava realmente feliz.

Mas por que é que se tem de acordar de sonhos como estes? Para apanhar uma desilusão ao vermos que afinal tudo não passou de um sonho e que nunca mais irei ver os meus amigos que fui obrigada a deixar há muitos anos atrás?

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